sexta-feira, 10 de agosto de 2012

População indígena cresceu 205% em duas décadas, aponta IBGE


Segundo dados reveleados nesta sexta (10) pelo Censo 2010, a  população indígena no Brasil aumentou 205% desde 1991, quando foi feito o primeiro levantamento no modelo atual. No início da última década do século XX, haviam sido censeados 294 mil indígenas e 734 mil no início do novo milênio.
Para chegar ao número total de índios, o IBGE somou aqueles que se autodeclararam indígenas (817,9 mil) com 78,9 mil que vivem em terras indígenas, mas não tinham optado por essa classificação ao responder à pergunta sobre cor ou raça. Para esse grupo, foi feita uma segunda pergunta, indagando se o entrevistado se considerava índio. O objetivo foi evitar distorções.
A responsável pela pesquisa, Nilza Pereira, explicou que a categoria índios foi inventada pela população não índia e, por isso, alguns se confundiram na autodeclaração e não se disseram indígenas em um primeiro momento. “Para o índio, ele é um xavante, um kaiapó, da cor parda, verde e até marrom”, justificou.
Os povos considerados índios isolados, pelas limitações da própria política de contato, com objetivo de preservá-los, não foram entrevistados e não estão contabilizados no Censo 2010. O estudo da população brasileira também revelou que, entre as 305 etnias contabilizadas, há 274 diferentes idiomas, 37,4% índios com mais de 5 anos de idade falam línguas indígenas, apesar de anos de contato com não índios e cerca de 120 mil não falam português.
Outro apontamento da pesquisa é uma mudança no perfil habitacional dos povos originários brasileiros. Enquanto, em 2000 apenas cerca de 52%  dos indígenas residiam em áreas urbanas, em 2010  57,7% dos censeados residiam em áreas indígenas. Hoje, o Brasil é habitado por 516,9 mil índios, distribuídos em 505 diferentes terras reconhecidas pelo governo brasileiro como pertencentes ao povos originários. A existência de 379 mil fora dessas terras indica a necessidade de ampliação e criação de novas terras, mas também aponta para a migração em busca de educação e de renda, segundo especialistas.
Dos 42,3% índios que não estão nas terras originais, 78,7% habitam áreas urbanas. Dentre as regiões do país, a situação é mais comum no Sudeste, onde 84% dos 99,1 mil índios na região estão fora de suas terras, principalmente em São Paulo (93%) e no Rio de Janeiro (97%). Outros estados como Goiás (96%), Sergipe (94%) e Ceará (86%) também têm percentuais elevados.
No Sudeste também há casos de índios que deixam suas terras por falta de espaço. Pressionados devido ao pequeno território, os guaranis, do sul fluminense, se desmembraram em aldeias menores. Parte foi para um antigo sítio indígena em Niterói e os demais permanecem próximos às terras Guarani Araponga, Guarani de Bracuí e Parati Mirim, somando 2,8% dos índios no estado.
Para o professor de antropologia da Universidade de Campinas (Unicamp), José Maurício Arruti, a migração econômica é uma das explicações para a quantidade de índios fora das aldeias reconhecidas, mas não o único fator. “Tem a ver também com o estabelecimento de núcleos antigos de migração (nas cidades) e com problemas territoriais na origem, que expulsam, principalmente novas gerações”, afirmou.
Outra razão que pode explicar o aumento de índios fora da área original é um fenômeno chamado etnogênese, quando há “reconstrução das comunidades indígenas” que supostamente teriam desaparecido. Há indícios de que seja o caso da Região Nordeste, onde 54% dos índios vivem fora de suas terras, segundo o professor de antropologia da Unicamp.

Sul21

Com informações da Agência Brasil

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