Para já, não houve provas sobre o uso de armas químicas. A notícia sobre o emprego de substâncias tóxicas foi divulgada em 21 de agosto por canais televisivos árabes. Segundo seus dados, na sequência de um ataque com o eventual emprego dessas armas teriam morrido de 500 a 1.200 pessoas.
Enquanto isso, as autoridades sírias refutaram acusações de as armas terem sido usadas pelas tropas governamentais, tendo qualificado a informação de uma “provocação orquestrada pela oposição armada”.
No Conselho de Segurança da ONU, a Rússia e a China bloquearam a tentativa de atribuir a culpa pelo suposto emprego de armas químicas ao regime de Bashar Assad. Moscou e Pequim exortaram a efetuar “uma investigação minuciosa dos fatos disponíveis por inspetores da ONU”.
O Ministério do Exterior da Rússia voltou a anunciar terem sido falsificadas as informações  tornadas públicas antes. A Rússia, contando com os dados provenientes de suas fontes de informação, deixou claro que o projétil com substâncias químicas foi lançado por milícias da oposição. Moscou faz questão em que seja investigado este incidente, declarou o porta-voz do MRE, Alexander Lukashevich. Mas tal cenário é capaz de enfrentar sérios obstáculos:
“A região em causa se encontra sob o controle das forças oposicionistas. Cabe à Missão da ONU acordar a investigação conjunta com os poderes sírios, ou seja, com a parte anfitriã. Não foi por acaso que o primeiro vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson frisou ser necessário “suspender as hostilidades, pelo menos, durante o período de investigação”.
A maioria de peritos ocidentais duvida que as tropas governamentais tenham empreendido tal passo arrojado, reputa o redator-chefe da revista Defense junto da Escola Superior de Segurança Nacional da França, Richard Labeviere. É bem provável que os rebeldes não tenham outro remédio senão usar armas químicas para cativar a atenção dos círculos sociais:
“É preciso ter muita cautela no exame de circunstâncias do emprego de armas químicas na Síria. O tema vem à tona cada vez que a oposição se enfraquece. Um caso semelhante ocorreu no Iraque. O mesmo acontece agora na Síria. Trata-se, a meu ver, de uma guerra psicológica e de tentativa de induzir em erro e manipular a opinião pública”.
Entretanto, os patrocinadores ocidentais da oposição, sem esperar pelos resultados de investigação, já desencadearam uma campanha pelo emprego da força. Tal enfoque foi assumido pela Turquia, Grã-Bretanha e França. Os insistentes apelos de aplicar um “castigo militar” a Damasco têm vindo, sobretudo, de Paris. Convém notar que a França, liderada outrora por Nicolas Sarkozy, tinha preconizado a iniciativa de proceder aos bombardeamentos da Líbia em 2011.
Em entrevista ao canal televisivo francês BMFTV, o ministro das Relações Exteriores Laurent Fabius disse ter chegado o tempo de “retaliação militar”:
“O que se presume por “ações diretas”? Claro que não pretendemos enviar para lá as nossas tropas terrestres, mas a nossa reação poderá adquirir a forma de “resposta militar”.
O ministro realçou ainda que, se o Conselho de Segurança da ONU “não está em condições de tomar decisões sobre os eventos na Síria, tais decisões serão tomadas de outra maneira”.
O porta-voz da diplomacia russa chamou de estranha tal declaração. Tanto mais que, até hoje, não houve quaisquer provas convincentes sobre o emprego de armas químicas.
“Não vale a pena analisar cenários hipotéticos. Partimos de um princípio, consagrado pela Carta Magna, de que o emprego da força autorizado é possível somente no caso de respectiva decisão do Conselho de Segurança da ONU.”
Até os EUA se mantêm reticentes, sem apontar para a inevitabilidade de uma solução militar. O presidente Barack Obama ordenou recolher e analisar todas as informações sobre o alegado uso de armas químicas nas imediações de Damasco.
Créditos:
VOZ DA RÚSSIA