segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Desde 2008, BNDES emprestou R$ 45,6 bilhões ao setor automotivo

Além dos benefícios da isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), nos últimos anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou os projetos que apresentavam a maior demanda do mercado, que eram as ampliações do parque de produção das montadoras e a aprovação de novas plantas automobilísticas.



As aprovações de financiamentos do BNDES para o setor automotivo somaram R$ 3 bilhões em 2014, até novembro. O valor inclui projetos de ampliações, desenvolvimento de novos produtos e exportação. Desde 2008, empréstimos do banco para o setor somam R$ 45,6 bilhões.

A informação reforça as críticas feitas por lideranças sindicais de que o setor foi um dos mais beneficiados pela economia e, no entanto, não apresentou contrapartidas. Desde terça-feira (6), 13 mil metalúrgicos da Volkswagen iniciaram greve em protesto contra a demissão de 800 trabalhadores.

Agora, com o fim da expansão do setor automobilístico, que vem ocorrendo nos últimos meses, o BNDES dará ênfase aos financiamentos para as montadoras que apostem em projetos de reengenharia, inovação e criação de novos modelos.

A informação é do chefe do Departamento de Indústria Metalmecânica e Mobilidade do BNDES, Haroldo Prates. Segundo ele, os investimentos para implantação de novas fábricas e ampliação da capacidade produtiva continuarão ocorrendo.

Prates afirma ainda que os pedidos de empréstimo das montadoras para renovação da frota de veículos ocorrem com ou sem um cenário de crise. “Se a empresa não modernizar o veículo que está vendendo, o consumidor vai comprar do concorrente”.

Segundo ele, esse tipo de investimento e de financiamento do banco é algo mais perene. Não há relação direta com a demanda, mas mostra grande correlação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços fabricados no país.

Prates afirma ainda que o incentivo a novos projetos não é novidade, já que fazia parte da programação tradicional de financiamentos do banco. “De três em três anos, normalmente, a montadora troca o seu modelo. Esses projetos, as empresas trabalham usualmente conosco na linha de financiamento”, disse.

Crescimento do setor

Prates observou que o setor automotivo brasileiro passou nos últimos dez anos por grande crescimento. Em 2013, o país foi o quarto mercado mundial de automóveis, caindo no ano passado para a quinta posição. “Por conta do grande crescimento do Brasil, várias montadoras entraram com pedidos de expansão, alguns financiados pelo BNDES. Houve um ciclo de expansão de capacidade grande no Brasil”, disse Prates.

O gerente do departamento Bernardo Hauch lembrou que muitos investimentos feitos ao longo dos últimos quatro ou cinco anos visaram a construção de novas fábricas. “A gente percebeu que mesmo com a queda recente (das vendas), nenhum desses investimentos foi paralisado ou descontinuado em função dessa queda de demanda. Na minha visão, é uma aposta no longo prazo”, disse.

Hauch afirma que possa ocorrer um “soluço” nos próximos anos, decorrente de pequenas quedas de demanda, como visto em 2014, a sinalização é positiva em longo prazo. 

Perspectivas

Os investimentos projetados para o setor automotivo entre 2015 e 2018 alcançam R$ 59 bilhões, mostrando estabilidade em relação aos R$ 58 bilhões projetados entre 2010 e 2013. “Não tem quedas substanciais no investimento”, comentou Hauch.

O BNDES considera os investimentos em reengenharia automotiva prioritários dentro da linha de inovação. Em termos de desembolsos, os investimentos do plano de engenharia são os mais relevantes apoiados historicamente pelo banco. Comparando o setor automotivo com outros setores da economia, observa-se que ele tem um perfil grande de inovação. “Em relação à receita, as empresas investem em pesquisa muito mais do que outros setores da economia”, disse Prates.

Hauch completou que a indústria automotiva contribui para o investimento em inovação no país. Levantamento do BNDES apurou que o setor investiu cerca de um quarto do que toda a indústria investiu em inovação nos últimos anos.

O perfil das empresas também se alterou, com expansão do quadro de engenheiros acima do que havia nos últimos cinco anos. A quantidade relativa de engenheiros nos quadros das montadoras subiu de 3%, em 2008, para 4,3%, em 2012, com aumento de 53%, revela o estudo do BNDES. “Mostra uma mudança de perfil”. Com isso, muitas montadoras têm condições de projetar carros globais, com tecnologia nacional, reduzindo a dependência externa.

Prates disse que isso fortalece também a cadeia de fornecedores nacional. “Em vez de trazer um modelo importado, que é feito lá fora, você faz um projeto aqui e ele vai trabalhar em conjunto com fornecedores locais”. Os recursos liberados pelo banco para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e engenharia na indústria automotiva representam cerca de 25% do total desembolsado para inovação no acumulado 2008/2013. Com informações da Agência Brasil.
Créditos: Portal Vermelho

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