domingo, 12 de abril de 2015

Papa classifica de “genocídio” o massacre de arménios em 1915

Na missa deste domingo na basílica de São Pedro, o Papa Francisco classificou como "genocídio" o massacre de que foram alvo 1,5 milhões de arménios, há cem anos, pelo Império Otomano. O sermão do Papa arrisca pôr em causa o diálogo cordial com a Turquia que, depois das declarações do responsável da Igreja Católica decidiu convocar o embaixador do Vaticano.
Assinalando o centenário do início do massacre, em finais de Abril de 1915 (e que se estendeu até 1923), o chefe da Igreja Católica afirmou que a morte de tantos arménios foi o “primeiro genocídio do século XX”. Francisco limitou-se a citar as palavras de um documento assinado em 2001 pelo então Papa João Paulo II, mas a verdade é que o termo pesado ecoou sob as abóbodas da Basílica de São Pedro.

O Papa recordou o “massacre inútil” de há um século e defendeu ser “necessário e até um dever” honrar a memória das vítimas. E avisou que ter “falhas de memória” em relação a episódios como este faz com que o mal continue a “infectar as feridas”. “Esconder ou negar o mal é como deixar que uma ferida continue a sangrar sem tratar dela!”, vincou.

Os responsáveis muçulmanos turcos admitem a morte de muitos arménios cristãos durante os conflitos religiosos que começaram em 1915, mas negam que tenham sido mortos centenas de milhares e que possa ser usado o termo “genocídio”.Também os EUA e outros países aliados da Turquia têm fugido de usar o termo para evitar esfriar as relações com Ancara, parceira estratégica importante à porta do Médio Oriente. Logo em Maio de 1915, França, Rússia e Grã-Bretanha assinaram uma declaração conjunta contra o massacre, considerando um “novo crime contra a humanidade e a civilização”, e defendendo que o então governo turco deveria ser punido.

Entretanto, no sábado, o Papa Francisco publicou a bula Misericordiae Vultus com a qual oficializou o Ano Santo extraordinário, que tem início a 8 de Dezembro e será dedicado à Misericórdia. O pontífice fez a apresentação da bula no átrio da Basílica de São Pedro, na qual entregou uma cópia do documento aos membros da Cúria Romana e aos prelados representantes das dioceses de todo o mundo.
Em seguida, o regente da Casa Pontifícia, o arcebispo Leonardo Sapienza, protonotário apostólico, procedeu à leitura de alguns trechos do texto, convocando oficialmente o "Jubileu da Misericórdia".

Neste documento, composto por 25 pontos, o Papa explica as razões que o levaram a convocar o Jubileu, que terá lugar entre 8 de Dezembro deste ano e 20 de Novembro de 2016, sob o mote "Misericordioso como o Pai". O texto divide-se em três partes: na primeira, Francisco aborda o conceito de "misericórdia"; na segunda, propõe práticas para viver o Jubileu; e, na última, faz uma série de chamamentos contra situações como a pobreza e a corrupção.

Francisco afirmou que a misericórdia não é uma "palavra abstracta", mas é "a principal viga que sustenta a vida da Igreja" e uma "condição" para a salvação das pessoas. Esta é, segundo o Pontífice, uma "fonte de alegria, de serenidade e de paz" e também um "direito fundamental que habita no coração de cada Homem quando olha com olhos sinceros o irmão que está no caminho da vida".

O Jubileu começa com a abertura da Porta Santa, no Vaticano, como um sinal de indulgência, pretendendo o Papa, com a escolha da data do início jubilar, comemorar o cinquentenário da conclusão do Concílio Vaticano II (1962-1965). Um evento ecuménico, disse, que deitou abaixo "os muros que durante muito tempo encerraram a Igreja como cidadela privilegiada", e destacou a necessidade de falar de Deus aos homens "de forma mais compreensível", noticia a agência Efe.

Uma das peculiaridades deste Ano Santo, como se lê na bula, é que não terá lugar apenas em Roma, mas em todas as dioceses do mundo e, portanto, o Papa concedeu a possibilidade de abrir a "Porta Santa" em todas as igrejas e santuários do mundo. Francisco salientou ainda a importância de perdoar, porque "é imperativo de que os cristãos não podem prescindir". Considera o líder católico uma questão de particular importância, "as obras espirituais e corporais de misericórdia".

Quanto às práticas de viver plenamente o Jubileu, o Papa recomenda a realização de uma peregrinação, "estímulo para a conversão", não julgar ou condenar, mas antes perdoar, ou ficar atento a situações precárias no mundo.
Créditos: Publico

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