segunda-feira, 28 de março de 2016

Saída do governo divide principal aliado de Dilma

A crise política do Brasil terá amanhã um dia decisivo quando, em reunião de direção, o PMDB vai votar se continua aliado a Dilma Rousseff e contra o 'impeachment' ou se desembarca do executivo e apoia a destituição da presidente. Maior partido em número de parlamentares no Brasil e confederação de interesses, ideias e pessoas, às vezes antagónicos, o PMDB do vice-presidente Michel Temer, que herdaria a presidência em caso de queda de Dilma, de Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados que é oposição frontal ao governo, e de Renan Calheiros, o presidente do Senado que é contrário ao 'impeachment', está dividido. Como diz um membro do partido, "na vida nada é definitivo, no PMDB menos ainda".

Por causa da indefinição, Temer cancelou uma viagem a Portugal para participar no seminário promovido pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pelo Instituto de Direito Público, que tem Gilmar Mendes, juiz do Supremo Tribunal Federal considerado particularmente hostil ao PT, como coordenador. "Mas o encontro não será um complô contra o governo", afirmou o juiz sobre o evento onde estarão também os senadores do PSDB Aécio Neves e José Serra.

Do lado do PT, a sua cúpula tem passado as últimas semanas agarrada à máquina de calcular, a contabilizar votos na Comissão do Impeachment, com 65 membros, e, depois, entre os 513 parlamentares que constituem a Câmara dos Deputados e que darão, ou não, sequência ao processo, encaminhando-o para o Senado. Neste momento, o governo dá como praticamente perdida a votação na comissão mas tem esperanças em bloquear o 'impeachment' na Câmara, onde, entre os sempre voláteis deputados brasileiros, 219 ainda podem pender para um lado ou para o outro. A favor da destituição estão 152. Contra estão 102. Para o processo seguir para o Senado, são necessários 342 votos (dois terços) pela queda de Dilma.

"Queremos a paz mas estamos preparados para a guerra", disse Rui Falcão, presidente do PT. Em nome da primeira - a paz -, Lula da Silva, que não é ministro da Casa Civil na teoria mas na prática vem agindo como tal, tem mantido negociações com partidos aliados. E até Dilma, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, entrou no leilão de cargos para seduzir indecisos, um expediente muito comum na política brasileira, chamado de "fisiologismo" no país, que a presidente sempre demonstrara abominar.
Créditos: Diário de Notícias

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