sábado, 23 de julho de 2016

Temer suspende Minha Casa Minha Vida, mas libera financiamentos para os mais ricos

A partir da próxima segunda-feira (25), a Caixa Econômica Federal irá financiar imóveis de até R$ 3 milhões, o dobro do limite de financiamento em vigor até agora, de R$ 1,5 milhão. A medida é acessível para apenas o 1% mais rico no Brasil. Os novos limites para imóvel de R$ 3 milhões levam em conta 80% do valor financiado, prazo de amortização de 420 meses, e taxa de juros efetiva de 12% ao ano mais TR.
Como a regra adotada pelos bancos exige que a prestação não comprometa mais de 30% dos rendimentos, é possível calcular que os indivíduos ou casais com rendimento mensal acima de R$ 96,5 mil conseguirão tomar o crédito nas condições limites autorizadas na nova linha, de acordo com cálculo feito pelo Valor Econômico.
A linha de financiamento vigente até o fim desta semana financiava no máximo 70% de imóveis de até R$ 1,5 milhão. A parcela máxima nesse caso chegava a R$ 12,85 mil, com um rendimento mensal familiar acima de R$ 42,8 mil. A mudança tem sido bombardeada pela opinião pública, já que, na contramão, o presidente interino Michel Temer suspendeu novas contratações do programa de moradia Minha Casa, Minha Vida.
Em entrevista ao site Conversa Afiada, a ex-ministra Miriam Belchior, que também presidiu a Caixa, disse que a instituição agora é dos ricos:
"Tenho só a lamentar que um banco público como a Caixa mude a sua orientação e passe a fazer financiamento de um montante tão alto. Imagine o que é um imóvel de R$ 3 milhões, que se localiza, por exemplo, numa cidade como São Paulo. Quantos quartos ou suítes, quantas vagas de garagem. E a gente sabe que 80% do déficit habitacional do país fica na faixa de até três salários mínimos. O recurso sendo usado para imóveis de valor muito mais alto, enquanto que a população que mais precisa fica sem alternativa", afirmou.
Segundo o escritor e colunista Marcelo Rubens Paiva, o novo lema de Michel Temer é "Minha Mansão, Minha". No Twitter, ele disse que a ação de Temer é “questão de classe”.
Créditos: WSCOM

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