sábado, 24 de setembro de 2016

Vacina contra dengue pode piorar os sintomas em alguns casos

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, Universidade Imperial de Londres e da Universidade da Flórida descobriu que a única vacina aprovada para a dengue pode aumentar a incidência de infecções causadas pelo vírus, ao invés de prevenir a doença.
Os pesquisadores alertam que as autoridades de saúde devem ser cuidadosas sobre em quais situações irão utilizar a vacina. Eles analisaram ensaios clínicos de vacinas realizados em 10 países com mais de 30.000 participantes. Usando esses dados, eles desenvolveram modelos matemáticos para entender como a vacina iria afetar as pessoas nos países onde a transmissão da doença é alta, moderada ou baixa.

O vírus da dengue possui quatro variações: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Todos os tipos de dengue causam os mesmo sintomas. Isso gerou diversos desafios para que os cientistas desenvolvessem uma vacina que pudesse valer para as variações.
A vacina foi desenvolvida pela empresa francesa Sanofi Pasteur, é feita com vírus atenuados e é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos de dengue existentes. Além disso, a vacina deve ser tomada em três doses.
Quando uma pessoa é infectada com um determinado tipo de vírus, seu organismo cria anticorpos para que não haja mais a contaminação por esse mesmo vírus, porém o paciente ainda pode ser infectado pelos outros três tipos. Caso ocorra um segundo ou terceiro episódio da dengue, há risco aumentado para formas mais graves da dengue, como a dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue.
Os pesquisadores descobriram que, em lugares onde há alta transmissão de dengue, a vacina pode reduzir a doença e hospitalização de 20% a 30%. Contudo, se a vacina for usada em lugares onde a transmissão do vírus é baixa, pode resultar no aumento da doença.
"Essa é a única vacina disponível até agora para retardar a dengue. Se a vacina for usada corretamente, muitas pessoas poderiam ser poupadas da doença e da hospitalização. Mas devemos ter certeza de só usá-la em lugares onde os nossos dados sugerem que ela vá fazer mais bem do que mal", diz Isabel Rodriguez-Barraquer, MD, PhD, MHS, pesquisadora na Universidade Johns Hopkins Bloomberg e uma das principais autoras do estudo.
A nova pesquisa sugere que a vacina possa funcionar com uma infecção natural, atuando como uma segunda contaminação e agindo de forma silenciosa. Em pessoas que ainda não foram infectadas pela dengue, a vacina faz com que o sistema imunológico passa a reconhecer que uma primeira infecção por dengue ocorreu e, em seguida, quando expostos a dengue em um ambiente natural, o corpo reage como se estivesse recebendo uma segunda infecção que pode ser mais grave.
Os fabricantes reconheceram que sua vacina não é completamente eficaz em pessoas que ainda não tenham tido uma infecção por dengue. Além disso, a vacina não é indicada para uso em crianças com menos de nove anos de idade, porque eles são menos propensos a terem sido expostos a dengue.
Com base nestas constatações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a vacina seja usada somente em áreas de alta contaminação da doença. "Devemos ter cuidado sobre onde e como usar esta vacina, pois ainda não há certeza sobre o seu impacto", comenta Derek AT Cummings, PhD, professor de biologia da Universidade da Flórida e professor adjunto na Universidade Johns Hopkins Bloomberg.
"Ter uma vacina é um avanço significativo para o controle da dengue. No entanto, ela é um excelente exemplo para que os cientistas pensem antes nos riscos e benefícios", completa Isabel Rodriguez-Barraquer. Os pesquisadores acreditam que um exame de sangue possa identificar as pessoas que já foram infectadas antes e isso seria fundamental para que elas pudessem futuramente tomar a vacina.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da doença.
Créditos: Minha Vida

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