sexta-feira, 2 de agosto de 2013

General brasileiro prepara ação inédita de tropas da ONU no Congo

O general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz

O general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz está usando tropas da ONU para isolar uma das principais cidades do leste da República Democrática do Congo e defendê-la de grupos armados.
O brasileiro foi escolhido recentemente pela ONU para combater os mais de 50 grupos armados que atuam no leste do país.
Santos Cruz chefia uma tropa internacional de 20 mil homens, a maioria de países da África e Ásia, além de uma brigada especial elaborada para lutar contra os rebeldes. A unidade foi criada a partir de um mandato sem precedentes na história das missões de paz. Ele autoriza os capacetes azuis a lançar missões de ataque com armas pesadas e usar todos os meios necessários para neutralizar os grupos armados do país.
"O mandato é bem claro nas prioridades: a proteção de civis, a proteção do pessoal da ONU, isso é fundamental, e nós vamos utilizar no limite todos os recursos, todos os meios, toda a força disponível para responder a qualquer agressão que se tenha aos civis, à população ou às Nações Unidas", disse o general à BBC Brasil. "A nossa tolerância é zero, vamos utilizar nossos recursos no limite, sem dúvida nenhuma."
Até agora, não há tropas brasileiras integrando a missão.
Uma das maiores tarefas de Santos Cruz hoje é defender Goma, um dos principais focos de conflito no país, contra os rebeldes do M23. Para isso, ele instalou um cinturão de trincheiras e fortificações nas montanhas que circundam a cidade.
Os militares que fazem guarda nessas posições têm ordem para disparar caso grupos armados se aproximem.
O M23 é formado por ex-militares treinados que desertaram das Forças Armadas levando grande quantidade de armamento pesado. Eles fazem oposição ao governo e teriam recebido financiamento de Ruanda, segundo relatórios da ONU.
Quilômetros ao norte da cidade, rebeldes e tropas do governo se enfrentam em uma forte campanha militar iniciada no último dia 14. Enquando a luta não atinge populações civis ou estruturas da ONU, os capacetes azuis apenas observam o conflito à distância.
Créditos:BBC Brasil

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

“Pobre estudar medicina é afronta para a elite”, diz médico formado em Cuba


Estudo do Ministério da Educação (MEC) aponta que 88% dos matriculados em universidades públicas de medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio. Para Andréia Campigotto, médica brasileira formada em Cuba, as universidades brasileiras precisam formar médicos com "um novo perfil, realmente voltados para atender o povo, para se fixar nos locais de difícil acesso, não só nos grandes centros como hoje."
A elitização do ensino de medicina no Brasil é um obstáculo para jovens de baixa renda entrarem nas universidade e se formarem. Já os problemas nas provas de revalidação do diploma dificultam o exercício da profissão em território nacional pelos brasileiros que conseguiram se formar no exterior.

“Quem estuda medicina no nosso país são os filhos das elites, em sua maioria. É uma afronta para a elite um negro, um pobre, um trabalhador rural, filho de Sem Terra estudar medicina na faculdade, principalmente pelo status conferido por essa profissão”, afirma Augusto César, médico brasileiro formado em Cuba e militante do MST.

Estudo do Ministério da Educação (MEC) aponta que 88% dos matriculados em universidades públicas de medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio. Os programas do governo de acesso à universidade, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), ampliaram o acesso, mas ainda não conseguiram universalizar e democratizar a educação.

“A maioria das pessoas que entram na universidade pública para cursar medicina tem dinheiro para fazer um bom cursinho ou estudou o tempo todo numa escola particular. Claro que há exceções, mas o ensino de medicina do nosso país é altamente elitizado”, acredita Augusto.

“A maior parte das pessoas que tem acesso às escolas de medicina são de classe média e classe média alta. Um pobre numa universidade particular não consegue se sustentar pelo alto preço das mensalidades. Sem contar que hoje temos mais universidades privadas do que públicas na área da saúde, dificultando ainda mais o acesso”, diz a médica formada em Cuba Andréia Campigotto, que também é militante do MST.

Revalidação

A necessidade dos médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros passarem por uma prova para verificar se estão capacitados a exercer a profissão é um tema frequentemente pautado pela comunidade médica brasileira.

Independentemente do curso, todos os estudantes brasileiros que realizam um curso fora do país precisam passar por uma revalidação do diploma. No entanto, há falhas nesse processo no caso da medicina.

Um dos principais problemas é que não existe um padrão para o conteúdo dessas provas. Cada universidade federal pode abrir sua prova de reconhecimento de títulos no exterior. Com isso, o conteúdo não é uniforme. 

Além disso, o custo dessas avaliações é alto. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cobra uma taxa de inscrição de R$1.172,20. Outras universidades pelo país têm preços similares.

Preconceito

“As provas são injustas, porque têm um nível de médicos especialistas, e não de 'generalistas', que é o que somos após nos graduar. Isso causa uma desaprovação considerável dos estudantes que vem de fora”, acredita Andréia.

“O que a categoria médica não divulga é que 50% dos estudantes da USP reprovaram na prova feita pelo Conselho de Medicina de São Paulo. Foi uma prova para médico generalista, muito mais fácil que a de revalidação”, revela.

Para Andréia, há um “grande preconceito” por parte dos profissionais brasileiros em relação aos médicos formados em outros países, o que cria um entrave para a revalidação dos diplomas.

“Seria justo se os profissionais que se formam no Brasil fizessem as mesmas provas que nós, para ver se realmente se comprova uma suposta má formação de nossa parte, bem como discursa a categoria médica brasileira”, observa.

Os dois médicos defendem a realização de uma avaliação dos conhecimentos dos profissionais graduados no exterior, mas destacam que as provas atuais não cumprem esse papel, porque não são aplicados testes adequados para auferir o conhecimento.

“As provas teóricas e práticas atuais não levam em conta as complexidades. Seria muito melhor colocar esse médico para trabalhar sob um tutor e, a partir daí, se instaurar uma avaliação rigorosa e permanente. Mas isso não tem sido pensado”, pontua Augusto.

Formação

A concepção de medicina ensinada nas universidades impede também que os estudantes vejam a luta pela saúde além do tratamento de doenças.

“Nas universidades de medicina, só se vê doença. Não se fala em saúde. Como você pode lutar pela saúde se só vê doenças? Também é saúde lutar pelo direito à cidade e por um sistema público de saúde de qualidade”, destaca Augusto.

De acordo com o militante, a concepção de saúde deve ultrapassar uma formação técnica. “O médico deve exercer a medicina a favor da construção de um país mais saudável, sem esperar que as pessoas ou uma comunidade adoeça para depois intervir sobre ela, pois é o modo de vida que vivemos que gera as doenças do país”, defende.

Andréia quer se tornar professora de medicina para colaborar para a mudança da forma de ensinar das universidades. Ela se classificou na primeira fase do concurso para lecionar na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Segundo ela, o campo da educação deve ser ocupado por aqueles que querem democratizar a educação. “Precisamos formar profissionais com um novo perfil, realmente voltados para atender o povo, para se fixar nos locais de difícil acesso, não só nos grandes centros como hoje. É um campo interessante de atuação”.

Créditos: Carta Maior

Taxa de desemprego recua em junho


A taxa de desemprego recuou em junho, passando de 11,2% em maio para 10,9% da População Economicamente Ativa (PEA) no conjunto das sete regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada hoje (31), estima o contingente de desempregados em 2,4 milhões de pessoas.
Houve diminuição em Belo Horizonte, com taxa atingindo 6,7% em junho ante 7,4% no mês anterior. Também foi registrado decréscimo em Salvador (de 19,7% para 19,1%) e no Recife (12,9% para 12,5%). Já nas demais regiões, Distrito Federal, Fortaleza, Porto Alegre e São Paulo houve estabilidade.
O nível de ocupação teve aumento de 0,4%, com um saldo de 71 mil vagas, número acima da quantidade de pessoas que passaram a disputar os postos de trabalho (22 mil). Além disso, 48 mil pessoas desistiram de concorrer no mercado de trabalho.
A indústria de transformação foi o setor que mais contratou no período, com uma ampliação de 0,9% no nível de emprego e 24 mil admissões. Já no comércio, houve aumento de 0,6% e saldo de 21 mil empregos. Na construção, as ofertas atingiram 5 mil postos de trabalho, acréscimo de 0,3% em relação a maio. No setor de serviços, com a mesma taxa de variação (0,3%), ocorreram mais 31 mil vagas.
Tanto o rendimento médio dos ocupados como o dos assalariados tiveram um crescimento em maio de 0,7%, passando de R$ 1.608 para R$ 1.655.
Assim como o Dieese e a Fundação Seade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga levantamento mensal sobre o desemprego no país. No entanto, as taxas apresentadas nas duas pesquisas costumam ser diferentes devido aos conceitos e metodologias usados.
Entre as diferenças está o conjunto de regiões pesquisadas. A PED, feita pelo Dieese e pela Fundação Seade, não engloba o número de desempregados da região metropolitana do Rio de Janeiro. Na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, não estão incluídas as regiões de Fortaleza e do Distrito Federal.
Créditos: Agência Brasil

Depressão pode ter relação com o trabalho

Sentir-se incapaz de suprir as demandas é principal causa

 Entre as doenças relacionadas ao trabalho, grande ênfase sempre foi dada às doenças osteomusculares, como as síndromes LER/DORT, ou aquelas relacionada à intoxicação, por chumbo ou asbesto, por exemplo. Só recentemente é que a depressão e a ansiedade vêm sendo encaradas também como importantes doenças relacionadas ao trabalho. Condições adversas de trabalho podem influenciar fortemente o quadro depressivo. Mas a via é de mão dupla. A depressão, por sua vez, é uma das maiores causas de incapacidade no mundo. Um estudo de projeção da Organização Mundial de Saúde prevê que a depressão será a segunda maior causa de incapacidade até o ano de 2020. (1)

Depressão é uma doença médica e, como tal, sempre há algum grau de predisposição biológica para o seu desenvolvimento. No entanto, diversos são os fatores ambientais que podem colaborar para que uma pessoa desenvolva depressão. Quais desses fatores estariam relacionados ao trabalho? Um estudo chinês avaliou inúmeros fatores em 4847 trabalhadores de 13 empresas. O principal fator no ambiente de trabalho que se relacionava à depressão era estar desempenhando uma tarefa para o qual a pessoa não se sentia preparada ou capaz de atender à demanda. Curiosamente, 80% dos trabalhadores consideraram o trabalho estressante e exigente, mas somente aqueles que não se julgavam capazes estavam em risco de ter depressão. (2) Esses achados foram semelhantes a estudos ocidentais.
Jornadas longas de trabalho, condições adversas ou percepção de uma má chefia obviamente são fatores importantes para o bem estar e desempenho. No entanto esses fatores parecem não ser os mais importantes quando se fala de saúde psíquica. Manter um espaço de tempo para se capacitar, reciclar e exigir treinamento adequado são atitudes muito úteis, tanto para o trabalhador quanto para o empregador. Organizar bem sua agenda profissional é fundamental, assumindo compromissos com prazos possíveis. Uma dica é manter algum intervalo de tempo entre os compromissos, para o caso de algum imprevisto. Como exemplo, lembre-se das vezes que você mais se estressou ao enfrentar o trânsito. Invariavelmente você estava atrasado para algum compromisso.
A psicoterapia pode ajudar a absorver melhor o estresse e lidar com as adversidades no trabalho. Caso os sintomas depressivos durem mais do que duas semanas, a ajuda psiquiátrica pode ser necessária.
Outro fator importante é a chamada resiliência pessoal, que é a capacidade, inata ou aprendida, de suportar e superar as pressões e situações adversas do dia-a-dia. Esse é um fator pessoal, que vai depender das características psíquicas e comportamentais de cada um. As pessoas são diferentes biologicamente, psicologicamente e quanto à educação e história de vida. É natural que alguns tenham um repertório melhor que outros para lidar com as adversidades e suportar o estresse. Não existe (ou é muito raro) um trabalho sem exigência por desempenho e algum grau de cobrança. Temos que aprender a lidar com isso. Por vezes é difícil perceber por conta própria que o grau de sofrimento com o trabalho é exagerado, sendo fruto da falta de mecanismos para lidar e absorver parte desse estresse. Observar o modo com que seus colegas lidam com as adversidades do trabalho pode ajudá-lo em sua autoanálise. Conversar com colegas mais experientes pode ser útil para adquirir repertório para lidar com situações estressantes. Caso a dificuldade persista, um trabalho psicoterápico poderá ser útil para autoconhecimento, desenvolvimento de resiliência e habilidades para isolar o estresse.
Entre os cargos de trabalho, aqueles em maior risco são os da "linha de frente", em maior contato com o público. Agentes de venda, gerentes de balcão ou funcionários de registro, tiveram maior risco de desenvolver depressão no estudo chinês. Entre os principais sintomas estão a tristeza, falta de prazer, desânimo, falta de iniciativa e de energia, dificuldade de concentração, alterações do sono e do apetite. Se os sintomas persistirem por mais de duas semanas, na maior parte dos dias, é preciso procurar ajuda psiquiátrica. Retardar a busca por tratamento pode acabar por prejudicar seu desempenho em diversas áreas da vida, principalmente no próprio trabalho.

Por fim, até mesmo voltar ao trabalho após as férias em geral demanda um período de readaptação. Há pessoas que se sentem estimuladas ao voltar à rotina após o recesso, no entanto a maioria das pessoas apresenta alguma dificuldade. Um estudo que avaliou 540 trabalhadores de São Paulo e Porto Alegre revelou que em torno de 23% das pessoas apresentam até mesmo sintomas depressivos quando voltam ao trabalho. Fracionar as férias pode ser uma alternativa. Outra estratégia é procurar retornar paulatinamente à rotina de horários quando as férias estão terminando.
Referências
1-Alternative projections of mortality and disability by cause 1990-2020: Global Burden of Disease Study The Lancet, Volume 349, Issue 9064, Pages 1498-1504 Christopher JL Murray, Alan D Lopez
2-Depression in Employees in Privately Owned Enterprises in China: Is It Related to Work Environment and Work Ability? Jing Sun, Nicholas Buys and Xinchao Wang. Int. J. Environ. Res. Public Health 2013, 10, 1152-1167;
Minha Vida
Fernando Fernandes - Psiquiatria
Créditos: WSCOM

Os caminhos para um acordo de paz entre Israel e palestinos

Jerusalém: um dos principais alvos da disputa | Foto: AFP

Enquanto israelenses e palestinos se preparam para a primeira tentativa de um acordo de paz em quase três anos, sob liderança dos Estados Unidos, a BBC relaciona os principais pontos de divergência - ou convergência - entre as três partes envolvidas no processo.
As conversas foram retomadas nesta semana com os Estados Unidos como mediadores. O secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta terça-feira que a meta é chegar a um acordo final em um prazo de nove meses e que "todas as questões" que dividem israelenses e palestinos serão debatidas.
"Todas estarão na mesa, com um simples objetivo: uma visão para pôr fim ao conflito", declarou Kerry, afirmando que as duas partes estão comprometidas com "negociações sustentadas, contínuas e substanciais a respeito das questões centrais" em debate.
Segundo o governo americano, novas negociações serão realizadas nas próximas duas semanas, em Israel ou nos territórios palestinos, e os lados envolvidos concordaram em manter os detalhes em segredo.
Leia abaixo, um resumo dos principais pontos de disputa para a negociaçãop de um acordo de paz.

Jerusalém

Israel
O governo israelense não está disposto a dividir Jerusalém, local definido por Israel para ser o centro político e religioso da população judia. Essa definição está na Lei Básica Israelense, de 1980, que estabelece que "Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel". No passado, existia algum espaço para manobra para uma possível divisão de áreas nas fronteiras. Em tentativas de diálogo em 2000 e 2007, o governo israelense à época propôs a troca de alguns distritos mais afastados do centro de Jerusalém.
Palestinos
Os palestinos querem o leste de Jerusalém como capital do Estado da Palestina - a área era ocupada pela Jordânia antes de ser retomada pelos israelenses em 1967.
O leste de Jerusalém, também conhecido como "cidade velha", é considerado o terceiro lugar mais sagrado do Islã, local onde está a mesquita de al-Aqsa e a Cúpula da Rocha (ou Domo da Rocha), de onde, acreditam os palestinos, Maomé teria visitado o céu em seu cavalo alado Burak.
Estados Unidos
Os Estados Unidos não reconhecem a anexação feita por Israel do leste de Jerusalém e mantêm sua embaixada em Tel Aviv. O presidente Barack Obama se opôs ao plano de construir casas para israelenses no leste de Jerusalém. Ele chegou a dizer, antes de se tornar presidente, que a tarefa de dividir a cidade seria uma "muito difícil de executar".
Leia mais em: BBC Brasil

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Apesar de alto IDHM, Brasília sofre com a desigualdade de renda


Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostrou dados positivos do Distrito Federal (DF) e sua capital, Brasília. O DF ostenta os melhores índices de renda, longevidade e educação, recebendo a classificação de “muito alto” no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre as unidades da Federação. Mas o sucesso do DF não se repete quando a questão é a distribuição de renda. Brasília, quando comparada a outras capitais, é a quarta colocada no quesito má distribuição de renda. Conforme o estudo, 67,20% de toda a renda da capital federal estão concentrados em apenas 20% da população. É a quarta pior distribuição de renda do país, ficando atrás apenas do Recife (PE), de Salvador (BA) e Maceió (AL). A professora de antropologia da Universidade de Brasília (UnB), Lia Zanotta, atribui o problema à grande quantidade de empregos públicos na cidade.
“A desigualdade é bastante grande. É uma população que vive das atividades de funcionários públicos, que recebem relativamente bem, e há os empresários, que também têm uma renda alta. Mas também tem uma classe popular que vive, em grande parte, nas cidades periféricas, com uma renda bastante baixa”. De acordo com ela, as atividades comerciais e industriais ainda não abrem vagas de emprego que atendam plenamente à demanda da população. Por outro lado, um maior incentivo a esses setores da sociedade ajudaria a nivelar a renda entre a população.
Na avaliação da professora, uma das saídas possíveis seria o investimento em pequenos empreendedores e o desenvolvimento de um “cinturão verde”, em áreas no Entorno de Brasília que teriam condições de produzir com alta tecnologia, como orgânicos, por exemplo. O presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Júlio Miragaya, também entende que o setor privado não acompanha a quantidade de empregos públicos e a qualidade dos salários dessa fatia de mercado.
“Essa concentração é histórica, e vem se acentuando. Como o trabalhador do setor público tem um rendimento médio mais de quatro vezes superior à média encontrada no setor privado, essa disparidade em termos de renda é mais acentuada em Brasília”. Miragaya, que também é conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), explicou que o governo tem procurado saídas para corrigir essa distorção. “O governo está preocupado com essa diversificação da estrutura produtiva. Temos realizado estudos, identificando segmentos que podem ser incrementados, como no setor industrial e de tecnologia da informação”.
Crédito: Agência Brasi
Fotos passagensaereasmega.com.br agensaereasmega.com.br

Ex-ministro ligado a esquema de corrupção é escolhido para coordenar campanha de Aécio

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Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações de FHC, está associado a esquema com Marcos Valério

O candidato ao Palácio do Planalto em 2014 Aécio Neves (MG), apesar de eleito para o Senado, tem ocupado o seu tempo longe de Brasília. Na semana passada, ele definiu quem será o coordenador de sua campanha em Minas Gerais. O escolhido foi Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações de Fernando Henrique Cardoso, que também coordenou a campanha à Presidência até o primeiro turno de José Serra em 2002, ano em que o tucano foi derrotado por Lula.
A linha de ataque a ser adotada por Veiga, o indicado do PSDB ao governo de Minas, a pedido de Aécio é mais uma vez aquele velho assunto: explorar o envolvimento do PT no caso do chamado “mensalão” para tentar desgastar a candidatura à reeleição da presidenta Dilma e a provável candidatura do ministro Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas.
Ao que tudo indica, Aécio está sofrendo de sério problema de memória: em 1997 ele fez projeto de decreto para convocar plebiscito, mas foi contra em 2013. Fernando Henrique defendeu a proposta de Constituinte restrita. Aécio apoiou, agora é contra. Aécio esqueceu agora que Marcos Valério e sua agência de propaganda SMPB conseguiram contratos com os Correios (empresa subordinada ao Ministério das Comunicações) durante a gestão de Pimenta Veiga de 1999 a 2002.
Os primeiros contratos dos Correios com as empresas de publicidade de Marcos Valério foram firmados com o Ministério das Comunicações, segundo relatórios da Polícia Federal, a partir do ano 2000. No entanto, desde 1998, Valério presta serviços ao tucanato. A Polícia Federal rastreou quatro depósitos feitos pelas empresas SMPB e DNA Propaganda à conta de Pimenta da Veiga, totalizando R$ 300 mil. Além disso, durante CPMI dos Correios instaurada em 2005 foi encontrado um contrato de empréstimo de R$ 152 mil no BMG no qual Veiga figura como devedor a Valério.
A operação considerada suspeita entre a estatal, a agência de publicidade de Valério e Veiga acabou indo parar no relatório da investigação. Em depoimento, os empresários Dennis Giacometti e Iran Castelo Branco, donos da empresa Giacometti, contaram que mais de 70% do lucro de R$ 9,7 milhões que eles obtiveram com o contrato com os Correios foram depositados em uma conta de Valério no Banco Rural. Ainda segundo investigação, a  conta de Valério no Banco Rural é a mesma que abasteceu o “valerioduto”.
Na CPMI, apareceu também um pagamento de R$ 150 mil, em 2003, das empresas de Marcos Valério para Pimenta da Veiga.  Mas acabou em pizza quando o ex-ministro afirmou que se tratava de "consultoria jurídica".
Relatório da Polícia Federal aponta o esquema em Minas, de 1998, quando o atual deputado Eduardo Azeredo era governador, como seu principal beneficiário. Segundo a investigação, pelo menos R$ 5,17 milhões, em valores da época, saíram de estatais mineiras para o esquema de arrecadação paralela de recursos da campanha de Azeredo, por meio da SMPB.
Os desvios ocorreram por meio de cotas de patrocínio de eventos e publicidade fictícia. Aécio é citado em uma lista como beneficiário de R$ 110 mil na campanha de 1998, quando foi candidato a deputado federal.
A  ligação de Pimenta da Veiga  com personagens do esquema de corrupção nos Correios, cujas investigações desembocaram no escândalo do mensalão tucano de Minas, promete ir a julgamento no inicio de 2014, segundo afirmação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Para quem tem telhado de vidro é melhor pensar duas vezes antes de acusar adversários com historia  que levam    digitais tucanas.
Créditos: Rede Brasil Atual