terça-feira, 25 de abril de 2017

Número de trabalhadores rurais assassinados em 2016 é o maior dos últimos 13 anos

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 A chacina de nove trabalhadores rurais ocorrida no último dia 20, na área rural de Colniza (a 1.065 quilômetros da capital, Cuiabá), no Mato Grosso, aconteceu apenas um dia depois da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ter divulgado o relatório "Conflitos no Campo - Brasil 2016".
Segundo o estudo, 61 pessoas foram mortas em conflitos no campo no ano de 2016, o que equivale a uma média de cinco assassinatos por mês – número inferior, nos últimos 25 anos, apenas a 2003, quando foram registrados 73 assassinatos. Das 61 vítimas, 13 eram indígenas, quatro quilombolas, seis mulheres e 17 jovens de 15 a 29 anos. Essa é a 32ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro.
Os trabalhadores rurais assassinados em Colniza, todos homens e adultos, foram mortos por disparos de armas de fogo e golpes de facas dados por indivíduos encapuzados, segundo a Polícia Civil de Mato Grosso.
“Diante dos últimos acontecimentos no Brasil percebemos que os mecanismos de justiça, de garantia dos direitos e segurança, em quase todas as chacinas, massacres e assassinatos nos conflitos agrários, não são levados a tempo. O que sobra são as injustiças e o sangue dos trabalhadores que jorram a mando ou pelas próprias mãos dos latifundiários e dos barões do agronegócio”, declarou, em nota, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O MST definiu a chacina como uma “tragédia anunciada” e ressaltou que a região onde se localiza a cidade é uma das mais violentas do Mato Grosso. “Colniza hoje chora a morte e o desaparecimento dessas pessoas abandonadas pelo Estado, como há dois anos choraram a morte de Josias Paulino de Castro e Irani da Silva Castro – dirigentes camponeses do município, assassinados dois dias após denunciar ameaças para o ouvidor nacional do Incra. Mato Grosso chora por saber que há outras mortes anunciadas e que nada esta sendo encaminhado no sentido de impedir essas novas tragédias. 
O Brasil chora pela repetição desses ocorridos, que marcam o mês de abril. Tragédias como Eldorado dos Carajás que dia 17 completou 21 anos de impunidade, e que deixa a sensação de que trabalhadores podem ser assassinados que nada acontecerá aos mandantes. Assim como tantas outras mortes, não divulgadas”, afirmou o movimento.
A ex-presidenta Dilma Rousseff  também se manifestou na manhã desta segunda-feira (24) sobre a chacina dos trabalhadores rurais cobrando ações que garantam a justiça no campo. “Frente à bárbara chacina na Gleba Taquaruçu do Norte, no Mato Grosso, expresso minha solidariedade às famílias das nove vítimas, trabalhadores rurais. São necessárias ações concretas de governo para realizar a justiça no campo, uma prioridade que defendemos e implementamos em nosso governo. A sociedade brasileira exige a punição dos responsáveis, diretos e mandantes”, escreveu em sua conta do Facebook. Foto: Amazônia Org.
Créditos: Rede Brasil Atual

Lucro dos bancos deve voltar a subir no trimestre

Depois de quatro trimestres consecutivos de queda, o resultado dos grandes bancos brasileiros deve começar a reagir. O lucro combinado de Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander atingirá R$ 14,9 bilhões nos primeiros três meses deste ano, alta de 21% em relação ao mesmo período de 2016, de acordo com a projeção média de analistas.

A recuperação tem relação com a melhora, ainda que tímida, dos indicadores da economia, mas também com a base de comparação. Os três primeiros meses do ano passado foram o "fundo do poço" para os bancos, que precisaram digerir perdas bilionárias com o calote da fornecedora de sondas do pré-sal Sete Brasil.
A expectativa é que os resultados também sinalizem o fim do ciclo de alta da inadimplência, que não para de crescer desde 2015. "Por outro lado, não esperamos uma recuperação na carteira de crédito, em razão tanto da demanda fraca como do apetite de risco limitado dos bancos", escrevem os analistas do Goldman Sachs, em relatório.
Apesar das condições ainda desfavoráveis, os balanços já devem mostrar alguns sinais positivos. O HSBC prevê um ligeiro crescimento dos empréstimos de 2% para o Santander ante o trimestre anterior, impulsionado pela retomada do consumo e do financiamento das pequenas e médias empresas, e de 1% para Bradesco e Itaú, neste último sendo liderado pela expansão em segmento de baixo risco, como a carteira imobiliária e de consignado. O único que ainda deve não mostrar uma expansão da carteira de crédito é o Banco do Brasil.
A temporada de divulgação de resultados começa amanhã, com o Santander Brasil. O banco foi o único entre os grandes a ter aumento no lucro no ano passado. Mesmo assim ainda apresenta um retorno bem inferior aos principais concorrentes privados.
Para o Credit Suisse, a expectativa é que essa diferença diminua. "Acreditamos que o mercado está subestimando o impacto positivo da estratégia do banco sob a nova gestão, que ficará claro já em 2017", afirmam os analistas, que elevaram recentemente a recomendação das ações do Santander para "outperform" - equivalente à compra.
O Deutsche Bank vê uma melhora da margem financeira e da qualidade dos ativos do banco espanhol no país, com as baixas para perdas já tendo sido provisionadas. "O crescimento dos empréstimos deve permanecer moderado, mas pode aumentar ligeiramente e crescer acima dos pares", apontam os analistas do banco em relatório.
A maior recuperação nos resultados do primeiro trimestre deve vir do Banco do Brasil. O lucro da instituição deve dobrar em relação ao primeiro trimestre do ano passado, para R$ 2,6 bilhões, de acordo com a média das estimativas. Apesar da melhora, em termos anualizados o lucro do BB continuará abaixo da expectativa para 2017 como um todo, segundo os analistas do Itaú BBA.
O BB deve continuar sendo beneficiado pelo crescimento do resultado de intermediação financeira acima do setor. Os analistas do Santander esperam um crescimento de 5% dessa variável no período. O banco vem implementando um processo de recomposição dos juros nos empréstimos concedidos dentro do programa Bom Pra Todos, durante o governo Dilma Rousseff, que tinham taxas inferiores às de mercado. Com isso, o banco deve liderar a melhora da taxa de retorno sobre o capital, que deve passar de 8,1% para 11,8%, ainda abaixo da taxa apresentada pelos grandes bancos.
O Itaú é o que está à frente em termos de melhora da qualidade da carteira de crédito segundo os analistas. Os analistas do Santander preveem uma redução de 0,1 ponto percentual no índice de inadimplência do maior banco privado brasileiro no trimestre, de 3,4% para 3,3%. "Acreditamos que o banco deve continuar a apresentar melhora na qualidade dos ativos, especialmente nos segmentos de pessoas físicas e pequenas e médias empresas", apontam em relatório.
Como o mercado avaliou que o banco foi bastante conservador na provisão para perdas no ano passado, apresentando um índice de cobertura de 222% em dezembro, os analistas do Santander esperam uma queda de 24% na despesa com provisão do Itaú neste trimestre em relação ao quarto trimestre do ano passado.
Já o Bradesco ainda deve registrar alguma alta na inadimplência, segundo os analistas. "Acreditamos que uma pequena alta no índice pode ser uma boa notícia para o banco", afirma o Itaú BBA. Pelas projeções do Deustche Bank, o índice de atrasos na carteira do Bradesco deve ter uma alta de 5,5% para 5,6% entre dezembro de 2016 e março deste ano. "A qualidade dos ativos deve ficar amplamente sob controle, embora a inadimplência possa aumentar em empréstimos corporativos específicos que já foram provisionados", apontam os analistas.
Um dos destaques do balanço do Bradesco deve ser as receitas de prestação de serviços, que devem apresentar uma alta de 15,1% em relação aos três primeiros meses do ano passado, nas contas do Goldman Sachs. Desde o terceiro trimestre, os números do banco incorporam os do HSBC Brasil.
Outro ponto que deve ser acompanhado de perto nos resultados dos bancos é a carteira de crédito de grandes empresas. As instituições registraram perdas bilionárias no ano passado com a baixa ("impairment") de créditos concedidos na forma de títulos de dívida, como debêntures.
Apesar de não esperarem um aumento significativo do impairment por parte dos bancos nesse primeiro trimestre, os analistas do Santander ainda veem o anúncio da recuperação judicial de uma grande empresa - provavelmente a operadora de telefonia Oi - impactar negativamente o índice de inadimplência do Banco do Brasil. "Contudo, não temos expectativas de um efeito significativo sobre as despesas de provisão e, com isso, cremos que o mercado pode ter uma reação neutra, uma vez que esse item permaneceu no balanço do banco desde o segundo trimestre de 2016."
O aumento da provisão para perdas com o anúncio do pedido de recuperação judicial da incorporadora PDG Realty, em fevereiro, deve começar a aparecer no balanço dos bancos neste primeiro trimestre. Embora já viessem fazendo provisão para perdas nesse caso específico, os bancos devem aumentar as despesas para cobrir eventuais perdas em créditos concedidos à incorporadora. A empresa tinha R$ 7,8 bilhões em dívida, sendo pelo menos R$ 3,339 bilhões em créditos bancários, parte deles na forma de debêntures e outros títulos.
O impacto da queda da Selic sobre os bancos também será um foco de atenção nos balanços. Mas os números ainda não devem mostrar os efeitos dos juros menores, já que não houve tempo para que os empréstimos concedidos com as taxas mais altas fossem renovados. "Não esperamos muita pressão nas margens fora das típicas questões sazonais", afirmam os analistas do Goldman Sachs. Fonte: Valor Econômico.
Créditos: WSCOM

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Papa compara centros de refugiados a campos de concentração

O papa Francisco descreveu,  alguns centros de refugiados da Europa como “campos de concentração”, ao prestar homenagem a uma cristã desconhecida assassinada por sua fé, diante do marido, que é muçulmano.
“Esses campos de refugiados… Muitos deles são campos de concentração, (…) abandonados aos povos generosos que os acolhem, que têm de passar esse peso para frente porque os acordos internacionais parecem ser mais importantes do que os Direitos Humanos”, afirmou Francisco, em uma cerimônia em memória dos mártires modernos do Cristianismo.

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Saindo do roteiro que tinha preparado e se mostrando emocionado enquanto falava, o pontífice argentino disse querer que a vítima fosse lembrada com outros mártires na basílica de São Bartolomeu, em Roma.
Francisco contou que conheceu o marido da falecida e seus três filhos em uma visita a um acampamento de refugiados na ilha grega de Lesbos no ano passado.
“Não sei se esse homem ainda está em Lesbos, ou se conseguiu ir para outra parte. Não se se foi capaz de fugir desse campo de concentração”, lamentou o papa.
“Ele me disse: ‘Padre, eu sou muçulmano, mas minha esposa era cristã. Os terroristas vieram para o nosso país (…) viram o crucifixo e nos pediram que o jogássemos no chão’”, relatou Francisco.
“Minha mulher não fez isso, e eles a degolaram na minha frente. Nós nos amávamos muito”, completou o papa, citando o homem.
Francisco não revelou sua nacionalidade, mas a maioria dos migrantes de Lesbos na época de sua visita havia fugido do conflito sírio. Francisco voltou para Roma junto com três famílias desse país, para começarem uma nova vida na capital italiana.
Neste sábado, o papa se reuniu com outros refugiados que haviam chegado à Europa legalmente com a ajuda da Comunidade de Santo Egídio.
O sumo pontífice lembrou ser necessário que a generosidade para com os imigrantes demonstrada pela população de Lesbos e das ilhas italianas da Sicília e Lampedusa se propague pela Europa. (AFP).
Créditos: Aleteia

Fim das Farmácias Populares preocupa famílias de baixa renda

A partir de maio, o Ministério da Saúde fechará as portas das 393 farmácias próprias em todo Brasil. A decisão do governo de Michel Temer, anunciada no início de abril, tem preocupado às famílias que dependem desses medicamentos fornecidos de forma gratuita ou com até 90% de desconto.

No bairro carioca de Quintino, na zona norte do Rio, a operadora de caixa, Jaqueline Vieira se uniu aos vizinhos para realizar um abaixo-assinado e tentar impedir o fim desse benefício, implementado pelo governo Lula em 2004. “Pedimos a todas as pessoas para assinar e contribuir com essa campanha, mesmo aquelas que não dependem de remédio, porque a gente nunca sabe o dia de amanhã”, afirma Jaqueline. Ela diz ainda que acompanha de perto o drama de quem depende do programa para sobreviver. 

“Aqui no nosso bairro tem muitas pessoas carentes que não têm condições de comprar remédios caros. Minha vizinha tem uma criança que é deficiente física e depende dos medicamentos que ela retira na Farmácia Popular do governo. E já tem alguns medicamentos que estão em falta em muitos lugares”, explica.

O programa Farmácia Popular funciona de duas formas. Uma delas é quando o governo financia remédios da rede privada de farmácias. O paciente vai com a receita em qualquer farmácia que participa do convênio com o governo federal e recebe um desconto na hora da compra. Nesse caso são 25 remédios na lista do programa.

A outra forma é retirando o medicamento em farmácia própria do programa, que é um estabelecimento público gerenciado diretamente pelo Ministério da Saúde. A diferença é que nessas Farmácias Populares do governo lista soma112 medicamentos. Atualmente, o programa atende cerca de 10 milhões de brasileiro todos os meses, segundo dados do governo federal.

Desse modo, com fim da rede própria do programa Farmácia Popular os pacientes deixarão de receber mais de 100 tipos de remédios. Quem mais sofrerá com o desabastecimento serão as famílias pobres do interior dos estados. “Nas grandes cidades existem mais recursos, onde os governos estaduais e municipais também fornecem alguns dos medicamentos. Mas, no interior é diferente, às vezes a Farmácia Popular é a única opção para conseguir alguns remédios caros de uso contínuo”, explica o médico de família Stephan Sperling, da Rede de Médicos e Médicas Populares. Por Fania Rodrigues / Edição: Juliana Gonçalves.
Créditos: Brasil de Fato

Reforma permite que grávidas e lactantes trabalhem em condições insalubres

A Reforma Trabalhista em discussão na Câmara dos Deputados pode retirar direitos de mulheres grávidas e que estão amamentando. Segundo texto proposto pelo relator da reforma, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), elas poderão continuar trabalhando em condições insalubres nesses períodos, ou seja, em condições de barulho, calor, frio ou radiação em excesso. Para isso, de acordo com o relator, a mulher só precisará de um atestado médico. 

Hoje, pela legislação atual, a mulher grávida ou lactante não pode trabalhar nessas condições. Durante os meses de gestação e na amamentação, a trabalhadora deve ser realocada para outra função ou local.

Para Marinho, no entanto, esse direito tem provocado “discriminação tanto no momento da contratação quanto na manutenção do emprego da mulher”. “Essa situação é marcante em setores como o hospitalar, em que todas as atividades são consideradas insalubres, o que já tem provocado reflexos nos setores de enfermagem, por exemplo, com o desestímulo à contratação de mulheres”, afirma o tucano. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) classificou a retirada desse direito como “grotesco”.
A Reforma Trabalhista deve ser votada no plenário da Câmara na próxima quarta-feira (26). Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), o projeto afeta os direitos dos trabalhadores. Uma das medidas criticadas por ele é a regulamentação do chamado trabalho intermitente, que permite que os empregados sejam pagos por período trabalhado.
“No trabalho intermitente, a pessoa é contratada mas não tem uma jornada definida. Ele vai trabalhar de acordo com o interesse do patrão. Um dia ele trabalha duas horas, outro, 10 outro oito”, exemplificou.
Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), a semana deverá ser de confrontos no Plenário. “Não vamos aceitar calados a retirada de direitos dos trabalhadores, a pior de todas desde a aprovação da CLT, em 1942, nas palavras de juízes procuradores do Trabalho.Com informações do UOL e Câmara.
Créditos: Revista Forum

domingo, 23 de abril de 2017

Empresas citadas na Lava Jato demitiram quase 600 mil

A recessão, a queda do preço do petróleo, a redução dos gastos do governo e a Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e agentes do governo, tiveram efeito devastador no emprego. 

Levantamento do ‘Estado’ com dez das maiores empresas citadas na Lava Jato mostra que, somente entre funcionários diretos e terceirizados dessas companhias, o corte de vagas entre o fim de 2013 (antes da deflagração da Lava Jato, em março de 2014) e dezembro de 2016 foi de quase 600 mil pessoas. Analistas apontam que o efeito foi ainda maior, quando se consideram as vagas indiretas.

Empresas do setor de óleo e gás, como a Petrobrás, foram afetadas pela redução da cotação do petróleo, que hoje está próxima de US$ 50. Já as grandes construtoras e incorporadoras tiveram de lidar com o alto endividamento da população, que deixou de comprar imóveis, e com a conclusão - ou interrupção - de projetos de infraestrutura, diante da deterioração das contas do governo.

A conta de 600 mil postos de trabalho fechados mostra um impacto considerável - equivalente a 5% do total de pessoas que entraram na fila do desemprego entre 2013 e 2016, que foi de 11,2 milhões. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de desocupados no País era de 1,1 milhão em dezembro de 2013; no fim de 2016, o número havia crescido para 12,3 milhões.
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Após um período de longa bonança, as companhias envolvidas na Lava Jato vivem momentos de dificuldade e tentam se reestruturar. As construtoras Queiroz Galvão, Engevix, OAS e Mendes Júnior estão entre as que pediram recuperação judicial. A Sete Brasil, empresa criada pela Petrobrás para a construção de sondas de petróleo, está na mesma situação.

Falta de equilíbrio. Os cortes de vagas são impressionantes, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), porque muitos projetos de expansão se basearam em previsões pouco realistas. Pires afirma que, após a descoberta do petróleo do pré-sal, instalou-se um clima de euforia que levou à tomada de decisões de governo - e de negócio - sem sentido econômico.

Pires cita como exemplos a determinação de que a Petrobrás fosse operadora dos campos do pré-sal e a criação da Sete Brasil. “A Petrobrás não tinha condições de fazer o trabalho de exploração sozinha. Essa decisão espantou investimentos estrangeiros que hoje seriam bem-vindos”, frisa o diretor do CBIE. O sinal verde para a construção das sondas do pré-sal, lembra Pires, foi baseada em uma previsão de produção de quase 5 milhões de barris de petróleo por dia até 2020. Em 2013, a projeção foi reduzida a 4,2 milhões; dois anos depois, houve novo corte, para 2,8 milhões de barris diários.

Essa falta de critério, segundo o economista Sérgio Lazzarini, professor do Insper, influenciou o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que acelerou a concessão de empréstimos, e também o Banco do Brasil e a Caixa, que inflaram o crédito mesmo quando a economia já dava sinais de exaustão. “O que essa gastança nos trouxe de benefícios? Acho que esse modelo de desenvolvimento mostrou que é preciso dosar a participação do Estado na economia”, diz Lazzarini.

Os efeitos colaterais da Lava Jato - o desemprego, a revelação de intricados esquemas de corrupção e o abalo à reputação de grandes companhias - levaram, pelo menos momentaneamente, a uma mudança no curso da economia. Hoje, diz o professor do Insper, o lema é a redução de gastos públicos e a abertura de vários setores a investimentos externos, entre eles infraestrutura e companhias aéreas.

A manutenção deste caminho não é garantida, na visão de Lazzarini. Ele acredita que ainda há risco de uma “guinada” populista no País como reação à crise. “Basta ver o que aconteceu nos Estados Unidos, com Donald Trump. Quando se olham os candidatos para a eleição presidencial de 2018, é muito difícil fazer uma previsão para onde vamos.”

Principais cortes. Por seu porte, a Petrobrás fez os maiores cortes em termos absolutos entre as companhias consultadas (leia mais abaixo), mas houve reduções relativamente maiores, como o da Engevix, que diminuiu seu efetivo em 85%. Os dados do quadro ao lado foram repassados pelas próprias empresas.

Algumas empresas esperam uma chance de voltar à ativa. É o caso da Sete Brasil, que chegou a movimentar 15 mil trabalhadores nos estaleiros que contratava para construir suas sondas, segundo fontes. Hoje, a atividade da Sete se resumiria a 20 funcionários. A companhia aguarda a aprovação de seu plano de recuperação no início de maio. Segundo o Estado apurou, a expectativa é contratar até 2 mil trabalhadores para a retomada das sondas. Procurada, a Sete Brasil não quis comentar nem fornecer dados oficiais sobre sua força de trabalho.

Justificativas. Algumas das empresas consultadas destacaram que, além da Lava Jato, outros fatores contribuíram para a redução de seus quadros. A Odebrecht lembrou da crise que abateu o País nos últimos anos e disse estar “comprometida em voltar a crescer e contribuir com as comunidades nos locais onde atua”. A Andrade Gutierrez afirmou que seus dados são afetados por reduções de ritmos de obras ou o encerramento das mesmas - justificativa que também se aplica às demais construtoras. A Promon também afirmou ter sido afetada pela redução dos investimentos em infraestrutura no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Créditos: EM.com

Taxa de suicídio entre jovens sobe 10%

De assunto mantido entre quatro paredes a tema de série na internet, o suicídio de jovens cresce de modo lento, mas constante no Brasil: dados ainda inéditos mostram que, em 12 anos, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 - um aumento de quase 10%.
Os números obtidos com exclusividade pela BBC Brasil são do Mapa da Violência 2017, estudo publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
Um olhar atento diante de uma série histórica mais longa de dados permite ver que o fenômeno não é recente nem isolado sobre o que acontece com a população brasileira. Em 1980, a taxa de suicídios na faixa etária de 15 a 29 anos era de 4,4 por 100 mil habitantes; chegou a 4,1 em 1990 e a 4,5 em 2000. Assim, entre 1980 a 2014, houve um crescimento de 27,2%.
Criador do Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz destaca que o suicídio também cresce no conjunto da população brasileira. A taxa aumentou 60% desde 1980. Em números absolutos, foram 2.898 suicídios de jovens de 15 a 29 anos em 2014, um dado que costuma desaparecer diante da estatística dos homicídios na mesma faixa etária, cerca de 30 mil.
"É como se os suicídios se tornassem invisíveis, por serem um tabu sobre o qual mantemos silêncio. Os homicídios são uma epidemia. Mas os suicídios também merecem atenção porque alertam para um sofrimento imenso, que faz o jovem tirar a própria vida", alerta Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
O sociólogo aponta Estados do Centro-Oeste e Norte em que a taxa de suicídio de jovens é maior, num fenômeno que os especialistas costumam associar aos suicídios entre indígenas: Mato Grosso do Sul (13,6) e Amazonas (11,9).
Na faixa etária de 15 a 29 anos, a taxa de suicídio tem se mantido sempre um pouco acima da verificada na população brasileira como um todo, segundo a publicação "Os Jovens do Brasil", lançada por Waiselfisz em 2014, com um capítulo sobre o tema.
Segundo a publicação, o Brasil ainda apresenta taxas de suicídio relativamente baixas na comparação internacional feita com base em dados compilados pela ONU. Em países como Coreia do Sul e Lituânia, a taxa no conjunto da população supera 30 por 100 mil habitantes; entre jovens, supera 25 por 100 mil habitantes na Rússia, na Bielorússia e no Cazaquistão.
Em números absolutos, porém, o Brasil de dimensões continentais ganha visibilidade nos relatórios: é o oitavo país com maior número de suicídios no mundo, segundo ranking divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2014.  O suicídio na juventude intriga médicos, pais e professores também pelo paradoxo que representa: o sofrimento num período da vida associado a descobertas, alegrias e amizades, não a tristezas e morte.
O tema foi debatido na quinta-feira numa roda de conversa organizada pelo Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming (Casaf), do curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com a presença de estudantes e professores.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o problema é normalmente associado a fatores como depressão, abuso de drogas e álcool, além das chamadas questões interpessoais - violência sexual, abusos, violência doméstica e bullying. A cientista política Dayse Miranda, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção da UERJ, participou do debate e destacou os relatos dos estudantes.
"Fiquei impressionada como os alunos falaram de sofrimento, seja deles, seja a dificuldade para lidar com o sofrimento de outros jovens, além do uso excessivo de medicamentos, que eles naturalizam", afirma.
"Um deles disse considerar impossível um aluno passar pelo terceiro ano de Medicina sem usar remédios para ansiedade e depressão."
A coordenadora-geral do centro acadêmico de Medicina, Elisabeth Amanda Gomes Soares, de 22 anos, aluna do sexto período, diz que a intenção ao promover o evento foi debater a saúde mental do estudante. Segundo ela, o aluno de Medicina muitas vezes acaba se distanciando das questões mais humanas e esquece a vida social e familiar para se dedicar ao curso, sucumbindo às pressões.
"É muita cobrança por competitividade, nota, sucesso, presença... Temos de discutir isso dentro do curso, é um tema ainda pouco falado", afirma.
Dayse Miranda destaca, entre os jovens que cometem suicídio, o grupo que tem de 15 a 24 anos. "É um período que inclui adolescência, problemas amorosos, entrada na faculdade, pressão social pelo sucesso... Depois dos 25 anos, já é um jovem adulto, as preocupações mudam, já são mais relacionadas a emprego", avalia.
"Também alerto não ser possível falar do jovem como um grupo único. Há diferenças entre grupos sociais. O aluno de Medicina é parte de uma elite. Como é em outros grupos? Temos de discutir esse tema seriamente, pois o problema vem crescendo." Fonte: BBC.
Créditos: WSCOM