quarta-feira, 25 de julho de 2012

Organização liderada por Cachoeira tinha proteção da polícia, diz testemunha


Luiz Carlos Pimentel, agente de Polícia Federal que trabalha no setor de Inteligência no Distrito Federal e depõe como testemunha em audiência da Justiça Federal de Goiás sobre a operação Monte Carlo, da PF, afirmou nesta terça-feira (24) que a quadrilha chefiada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, agia sob proteção das polícias de Goiás.
A operação Monte Carlo prendeu Cachoeira no final de fevereiro deste ano, expondo a existência de um esquema ligado a jogos ilegais e que teria influência sobre governos, agentes públicos e privados --principalmente em Goiás.
“Não observamos nenhum outro grupo que tenha tentado abrir jogos nesta região [do entorno do Distrito Federal, em Goiás]. Muitos policiais militares faziam trabalho passando pela região”, disse o agente, sugerindo que policiais acobertavam a ilegalidade.
Pimentel afirmou também que o delegado de Polícia Federal Fernando Bayron, lotado em Goiânia, recebia valores de Carlinhos Cachoeira. “Depois de encontros com Cachoeira ou com seu irmão, o senhor Bayron efetuava o pagamento das prestações de seu apartamento.” As conclusões do agente decorrem de gravações telefônicas e vídeos que mostram a entrega de pacotes, supostamente de dinheiro, aos envolvidos.
"A gente rodava pela região e se assustava com a movimentação das casas de bingo”, completou Pimentel. Segundo ele, o grande número de carros de luxo em uma região muito pobre foi o que despertou a atenção da Polícia Federal. "Eram muitos locais, próximos uns dos outros, e começou a ficar descarada a ação criminosa e o grande número de máquinas caça-níqueis."
A defesa tentou desqualificar a testemunha, alegando que ela teria interesse na acusação. Pimentel respondeu que "por ser o servidor mais antigo do setor, tinha a função de análise e coordenação dos trabalhos do grupo". A defesa contradisse a testemunha por acreditar que ela seja muito próxima da acusação. Pimentel afirmou que não tem interesse na operação. “Sou policial federal e só tenho compromisso com a verdade.”
Como chefe-substituto do serviço de inteligência da Polícia Federal, o depoente coordenava os trabalhos e fazia análise de alguns dos alvos da operação. Pimentel disse que o grupo criminoso controlava a atividade de jogos ilegais, principalmente nas cidades de Águas Lindas e Valparaíso de Goiás.
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