A oposição síria exige que seja criada uma zona de exclusão aérea por cima das fronteiras com a Jordânia e Turquia, declarou aos jornalistas ocidentais o chefe do Conselho Nacional Sírio, Abdel Basset Sayda.
No sábado passado, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, qualificou, durante uma visita a Istambul, o estabelecimento de tal zona como uma das medidas de ajuda à oposição. No ano passado, a declaração desta zona por cima da Líbia permitiu limitar consideravelmente o uso da artilharia e da aviação, subordinadas a Muammar Kadhafi, contra os rebeldes líbios.
A situação é comentada por Ajdar Kurtov, perito do Instituto de Avaliações Estratégicas da Rússia:
“Com certeza, vem à mente uma analogia entre a decisão de estabelecer uma zona de exclusão aérea por cima da Líbia e a proposta feita por americanos em relação à Síria. A decisão sobre a Líbia foi tomada pelo Conselho de Segurança da ONU. Esta entidade não é capaz por enquanto de atuar equilibradamente, mas os Estados Unidos podem optar por uma via mais radical, tentando introduzir a zona de exclusão aérea, iludindo a decisão do Conselho de Segurança.
Sem dúvida, a zona de exclusão aérea irá contribuir apenas para preparar uma agressão terrestre, porque ações militares já são fixadas tanto na fronteira turco-síria do norte, como na sírio-jordana do sul”.
Na véspera, na fronteira sírio-jordana, teve lugar um confronto entre militares dos dois países, em que foram utilizadas veículos blindados. Nada se comunica sobre as vítimas, mas é evidente que o conflito sírio se alastrou para a Jordânia.
O incidente ocorreu nomeadamente na região da fronteira, através da qual sírios fogem para um país vizinho, para escapar à guerra. Testemunhas oculares afirmam que o tiroteio foi começado por militares sírios, quando mais um grupo de refugiados tentava atravessar a fronteira.
A Jordânia ocupa por enquanto uma posição mais moderada no conflito sírio em comparação, por exemplo, com a Turquia vizinha ou alguns países do Golfo Pérsico. É evidente que o pioramento das relações entre Amã e Damasco atingirá em primeiro lugar refugiados sírios e dará um pretexto para o Ocidente, Ancara, Er-Riad e outros partidários do derrubamento de Bashar Assad para endurecer as sanções.
Pelos vistos, o Líbano é o país mais prejudicado em resultado dos acontecimentos dramáticos na Síria. É ligado historicamente à Síria com os laços muito fortes. Citamos as declarações do antigo presidente libanês, Emile Lahoud, feitas à Voz da Rússia:
“A crise na Síria dura de há um ano e meia, mas o Governo continua a manter o poder. A oposição é apoiada com armas e equipamentos sofisticados, tendo do seu lado também meios de comunicação social dos países ocidentais e de alguns Estados árabes, mas tudo está em vão. Muitas pessoas na Síria apoiam o seu presidente. Se o Governo sírio for derrubado e o país for desmembrado, a região e, em primeiro lugar, o Líbano serão dominadas pelo caos”.
A nomeação de um novo representante especial da ONU e da Liga Árabe em vez de Kofi Annan, que irá se demitir, poderia prevenir a escalada futura da crise em torno da Síria. Mas a busca de um sucessor é protelada e não sem a participação das forças no Ocidente, que ainda em tempos de Kofi Annan se manifestaram ativamente pela erradicação deste posto e o fim da missão de observadores da ONU.
O agravamento da guerra civil será inevitável, se estas forças ficarem por cima. Isso, por seu lado, estimulará os partidários da declaração de zonas de exclusão aérea nas fronteiras com a Síria a passarem das palavras para a prática.Voz da Russia.
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