Israel e agrupamentos palestinos não podem por enquanto assinar um armistício. As conversações no Cairo decorrem no pano de fundo de bombardeios de Gaza e de ataques de mísseis do território israelita.
Segunda-feira, segundo comunicaram representantes de serviços médicos da Faixa de Gaza, a operação aérea de Israel já levou à morte de 12 pessoas. Os raids da aviação israelita continuam pelo sexto dia consecutivo em resposta aos lançamentos de mísseis de combatentes do Hamas contra Israel. Desde o início da operação israelense, o número de palestinos mortos superou 80 pessoas. Entre as vítimas mortais há muitas mulheres e crianças. Foram mortos também três israelenses.
As conversações entre um emissário de Israel e agrupamentos palestinos, que decorrem com mediação do Egito, visam acabar com o derramamento de sangue. O Qatar e a Turquia aderiram também ativamente às negociações, coordenando contudo as suas ações com o presidente do Egito, Mohamed Mursi.
O Hamas, em conjunto com outros agrupamentos, exige o fim do bloqueio da Faixa de Gaza, acabar com a incursão do exército israelita e criar zonas de segurança dentro do enclave, assim como pôr fim à prática de eliminação seletiva de seus líderes. Israel, por seu lado, insiste num armistício por um prazo de 15 e mais anos, suspensão imediata do fornecimento de armas à Faixa de Gaza e fim de ataques contra tropas fronteiriças israelitas.
Os peritos russos não são unânimes quanto à realidade das esperanças de alcançar um acordo de armistício. Azhdar Kurtov, perito do Instituto de Avaliações Estratégicas da Rússia, considera:
“Sem dúvida, o armistício é possível. Esta é sempre uma condição preliminar, para que as partes se sentem à mesa de conversações. Não há tal problema nas relações entre Israel e a Palestina que não possa ser resolvido politicamente. Portanto, não excluo a possibilidade de armistício”.
Serguei Demidenko, perito do Instituto de Avaliações e Análise Estratégicas, respondeu assim à pergunta se as partes conseguirem acabar com o conflito militar:
“Não, não conseguirão. Há muitos agrupamentos palestinos, não controlados pelo Hamas, cada um dos quais persegue seus próprios objetivos. O extremismo palestino não se estende apenas ao Hamas. É possível, naturalmente, lançar toda a culpa sobre o Hamas, mas é longe de ser assim. A Faixa de Gaza é cindida, sendo impossível concluir com todos um armistício. Nesta situação é impossível falar de um armistício eficaz”.
As autoridades israelenses já apresentaram um ultimato de 36 horas ao Hamas. Israel irá alargar a operação militar se os lançamentos de mísseis não forem suspensos a partir da Faixa de Gaza, anunciou o ministro das Finanças de Israel, Yuval Steinitz. Ao mesmo tempo, os peritos destacam a declaração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em apoio às ações militares de Israel, que as qualificou de autodefesa necessária:
“Não há nenhum país no mundo que toleraria mísseis jogados contra seus cidadãos do lado de fora de suas fronteiras. Efetuamos um trabalho ativo na região".
Terça-feira, chegará à Faixa de Gaza em visita de solidariedade o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, à frente de uma delegação ministerial. A decisão de enviar a missão foi aprovada em uma reunião extraordinária dos ministros das Relações Exteriores dos países da Liga Árabe no Cairo. Como se espera, nos próximos tempos, a região será visitada também pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
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