Representantes dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entregaram hoje (28) à Secretaria Geral da Presidência da República uma carta reivindicando o assentamento de 90 mil famílias acampadas no país e maior rapidez no processo de reforma agrária.
"Sem desapropriação de terra não tem reforma agrária. O combate ao latifúndio está muito lento e o governo Dilma tem sido um dos piores nos últimos 20 anos", diz o integrante da Coordenação Nacional do MST, Alexandre Conceição.
Além de pressionar o governo federal sobre a reforma agrária, os cerca de 400 integrantes do MST, acampados em Brasília há 83 dias, pediram a investigação sobre as denúncias envolvendo a Vale do Rio Doce.
A empresa é acusada de quebrar o sigilo telefônico e bancário de jornalistas, trabalhadores, ambientalistas e membros de organizações sociais, além de obter acesso irregular a dados do Infoseg (sistema que reúne informações de segurança pública, justiça e fiscalização).
Outra carta, com o pedido formal de investigação sobre a empresa, foi entregue à presidenta da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Ana Rita (PT-ES).
Reforma Agrária
No primeiro ano de governo Dilma, o número de famílias assentadas foi o mais baixo desde 1995: apenas 21,9 mil. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), na sequência vêm 2003, com 36,6 mil assentamentos, e 2010, com 39,5 mil.
A carta encaminhada pelo MST diz que a política de criação de assentamentos está paralisada, o que fez latifundiários "intensificarem sua ofensiva política e ideológica à reforma agrária". Segundo o Censo de 2010, à época existiam 69.233 grandes propriedades improdutivas no país, que totalizam uma extensão de 228 milhões de hectares de terra.
Nessa carta, o MST também ressalta o intenso uso de agrotóxicos no Brasil: "Além disso, o agronegócio lança mão de projetos para flexibilizar a liberação de agrotóxicos e impedir que sejam proibidas as substâncias vetadas na Europa, nos Estados Unidos e em outros países.Mais de um bilhão de litros de venenos são jogados anualmente nas lavouras, de acordo com dados oficiais, que fazem do Brasil o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009."
Vale
Em nota emitida em abril deste ano, a Vale do Rio Doce admitiu monitorar as atividades do MST e do Justiça nos Trilhos, rede de movimentos que cobra "compensação" pelos danos sociais e ambientais causados pela Vale.
Mas justificou que era para "evitar a ocorrência de acidentes as atividades, já que muitas vezes os grupos em questão ameaçam interromper a circulação de trens, impedir o acesso a instalações da empresa."
A empresa diz não ter qualquer pessoa infiltrada nos movimentos e jamais ter feito grampos ou obtido documentos pessoais de funcionário e jornalistas. A Vale do Rio Doce não respondeu à solicitação de entrevista até o fechamento da matéria.
Fonte Rede Brasil Atual
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