De acordo com essa teoria (também chamada de teoria das "ondas longas"), desenvolvida pelo economista soviético Nikolai Kondratiev, a próxima guerra mundial poderá ter início na próxima década, na opinião de Serguei Malkov, membro da Academia das Ciências Militares e Professor da Universidade de Moscou. A pedido da nossa estação de rádio, o professor expôs a sua visão das perspetivas previsíveis que a humanidade irá enfrentar.
De forma extremamente resumida, os ciclos de Kondratiev são períodos de desenvolvimento econômico da civilização moderna com uma duração de quarenta a sessenta anos.
Nikolai Kondratiev delineou um total de seis ciclos que abarcam um período histórico entre os anos de 1803 e 2060. O quarto ciclo decorreu aproximadamente entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a primeira metade dos anos oitenta. Neste momento nós estamos a viver o quinto ciclo que, segundo as previsões de Kondratiev, deverá terminar em 2018. Os adeptos dessa teoria ligam cada ciclo econômico diretamente ao seu nível ou padrão tecnológico. O período atual é caracterizado pelo desenvolvimento das IT, das telecomunicações e da robótica. O ciclo seguinte, o sexto, deverá ficar assinalado por um grande avanço das nano e biotecnologias e das tecnologias da informação e do conhecimento.
Cada ciclo, no entanto, além dos avanços tecnológicos, é acompanhado por crises e guerras. O fim do ciclo atual e a transição para o padrão tecnológico seguinte será acompanhado pelo menos por uma fortíssima instabilidade política, ou mesmo por uma guerra mundial, na opinião do Professor da Universidade de Moscou Serguei Malkov:
"Nós encontramo-nos agora na fase de crise, esta evoluiu para uma depressão e estamos à procura de possíveis saídas desse estado de depressão. Nomeadamente graças às novas tecnologias de ponta que serão os controladores do crescimento. São as chamadas tecnologias NBIC: nano e biotecnologias, tecnologias da informação e ciências cognitivas. Mas este período é muito perigoso porque ainda não se vislumbra uma saída, enquanto já se acumularam as contradições. Nessa altura, normalmente, acontecem as guerras mundiais. Tanto as comerciais, financeiras, econômicas e políticas, como as guerras propriamente ditas. Acontece uma espécie de reordenamento do mundo".
Realmente, se considerarmos a teoria dos ciclos como um modelo a seguir, podemos verificar que, durante os dois últimos séculos, os acontecimentos mais sangrentos da história mundial ocorreram no final de cada uma das chamadas ondas de Kondratiev. A crise já passou e agora estamos a aproximar-nos do ponto fatal. Segundo as previsões dos partidários da teoria de Kondratiev, o momento crítico irá ocorrer nos anos 2016-2017.
É obviamente difícil prever neste momento se irá rebentar uma guerra mundial em grande escala no sentido tradicional. Mas o professor Malkov não tem dúvidas que irão começar as guerras informativa, psicológica, econômica e comercial:
"A anterior, a Terceira Guerra Mundial ocorreu precisamente na fronteira entre o quarto e o quinto ciclos de Kondratiev. Ela teve lugar sem um uso generalizado das armas, mas os resultados estão à vista: o mapa geopolítico mundial foi redesenhado, a URSS, pretendente ao domínio mundial, e os seus aliados, sofreram uma derrota avassaladora e deixaram de existir na sua forma anterior. Na situação atual, o papel de União Soviética pertence ao novo candidato á supremacia mundial que é a China".
No novo ciclo da espiral do desenvolvimento da humanidade, os acontecimentos principais irão se desenvolver à volta da interação entre a China e os EUA. De resto, o conflito em gestação na Península Coreana está perfeitamente de acordo com o modelo de reordenamento do mundo, é a opinião de Serguei Malkov. Neste caso, estas são consequências da política dos EUA que provocam o surgimento de zonas de conflito dentro das fronteiras das zonas dos interesses norte-americanos. Na Região da Ásia-Pacífico, estão presentes, lado a lado, todos os concorrentes "tecnológicos" dos EUA: a Rússia, a China, o Japão e até a Coreia do Sul.
Na opinião de Malkov, neste momento os EUA estão a perder as suas posições por todo o mundo. A instabilidade econômica mundial valoriza o dólar norte-americano e a instabilidade política aumenta a necessidade de os Estados Unidos atuarem como um árbitro internacional. Como os EUA já não conseguem sustentar as suas pretensões à liderança mundial com base no seu poderio econômico, eles irão começar a usar para isso as suas ferramentas políticas, financeiras e mesmo tecnológicas. Os norte-americanos estão simplesmente obrigados a provocar a instabilidade no mundo.
É completamente evidente que, no contexto atual, se trata realmente de uma utopia. Já a realidade é tal que, independentemente da teoria dos ciclos, o reordenamento mundial não é um cenário irrealista.
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