Tudo neste "mapa do caminho" parece estar pensado, verificado e coordenado com o comando do Exército. Idealmente, ele deve ajudar o país a ultrapassar as "doenças" internas. O único problema é que há catastroficamente pouco tempo para seguir o "mapa".
A oposição, representada pela Irmandade Muçulmana, já incentivou abertamente seus partidários à revolta e à libertação do presidente Mursi preso. Além disso, a Irmandade chamou em seu auxílio os grupos islamitas mais radicais da região. De acordo com jornais egípcios e estrangeiros, no Cairo, Alexandria e Sinai já estão operando militantes islâmicos da oriundos Síria, onde há uma filial da Irmandade Muçulmana.
O grupo radical palestino Hamas também condenou o novo governo egípcio. Em geral, tudo indica que o conflito se está internacionalizando e existe uma possibilidade de que o Egito se transforme numa segunda Síria, onde grupos de mercenários estrangeiros combatem o Exército e o governo.
No entanto, nem todas as figuras políticas do país concordam com essas previsões sombrias. O presidente do Partido Nacional Progressista (unionista) do Egito, Said Abd al-Al, disse em entrevista à Voz da Rússia que a Irmandade Muçulmana foi completamente desacreditada. Segundo suas próprias previsões, ao fracasso da Irmandade no Egito se seguirá o fim da sua influência na região em geral. Mas isso vai levar tempo:
"Espero que, depois do fracasso da Irmandade Muçulmana no Egito, se seguirá a derrota do projeto em outros países árabes, inclusive na Síria, Palestina, Iraque, e em todos os outros lugares onde os "irmãos", com o apoio de agências de inteligência ocidentais, conseguiram no passado estabelecer seus postos avançados."
Em geral, o presidente do Instituto russo de Estudos do Oriente Médio, Yevgueni Satanovsky concorda com essa avaliação. No entanto, ele não acha que já se possa falar de uma derrota completa de todos os ramos do movimento no Oriente Médio:
"A derrubada de Mursi foi um forte golpe para a Irmandade Muçulmana nos países da “Primavera Árabe". Isso vai inspirar todas as forças de oposição onde a Irmandade Muçulmana está no poder (e eles estão no poder na Tunísia e em vários outros países da região) a começar uma ofensiva política ativa."
Outros especialistas russos em Oriente Médio dizem que os islamitas radicais no Egito são apoiados principalmente pela Arábia Saudita e pelo Qatar. É um apoio bastante forte, acredita o analista da Escola Superior russa de Economia, Serguei Demidenko:
"O problema é que a derrubada de Mursi ainda não é uma derrota do Islã radical. Ainda não se sabe o que é melhor – a relativamente moderada Irmandade Muçulmana, que há muito tempo se afastou de posições radicais, ou partidos conservadores egípcios como o Al-Nour."
De acordo com a nova Declaração Constitucional, Adly Mansour possui iniciativa legislativa. Ele tem o direito de adotar qualquer lei após consultas com o governo e o exército. Este último parece estar bastante decidido. Unidades do Exército tomaram desde 9 de julho o controle de todos os locais estratégicos no Cairo e em outras partes do país.
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