As reformas democráticas, realizadas pelo secretário-geral do Partido Comunista Alexander Dubcek e seus correligionários, duraram pouco mais de meio ano: de 5 de janeiro a 21 de agosto de 1968, quando as tropas da URSS e seus aliados invadiram a Tchecoslováquia. Durante vários meses, a direção soviética vacilou, sem saber o que fazer com a Praga rebelde – a continuação das reformas iriam ameaçar a coesão do Bloco de Leste. Além disso, o Kremlin temia que o "vírus das reformas" fosse alastrar para fora da Tchecoslováquia e que contaminasse não só as elites da Europa Oriental, mas mesmo a parte mais liberal dos funcionários do Partido na URSS. Já os generais tinham as suas próprias razões para um o uso da força, diz o historiador Alexander Stykalin: ao contrário da Polônia, da Hungria e da República Democrática da Alemanha, a Tchecoslováquia não tinha um contingente de tropas soviéticas estacionado:
"A direção soviética já estava preocupada, há muito tempo, com o fato de a Tchecoslováquia não ter tropas soviéticas e que os mil quilômetros, que constituíam um corredor desde a Alemanha Ocidental até à fronteira soviética, estavam praticamente desprotegidos. Portanto, havia que procurar um pretexto para colmatar essa brecha. Este tipo de considerações já existiam entre os generais soviéticos muito antes dos acontecimentos de 1968. A Primavera de Praga forneceu um pretexto para o fazer."
Hoje, muitos politólogos dizem que a URSS atuou em conformidade com as circunstâncias e que qualquer líder de um grande bloco político-militar teria tomado essa decisão. Contudo, as repercussões negativas para a reputação do Kremlin foram enormes. No esmagamento da Primavera de Praga participaram cinco países do Pacto de Varsóvia, mas a fama de "carrasco da liberdade" ficou com a URSS: um líder responde por todos.
Aos olhos do Ocidente, a Primavera de Praga se tornou numa bandeira do martírio. As forças no poder na República Tcheca pós-soviética utilizaram-na como um capital político que foi investido com sucesso nas “bolsas políticas” do Ocidente. Uma das principais consequências da Primavera de Praga foi a entrada da República Tcheca no clube das principais potências europeias como membro de pleno direito, considera o politólogo Pavel Svyatenkov:
"A República Tcheca conseguiu trocar com sucesso o seu papel nos acontecimentos de 1968 por um bilhete de entrada direta no clube das potências europeias. Hoje, a República Tcheca tem uma voz na Europa e as suas posições são tomadas em consideração. Não existe a imagem de ela ser uma pobre enteada que recebe subsídios da Comissão Europeia."
A voz dos políticos tchecos tem um forte eco a nível internacional. A firmeza do presidente tcheco Václav Klaus obrigou a União Europeia a fazer determinadas concessões a Praga na assinatura do Tratado de Lisboa de 2009, recorda Pavel Svyatenkov. Ao longo da sua história, os tchecos tiveram de viver durante longos períodos sob proteção de formações políticas mais importantes. Eles aprenderam a fazer ouvir sempre a sua voz, evitando sempre entrar em conflitos abertos.
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