segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Imponderabilidade provoca maiores alterações em artérias do cérebro

espaço

São as artérias do encéfalo que experimentam maiores alterações por falta de gravidade. Tal é a conclusão a que chegaram os pesquisadores da Rússia e dos EUA ao analisarem resultados de um importante projeto conjunto, Bion M, concebido para estudar os efeitos da permanência no espaço sobre organismos vivos.



Em abril deste ano, os especialistas russos e americanos enviaram a órbita um "comando" numeroso de ratos, lagartixas, peixes, plantas e micro-organismos. A tripulação pouco comum permanecia em estado de imponderabilidade durante um mês, fazendo com que esse voo se tornasse a viagem mais prolongada de uma "arca de Noé" espacial. Logo a seguir, as experiências prosseguiram em terra, no Instituto de Problemas Médico-Biológicos, sito em Moscou.
"Descobrimos que as artérias do encéfalo são afetadas mais gravemente do que, por exemplo, as artérias femorais", comentou Vladimir Sychev, chefe do projeto científico Bion M, referindo-se aos primeiros resultados das experiências. De acordo com ele, isso aponta que em condições de imponderabilidade muitas funções do cérebro, incluindo as cognitivas, podem sofrer alterações substanciais.
Os bichos "cosmonautas" tiveram um intenso programa de preparação para a missão. Com o monitoramento do peso, medições do tronco "de ponta de antenas a ponta da cauda", treinamentos a fim de os adaptar à microgravidade e inclusive complexos testes psicológicos, para determinar quem convém melhor – fêmeas ou machos – para uma odisseia no espaço. Verificou-se que os machos são mais indicados.
"O balanço hormonal é muito potente em fêmeas e, portanto, é capaz de encobrir muitas alterações. É por isso que os machos são mais interessantes para o estudo que as fêmeas", esclareceu Sychev. No entanto, os machos são muito mais agressivos e respondem de forma mais expressa e violenta a mudanças das condições físicas de vida.
As lagartixas suportaram o voo melhor que todos os demais "tripulantes": os representantes da família dos geconídeos não sofreram baixas. Porém, só 19 dos 45 ratos conseguiram regressar à Terra. Alguns animalzinhos não sobreviveram a forças G após o arranque. Outros morreram em brigas com seus congêneres. Os peixinhos também não sobreviveram: as algas deixaram de sintetizar oxigêneo por causa de uma falha de luz nos aquários.
Na prolongação terrestre das experiências, os bichos permaneciam durante 30 dias expostos à mesma temperatura, umidade e composição do ar que existiam no espaço, mas sem radiação elevada e imponderabilidade. Ao terem comparado o estado dos animais experimentais, incluindo os indicadores de pressão arterial, os cientistas chegaram a uma conclusão de suma importância para os voos espaciais tripulados por seres humanos: a imponderabilidade influi negativamente nas funções do cérebro.
O projeto segue avançando. Durante o próximo semestre serão estudados os vídeos gravados e analisados os dados. Os especialistas do Instituto de Problemas Médico-Biológicos da Academia das Ciências da Rússia examinam os animais "cosmonautas" junto com seus colegas americanos, aplicando métodos de pesquisa mais sofisticados.
"A prioridade do futuro mais próximo consiste em estudar os efeitos do espaço sobre o sistema sanguíneo em geral e, é claro, sobre o coração", concluiu Vladimir Sychev.
Créditos: Voz da Rússia

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