Em relatório entregue no dia 17 de abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade), o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer afirma ter “uma série documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”. “Trata-se de um esquema de corrupção de grandes proporções, porque envolve as maiores empresas multinacionais do ramo ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal”, escreveu.
O ex-diretor apontou nomes de políticos tucanos envolvidos no esquema de corrupção. Esse é o primeiro documento oficial que vem a público que faz referência a propinas pagas a políticos ligados a governos tucanos. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (21), pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O documento faz menção ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), os secretários estaduais José Aníbal (Energia), deputado (PSDB-SP); Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico). Eles estariam envolvidos com a Procint Projetos e Consultoria Internacional, do lobista Athur Teixeira, que segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, é suspeita de intermediar propina a agentes públicos.
Rheinheimer, que foi diretor da divisão de Transportes da Siemens, onde trabalhou por 22 anos, até março de 2007, disse que o secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB), foi um dos recebedores de propina das empresas suspeitas de participar do cartel dos trens de São Paulo.
Segundo Rheinheimer o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), aliado dos tucanos, também seria um dos possíveis beneficiários. De acordo com ele, Aparecido e Jardim “foram mencionados pelo diretor-presidente da Procint, Arthur Teixeira, como sendo os destinatários de parte da comissão paga pelas empresas de sistemas (Alstom, Bombardier, Siemens, CAF, MGE, T’Trans, Temoinsa e Tejofran) à Procint”.
O ex-executivo da Siemens é um dos seis denunciantes que assinaram acordo de leniência com o Cade para entregar o esquema em troca de redução de sua possível condenação.
Até agora, o Ministério Público e a Polícia Federal apontavam suspeitas de corrupção que envolviam apenas ex-diretores de estatais como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
As acusações do ex-diretor da Siemens foram enviadas pelo Cade à Polícia Federal e anexadas ao inquérito que investiga o cartel de trens no Estado de São Paulo e no Distrito Federal.
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