Começou ontem (18) a 12ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que reúne 331 projetos de alunos dos ensinos básico e técnico de todo o país. O evento, que acontece na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), na capital paulista, vai até a próxima quinta-feira (20). Os melhores trabalhos serão premiados com troféus e medalhas. Os estudantes concorrem ainda a nove vagas para representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel, no mês de maio, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Além de distribuir premiações, a feira estabelece mudanças nas relações de ensino, explica a coordenadora da feira, Roseli de Deus Lopes. “Principalmente para você conseguir induzir uma mudança de práticas pedagógicas, porque hoje, quando o aluno sabe fazer boas perguntas, ele não tem limites, vai muito mais longe do que o professor”, destaca.
Todo processo de construção do evento, da seleção até a avaliação, é pensado, segundo Roseli, para que as iniciativas se multipliquem nos diversos pontos de origem. A Febrace recebeu inscrições de 900 municípios. “Algumas cidades que eu nunca ouvi falar”, brinca a coordenadora. “Este é um dos papeis da universidade: fomentar que projetos de verdade sejam feitos na escola para que tenham empoderamento da ciência e da tecnologia”, acrescenta.
Os projetos devem responder a problemas concretos encontrados pelos estudantes. Os jovens devem procurar um orientador, que pode ser um professor ou um aluno universitário, para orientá-los na pesquisa. Após a aprovação do trabalho, o estudante deve então viabilizar os meios para participar do evento, em São Paulo. “Se eu faço um trabalho e quero que ele dê certo, eu não posso me restringir, ficar trancado no laboratório, eu tenho que viabilizar ou me associar a alguém que me ajude a viabilizar”, explica Roseli, que vêr o empreendedorismo também como parte do processo pedagógico.
Ângela de Oliveira desenvolveu seu projeto após o tio de uma colega de escola sofrer um acidente com ácido sulfúrico, em um curtume, uma das principais atividades econômicas de Franca, cidade do interior paulista onde vive. Ele teve quase todo o corpo queimado na ocasião. A jovem descobriu que as peles artificiais disponíveis no mercado, elaboradas a partir de restos de cirurgias plásticas e de redução de estômago custam cerca de R$ 4 mil reais. O valor é inviável para os empregados das indústrias da região.
Surgiu então a ideia de desenvolver uma pele a partir da pele de porco, que naturalmente já é 78% compatível com a humana. A partir de um tratamento químico patenteado, a nova pela se torna totalmente compatível. “Nossas amostras foram enviadas aqui para a USP. Fizeram todas as análises e comprovaram que ela [pele de porco] é compatível mesmo”, enfatiza sobre o produto, que também leva aparas de couro, abundantes nas fábricas de sua cidade, como matéria-prima para extração do colágeno.
Um problema de saúde deixou uma colega de Gabriel Nascimento cega. Ele e mais dois colegas começaram então a pesquisar uma maneira de melhorar a qualidade de vida dela. Viram que um cão-guia poderia ser de grande ajuda. O treinamento do animal, entretanto, tem um custo proibitivo para a maior parte da população, cerca de R$ 25 mil, segundo a pesquisa dos estudantes. “Existem 2 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil, e apenas 60 cães-guia”, ressalta Nascimento.
A saída foi desenvolver um cão-guia robô, que identifica os obstáculos através de sensores de ultrassom e infravermelho, emitindo alertas sonoros para o deficiente visual. O projeto, que está no quarto protótipo, tem recebido contribuições do Instituto Braille, que apoia pessoas com esse tipo de problema. “Nós vamos lá e eles vem aqui, sempre trocando informações para que o robô supra as necessidades. Eles nos ajudam e nós ajudamos eles”, conta sobre a parceria.
Créditos: Agência Brasil
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