Em artigo publicado neste fim de semana, a presidente Dilma Rousseff fala de sua ligação com a seleção brasileira e conta como ela se fortaleceu no momento mais duro de sua vida, quando estava presa pela ditadura militar, durante a Copa de 1970. Leia abaixo:
Em 1970, eu estava na cadeia. Naquela época, havia segmentos que diziam: "Se você torcer pelo Brasil, você estará fortalecendo a ditadura". Isso era uma sandice. Para mim, esse dilema nunca existiu. Eu havia sido presa em 16 de janeiro e, como agora, a Copa começava em junho. Naquela época, muitas pessoas que eram de oposição ao regime militar inicialmente começaram a levantar a questão de que a gente fortaleceria a ditadura se torcesse pela Seleção Brasileira. Eram muitas pessoas, no início. Elas foram diminuindo progressivamente. Até que não sobrou ninguém. Com o decorrer dos jogos, todos, os que estavam na cadeia e os que estavam fora, torceram de forma apaixonada pela Seleção Brasileira.
Vivíamos sob uma ditadura. Não havia direito de manifestação, direito de organização, direito à divergência. Havia tortura, perseguição e repressão. Mas essa nunca foi a questão. Eu e as minhas companheiras de cela nunca tivemos dúvidas e todas torcemos pelo Brasil, porque o futebol está acima da política.
O nosso sentimento pode ser traduzido no verso de Camões, em Os Lusíadas: "Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta".
A Seleção Brasileira representa a nossa nacionalidade. Está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo.
Ontem, hoje e sempre, o povo brasileiro ama e confia em sua Seleção.
* Presidente da República Federativa do Brasil
Créditos: Portal Brasil 247
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