A presidenta Dilma Rousseff rebateu ontem (11) as críticas feitas ao PT pela candidata do PSB, Marina Silva, lamentou que a oponente renegue sua trajetória dentro do partido e que se coloque como vítima quando criticada por suas propostas, e ironizou a volatilidade no plano de governo da adversária.
“A gente tem de aprender com a realidade e sempre mudar quando for necessário mudar porque a realidade mudou. Agora, mudar de posição de cinco em cinco minutos não é sério”, disse, durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, em Brasília. A petista afirmou que um presidente da República precisa saber lidar com uma pressão muito grande e não pode temer “qualquer Twitter”, numa referência ao pastor Silas Malafaia, que exigiu por meio da rede social, e teve sucesso, que a candidata do PSB alterasse suas propostas para a população LGBT.
“Cada vez que a gente abre um debate com a candidata Marina ela se coloca como vítima e diz que nós a estamos atacando. Candidata, debate político tem de ser feito. Ninguém está acima de qualquer suspeita. Ninguém pode se achar diferente dos demais. Na democracia somos todos iguais”, afirmou Dilma.
A presidenta foi perguntada sobre a postura de Marina, que mais cedo, durante sabatina no Rio de Janeiro, voltou a evocar as denúncias de suposto pagamento de propina de diretores da Petrobras a políticos. “Não consigo imaginar que as pessoas possam confiar em um partido que coloca por 12 anos um diretor para assaltar os cofres das Petrobras”, afirmou a ex-senadora, que foi ministra do Meio Ambiente de Lula entre 2003 e 2008 e militou no PT durante mais de duas décadas.
“Repudio com muita indignação essa declaração da candidata Marina. Depois, considero que a candidata Marina tem de parar de usar suas conveniências pessoais para fazer declaração. Por que são conveniências pessoais? Ora, a candidata Marina ficou 27 anos no PT. Todos os seus mandatos ela obteve graças ao PT, ao Partido dos Trabalhadores”, lamentou Dilma.
“Não é possível as pessoas terem posições que não honram sua trajetória política e tentam se esconder atrás de falas, não medem os sentidos de seus próprios atos durante a vida. A militância do PT e a história do PT foram fundamentais para a candidata chegar aonde chegou. Uma fala dessas mostra uma posição extremamente leviana e inconsequente. Lamento profundamente uma fala desse tipo.”
As mudanças de posição de Marina têm sido elencadas pelo PT e, nos últimos dias, também pelo candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Aécio Neves, que passou a indicar o que considera como contradições na trajetória e no plano de governo da candidata do PSB. Desde o lançamento do plano de governo, no final de agosto, Marina tem sido questionada sobre uma série de propostas, entre elas a autonomia do Banco Central, entendida pela campanha petista como um sinal de que o controle da política monetária será entregue ao mercado financeiro.
Nesse sentido, as críticas são reforçadas pela presença de Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú, como coordenadora-geral da campanha de Marina. No Alvorada, Dilma foi questionada sobre as críticas feitas por sua campanha, uma vez que Neca também participou da elaboração dos projetos de Fernando Haddad, petista e prefeito de São Paulo. “Na medida em que sou herdeira do banco Itaú e defendo uma política que beneficia claramente os bancos, que é a política de independência do Banco Central, de redução do papel dos bancos públicos, eu estou fazendo o papel de banqueira. Não estou falando de educação, nem de criança, nem de creche. Não dá para vestir as duas roupas. Ou é uma, ou é outra. Ou uma roupa é verdadeira, ou é fantasia.”
As propostas de Marina também valeram hoje uma troca de farpas pelo Twitter. Ela e Aécio travaram um embate depois que o tucano foi acusado de utilizar a mesma tática de desconstrução adotada pelo PT. “Na verdade, estou fazendo o debate político. Fundamental para a democracia. Não desconstruindo sua imagem”, rebateu o tucano.
Créditos: Rede Brasil Atual
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