Em meio ao impasse diplomático que marcou a COP 20 em Lima, associações do setor de energia eólica de cinco continentes lançaram a campanha Wind Solutions para promover a energia dos ventos como a melhor e mais barata alternativa para conter as emissões de CO2 a curto prazo.
Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) prevê que até o ano de 2030, entre 17 e 20% da eletricidade global fornecida deverá ser gerada pela força dos ventos.
Para o Brasil, os prospectos da indústria do setor são otimistas. Espera-se que ao final de 2014, o resultado das novas turbinas geradoras no pais indique 3,5 GW de energia adicional à rede elétrica, um incremento de 100% em comparação à capacidade instalada até 2013. Segundo o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), este suprimento poderá chegar a 20 GW em 2020.
"Para o nosso setor, o Brasil é um ponto de destaque no mundo. O pais sempre confiou em suas reservas hídricas para gerar energia. Mas recentemente, houve alterações no regime hidrológico. As mudanças climáticas significam que o pais já não pode confiar tanto nas hidrelétricas, portanto, a energia eólica será, sem dúvida, a mais barata para atender o crescimento da demanda no Brasil. Vemos um futuro forte e bom no pais", declarou Steve Sawyer, Secretário geral da GWEC.
Os defensores da aplicação desta tecnologia como resposta imediata às ameaças do aquecimento global apontam para os seus benefícios diretos: a criação de empregos, o pouco tempo na instalação de novos parques eólicos – a depender do licenciamento ambiental, sua construção pode levar apenas um ano - , e a longevidade dos equipamentos.
Os modelos mais recentes de turbinas alcançam até 25 anos de vida útil, garantindo energia limpa e com retorno do investimento financiado em até 10 anos.
Segundo relatório divulgado em outubro deste ano pela Comissão da União Européia, as tecnologias solar e eólica estão atualmente entre as mais baratas, se considerados os subsídios concedidos às concorrentes nuclear, de gás natural e térmicas; bem como os reflexos da poluição ambiental e os danos à saúde da população; o custo-benefício de investimentos em novas instalações seria, portanto, favorável às renováveis.
Segundo o Overseas Development Institute dos EUA, a cada 1 US$ investido em tecnologias renováveis, há a captação de outros 2,5 US$ em investimentos privados. Para as energias tradicionais, este retorno é de apenas US$ 1,3.
O conselheiro Joel Meggelaars, da EWEA, associação européia do setor, acredita que as futuras Contribuições Nacionais Determinadas Intencionadas (INDC, sigla em inglês) abririam uma janela de oportunidade para que os países abandonassem um modelo de desenvolvimento ancorado em combustíveis fósseis, fortalecendo suas economias a partir de uma energia limpa. ¨Por que deveriam investir em infra estrutura ou ativos de carbono agora, se terão no futuro que se adaptar às tecnologias renováveis?¨, questiona o especialista.
"Nós temos a tecnologia, o que precisamos é de vontade política para que os países submetam suas contribuições ao UNFCCC, traduzidas em metas ambiciosas", sugere Sonia Lioret, representante da associação de energia eólica francesa.
Um dos pontos sem consenso entre os negociadores do acordo em Lima trata da data de apresentação das INDC ao secretariado do UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas) no primeiro trimestre de 2015. Este prazo estaria sendo contestado por China, Brasil e alguns membros do G77.
A campanha Wind Solutions seguirá soprando suas propostas ambientais até a Conferencia das Partes, a COP 21 em Paris. Até lá, servirá como instrumento de pressão a dirigentes nacionais e formuladores de políticas de vários países.¨Como representantes desta indústria, queremos ter um papel ativo nas negociações desde Lima até Paris, em dezembro de 2015. Acreditamos que a energia eólica é uma solução de consenso que poderia ser usada no acordo para combater as mudanças climáticas,¨ arrematou Sonia Lioret.
Créditos: Brasil 247
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