Nos próximos dois anos, quase 1,2 milhão de pessoas receberão o diagnóstico de câncer no País. A informação é do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que lançou na sexta-feira as estimativas nacionais para 2016 e 2017. Publicado desde 1995, o documento é um dos que balizam investimentos e políticas públicas de controle e tratamento do câncer. Pelos cálculos dos pesquisadores, haverá o registro de 596.070 casos a cada ano - as mulheres serão mais afetadas, com 300.870 casos. Três em cada dez brasileiros receberão o diagnóstico de câncer de pele não-melanoma, doença de baixa letalidade. É o câncer mais comum para ambos os sexos - a estimativa é de que haverá 80.850 homens e 94.910 mulheres com novos casos desse tipo de câncer a cada ano.
De acordo com o vice-diretor do Inca, Luís Fernando Ribeiro Pinto, um terço dos cânceres poderiam ser evitados. “Câncer de mama, próstata, esôfago, colo retal e corpo do útero estão associados à obesidade. Em 1974, 18,5% dos homens e 28,7% das mulheres estavam acima do peso. Em 2013, essa proporção passou para 55,6% dos homens e 58,2% das mulheres. Estamos chegando próximos aos padrões americanos, que é de 60% de sobrepeso na população. E lá as estatísticas mostram que um em cada dois homens e um em cada três mulheres terão câncer”, afirmou.
Os dados do Inca mostram que há diferenças regionais. Entre as mulheres da Região Norte, o câncer de mama não será o mais incidente - a doença que mais as afeta é o câncer de colo de útero. A vida sexual precoce e a dificuldade de acesso a exames explica a diferença. Já na Região Sul, o câncer de colo de útero vai para a quarta posição, atrás de mama, cólon e reto e o de pulmão.
Entre os homens da Região Norte e Nordeste, o segundo tipo de câncer mais prevalente é o de estômago. Os pesquisadores explicam que a incidência pode estar ligado ao tabagismo e ao consumo de alimentos conservados no sal, que aumentam o risco. No Sudeste, esse tipo de câncer está em quinto. A segunda posição no Sudeste para os homens é o câncer de colo retal. As leucemias estão em sexto lugar na região Norte, e em nono na classificação nacional.
“Quando a gente começa a olhar estatística, vê tumores em destaque que antes não entravam nem entre os dez mais incidentes, como corpo de útero. Esse tipo de câncer está na quinta posição na Região Sudeste. No Inca, 96% das pacientes com câncer de corpo de útero, que afeta o endométrio, têm sobrepeso ou são obesas. É preciso ter olhar mais crítico e cuidadoso com o impacto da obesidade na saúde”, afirmou.
O médico ressalta que o risco de câncer “cai rapidamente” quando hábitos são mudados. “Nunca é tarde para modificar os hábitos, começar a fazer exercícios, parar de fumar e ter alimentação balanceada. Eu diria para os pais educarem seus filhos para terem hábito de vida saudável. O maior investimento não é em uma viagem à Disney, mas educá-los para ter dieta saudável”, afirmou Ele lembra que a recomendação da Organização Mundial de Saúde é o consumo de cinco porções diárias de legumes, frutas e verduras A ingestão de carnes vermelhas deve ser limitada a 500 gramas semanais.
A última estimativa, divulgada em 2013, previa o surgimento de 570 mil casos anuais da doença. Ribeiro Pinto diz que não é possível comparar os dados. “Melhorou a qualidade dos registros de câncer. Não se pode comparar diretamente, mas podemos olhar tendências”.
Créditos: Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.