Fazendeiros e criadores de animais de corte precisam reduzir drasticamente o uso de antibióticos em seus rebanhos porque essa atividade está se tornando uma ameaça à saúde humana, segundo um relatório publicado no periódico Review on Antimicrobial Resistance.
O uso abusivo destas substâncias tem feito com que algumas doenças sejam atualmente quase impossíveis de serem combatidas.
A administração excessiva destes medicamentos na criação de animais ganharam novo destaque no mês passado, quando, na China, pesquisadores advertiram que estamos à beira de uma "era pós-antibióticos".
Os cientistas descobriram uma bactéria resistente à colistina, antibiótico usado quando outros meios usualmente empregados para combatê-la haviam falhado. Aparentemente, ela surgiu em animais criados por agricultores e também foi detectada em pacientes em hospitais.
Mais da metade dos antibióticos no mundo são usados em animais, muitas vezes para fazer com que cresçam mais rápido.
Em alguns casos, os antibióticos são usados para tratar infecções em animais doentes, mas a maioria é usada de forma profilática em animais saudáveis para prevenir infecções ou aumentar seu ganho de peso - uma prática controversa e mais comum em criações intensivas.
A expectativa é de que o consumo de antibióticos no mundo aumente 67% até 2030. Só nos Estados Unidos, são usadas anualmente 3,4 mil toneladas destas substâncias em pacientes e 8,9 mil toneladas em animais.
O economista Jim O'Neill, que liderou o estudo, disse que estes índices são "estarrecedores" e que 10 milhões de pessoas morrerão por causa de infecções resistentes a antibióticos em 2050 se esta tendência não for revertida.
O'Neill destaca em seu trabalho que a maioria das evidências científicas aponta para uma necessidade de redução do uso de antibióticos.
Ele indica que uma meta razoável para o uso de antibióticos pela agricultura seria de 50 mg para cada 1 kg de animais - um nível já colocado em prática por um dos principais países exportadores de carne de porco do mundo, a Dinamarca.
A título de comparação, os Estados Unidos usam quase 200 mg/kg e Chipre emprega mais de 400 mg/kg.
"Tenho certeza que muitos criadores pensarão 'Bem, se temos que fazer isso, significa que o preço cobrado pelo que produzimos aumentará e não conseguiremos mais concorrer no mercado", disse O'Neill. "O exemplo dinamarquês mostra que, após um custo de transição inicial, a longo prazo, os preços não foram afetados, e a Dinamarca manteve sua participação de mercado."
O relatório também recomenda um maior investimento na pesquisa de vacinas e testes para diagnosticar infecções específicas e afirma que países deveriam adotar uma lista de antibióticos que nunca deveriam ser usados em animais por causa de sua importância no tratamento de humanos.
Jianzhong Shen, da Universidade Agrícola da China e um dos descobridores da resistência à colistina, diz que "todos os países do mundo deveriam usar antibióticos na criação de animais de forma mais prudente e racional. Agora é a hora de haver uma reação global para restringir ou proibir o uso de antibióticos para acelerar o crescimento ou prevenir doenças." Foto: BBC
Créditos: Diário da Saúde
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