A justificativa para a construção de tamanha obra é simples. No Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do país. O semiárido compõe cerca de 80% do território e o Rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região. Além disso, a região nordestina é historicamente submetida a ciclos de seca rigorosa, como a vivida atualmente. Desta forma, o projeto vai levar água para mais de 12 milhões de pessoas que moram em 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O prazo para realização do projeto como um todo é de 20 anos, destes, quase oito já se passaram desde o início efetivo das obras (em 2008). Dados de novembro apontam para 81,8% de execução física da obra já concluída. O investimento total é de R$ 8,2 bilhões.
A entrega do projeto está prevista para 2017 e os testes e bombeamentos já começaram. Em agosto, a presidente Dilma Rousseff (PT) esteve em Cabrobó, no Sertão de Pernambuco, onde entregou a primeira Estação de Bombeamento (EBI-1), do Eixo Norte. O acionamento da bomba foi feito pela própria governante, de forma simples, através de apenas um clique.
A bomba instalada na EBI-1 possui capacidade de impulsionar água do nível do rio até 36 metros acima. A altura é equivalente a um edifício de 12 andares. De início, a vazão foi definida em 12,4 metros cúbicos por segundo. A etapa foi um teste, onde os técnicos estão administrando o fluxo da área e se necessário, realizando eventuais acertos. A água que começou a abastecer o canal seguiu sete quilômetros até o reservatório de ‘Tucutú’ e mais 45,9 quilômetros até o reservatório de ‘Terra Nova’, ambos localizados em Cabrobó. Segundo o Ministério da Integração Nacional (MI), o custo deste trecho do projeto foi de R$ 625,09 milhões.
Para se ter uma ideia da distância, mesmo com a ativação da bomba, a água só chegou no primeiro reservatório após 39 dias e precisou de mais 18 para abastecer o segundo. O diretor do Departamento de Projetos Estratégicos do Ministério, Robson Botelho, informou que o sistema vai operar 16 horas por dia, durante cinco dias na semana. A intenção é que os reservatórios já comecem a abastecer as comunidades.
O que compete aos estados
Os governos dos estados serão responsáveis, com apoio do Governo Federal, pelos sistemas de abastecimento que irão levar a água do canal para as comunidades, num sistema de integração das bacias hídricas dos estados.
Os dois eixos também abastecerão adutoras e ramais para perenizar rios e açudes que abastecem municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Essa é a ideia da integração das bacias. A água do rio São Francisco vai chegar, por exemplo, até as torneiras da população de Fortaleza. Assim, os sistemas simplificados de abastecimento de água são obras da responsabilidade dos governos dos estados, com apoio do Governo Federal. O Ministério da Integração Nacional fornecerá aos estados recursos financeiros e os projetos executivos para as obras.
O abastecimento de água do Projeto São Francisco será ampliado por meio de grandes ramais de integração. O governo do Ceará é responsável pela execução do Cinturão das Águas (CAC), o governo da Paraíba pela obra da Vertente Litorânea e o governo de Pernambuco pela Adutora do Agreste. Ao todo, na primeira fase, já em andamento, serão atendidos 77.733 habitantes de 12 comunidades quilombolas e 23 indígenas.
Créditos: WSCOM
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