Num relatório publicado ontem sobre a guerra civil do Sudão do Sul, a agência da ONU para os Direitos Humanos assegura que, “de acordo com fontes credíveis, os grupos aliados do Governo são autorizados a violentar as mulheres como salário”, segundo o princípio “façam o que puderem e tomem o que quiserem.”
“É uma das situações de Direitos Humanos entre as mais horríveis no mundo, com uma utilização massiva da violação como instrumento de terror e como arma de guerra,” lamentou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, o saudita Zeid Ra’ad Al Hussein.
“A escala e o tipo de violências sexuais – que são principalmente praticadas pelas forças governamentais SPLA (Exército Popular de Libertação do Sudão) e das milícias que lhe são afiliadas – são descritas com detalhes medonhos e devastadores, assim como a atitude – quase desenvolta mas calculada – dos que massacraram civis e destruíram bens e meios de subsistência”, acrescentou.
Segundo Hussein, “dada a amplitude, a profundidade e a gravidade das alegações, a sua coerência, a sua repetição e similitudes observadas no modus operandi, o relatório conclui que existem motivos razoáveis de pensar que estas violações podem constituir crimes de guerra e/ou crimes contra a humanidade”.
O relatório inclui ainda “testemunhos chocantes sobre civis suspeitos de apoiar a oposição, incluindo crianças e deficientes, que foram queimados vivos, sufocados dentro de contentores, abatidos a tiro, enforcados de árvores ou cortados aos pedaços”, afirma a declaração da agência da ONU, citada pela agência France Presse.
As Nações Unidas avançam ainda que “a imensa maioria das vítimas civis não parece resultar de operações de combate mas de ataques deliberados contra os civis” e que “de cada vez que uma zona muda de mãos, as pessoas responsáveis matam ou deslocam o maior número de civis possível, com base na sua pertença étnica”.
Zeid Ra’ad Al Hussein recomenda que o Conselho de Segurança da ONU considere uma ampliação das sanções já impostas ao país com um “embargo abrangente a armas” e pondere encaminhar o caso para o Tribunal Criminal Internacional. Foto de capa: United to End Genocide/Flickr.
Créditos: Revista Forum
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