O vírus da zika é capaz de atacar células cerebrais humanas e reduzir em 40% o desenvolvimento cerebral, segundo um estudo brasileiro publicado na edição desta semana da revista "Science".
A pesquisa, desenvolvida por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aumenta o conjunto de evidências de que o vírus está relacionado ao aumento de casos de microcefalia documentado no Brasil nos últimos meses. O grupo já tinha publicado, no início de março, resultados preliminares dos experimentos.
Minicérebros e neuroesferas
Para avaliar os possíveis efeitos do vírus da zika no cérebro humano, os pesquisadores usaram dois modelos diferentes: os chamados "minicérebros" - estruturas de neurônios que imitam o funcionamento de um cérebro humano, também chamados de organoides cerebrais - e as chamadas "neurosferas" - agrupamento de células-tronco neurais.
Para avaliar os possíveis efeitos do vírus da zika no cérebro humano, os pesquisadores usaram dois modelos diferentes: os chamados "minicérebros" - estruturas de neurônios que imitam o funcionamento de um cérebro humano, também chamados de organoides cerebrais - e as chamadas "neurosferas" - agrupamento de células-tronco neurais.
Segundo os cientistas, tratam-se de modelos complementares para estudar, no laboratório, o desenvolvimento do cérebro humano em fase embrionária. Enquanto as neuroesferas simulam características bem iniciais da neurogênese (processo de formação de neurônios), os minicérebros simulam os processos celulares e moleculares que ocorrem no cérebro durante o primeiro trimestre do feto.
Nos experimentos realizados, o vírus da zika fez com que as neuroesferas se desenvolvessem com várias anomalias. Além disso, poucas neuroesferas sobreviveram ao fim de seis dias, enquanto centenas se mantiveram no grupo controle, sem a presença do vírus.
Quanto aos minicérebros, o vírus reduziu em 40% a área média de crescimento dos organoides em comparação àqueles que não foram expostos ao zika. Os cientistas mediram a taxa de crescimento de 12 minicérebros.
Experimentos com dengue
Experimentos similares feitos com o vírus da dengue do tipo 2 revelaram que ele não tem o mesmo efeito nocivo sobre as células cerebrais. Neuroesferas expostas à dengue não apresentaram diferença em relação àquelas que não foram expostas. Além disso, não houve redução da taxa de crescimento dos minicérebros infectados com dengue.
Experimentos similares feitos com o vírus da dengue do tipo 2 revelaram que ele não tem o mesmo efeito nocivo sobre as células cerebrais. Neuroesferas expostas à dengue não apresentaram diferença em relação àquelas que não foram expostas. Além disso, não houve redução da taxa de crescimento dos minicérebros infectados com dengue.
Isso demonstra, segundo os cientistas, que o impacto da zika no cérebro humano não se repete em outros vírus da mesma família.
Créditos: WSCOM
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