Por Gleisi Hoffmann- A ausência de mulheres e diversidade no governo Temer continua repercutindo de forma negativa em todo o mundo. Importantes veículos de comunicação apontam que o preconceito contra uma líder mulher e rancores de uma direita que nunca aceitou totalmente a ascensão do PT tiveram papel no afastamento de Dilma. Em Portugal, onde participamos do Fórum Euro Latino Americano de Mulheres, a presidente leu um Comunicado de Protesto contra o governo interino no Brasil. Muitos parlamentares de outros países prestaram solidariedade à situação brasileira e à nossa atuação para restabelecer a democracia.
Desde a ditadura militar, quando a primeira ministra foi nomeada, no início da década de 1980, esta é a primeira vez que um presidente não indica uma mulher para os gabinetes. Aliás, o preconceito contra a ascensão feminina na esfera política já ficava muito evidente em relação a própria presidenta Dilma, que desde o início do mandato sofreu uma enorme desconstrução na sua imagem pessoal, política, mas, sobretudo, na sua condição de mulher com mentiras, calúnias, difamação, falso moralismo, um desrespeito total pelo fato de ser mulher. A verdade é que a elite conservadora não aceita o protagonismo das mulheres.
Outro fato muito perigoso que está acontecendo em nosso país é a incitação de líderes de direita contra negros, homossexuais, pobres. Infelizmente, temos uma elite preconceituosa em nosso país, que não aceita ver pobre andando de avião, comprando carro, tendo acesso aos bens de consumo; negro entrando na universidade. Incomoda ter que pagar os direitos trabalhistas para as empregadas. Criminaliza a pobreza e quer a todo custo derrotar o projeto popular iniciado por Lula e continuado por Dilma. Essa elite não tem um projeto comprometido com o desenvolvimento nacional. É uma elite que desde o descobrimento do Brasil tem como cultura se apropriar dos seus bens. Não tem generosidade suficiente para ter um projeto para contemplar o povo.
Eu não tenho dúvidas nenhuma que esse impeachment não é por crime de responsabilidade. É um impeachment proposto pela direita e pela elite para que seu projeto prevaleça, sem submetê-lo ao voto popular, porque se submetesse não teria condições de ser aprovado, porque para essa elite não há programa que contemple a maioria do povo.
Por isso que nós temos repetido que esse impeachment, sem base constitucional, é apenas um instrumento para que a elite e a direita coloquem o seu projeto de governo no poder sem passar pelo voto. Estamos à beira de um abismo. Não temos o que esperar desse futuro, a não ser retrocessos econômicos, políticos e sociais.Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Créditos: NP
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