quarta-feira, 25 de maio de 2016

Temer fez acordo com procuradores da Lava Jato

Um emissário do presidente interino Michel Temer (PMDB) e representantes da força-tarefa da Operação Lava Jato encontraram-se na véspera da sessão do Senado que selou o afastamento da petista Dilma Rousseff. O encontro tratou de uma espécie de “acordo de procedimento” que não colocasse em risco as investigações.
A conversa foi entre o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), um dos assessores mais próximos de Temer, e os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, e Roberson Pozzobon. O diálogo, de quase duas horas de duração, ocorreu após um eventoorganizado pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) em Brasília. Anteriormente, os procuradores haviam recusado um encontro com o próprio Temer, articulado pelo ex-presidente da ANPR Alexandre Camanho, que é homem de confiança do peemedebista.
Temer, que mostrava preocupação com a disseminação da ideia de que seu governo enterraria a Lava Jato devido ao grande número de peemedebistas investigados, aprovou a sugestão. A preocupação cresceu com a sondagem feita ao advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, um crítico da Lava Jato, para ocupar o Ministério da Justiça. A nomeação de Mariz fracassou após ele dar uma entrevista à Folha atacando a operação.
O encontro com Temer, porém, foi rejeitado pelos procuradores, que rechaçaram uma possível conotação política na proposta. Eles também mostraram receio de que o ato fosse interpretado como apoio ao impeachment. Apesar disso, na conversa entre Loures e os procuradores, foi acertada a manutenção no cargo do superintendente da Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Franco, responsável pela Lava Jato.
Loures ouviu dos investigadores que a permanência de Franco seria sinal importante e prometeu consultar Temer. “Eu disse para os procuradores que se o conforto era dar essa garantia, iria levar o pedido ao presidente”, relatou o ex-deputado à Folha. Na mesma noite, o assessor levou o pleito a Temer, que aceitou o pedido.
Investigação
O PMDB, partido do presidente interino, é uma das siglas com o maior número de investigados no esquema de corrupção na Petrobras. Na segunda (23), o ministro do Planejamento Romero Jucá (RR) se licenciou após a Folha revelar uma gravação em que ele sugeria um pacto para colocar fim à Lava Jato. Na semana passada, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu ao STF (Superior Tribunal Eleitoral) a inclusão de Jucá, do presidente do Senado Renan Calheiros (AL), e dos senadores Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA) em um inquérito que apura propinas na construção da Usina de Belo Monte, no Pará, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
Procurada, a força-tarefa da Lava Jato confirmou a conversa dos procuradores com Loures, mas disse apenas que o assessor de Temer manifestou apoio à operação. O superintendente da PF Rosalvo Franco e procurador Alexandre Camanho não quiseram se manifestar.
Créditos: Nossa Política

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