quinta-feira, 2 de junho de 2016

Temer não tem votos para impeachment, afirma líderes

PT: Temer não tem votos para impeachment
A crise enfrentada por Michel Temer em menos de 20 dias de governo e o desgaste do presidente interino com o PMDB do Senado animaram o PT a reforçar a articulação para barrar o impeachment de Dilma Rousseff. Senadores petistas avaliaram que o presidente interino não tem mais os 54 votos necessários para aprovar o impeachment no Senado e intensificaram as negociações com um grupo de cerca de 15 parlamentares que poderão votar contra o afastamento definitivo de Dilma.

Senadores do PT disseram que nem mesmo os mais pessimistas em relação ao retorno de Dilma ao cargo achavam que a gestão Temer seria “tão desastrosa” em pouco tempo, como resumiu o senador Paulo Paim (RS). “Nem nós achávamos que eles iriam tão mal”, disse. “O governo anuncia uma medida e volta atrás logo depois. Não teve uma notícia boa até agora e o quadro só está piorando”, afirmou Paim.

Dirigentes e parlamentares do PT acreditavam que o governo interino teria uma “lua de mel” por cerca de três meses. No entanto, dois ministros já caíram- o senador Romero Jucá (PMDB-RR), do Planejamento, e Fabiano Silveira, da Transparência, Fiscalização e Controle, indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Está cada vez mais claro que a intenção de derrubar Dilma era para ‘estancar’ a Lava-Jato”, afirmou o senador Paulo Rocha (PA), referindo-se às gravações do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado que expôs os dois ministros e peemedebistas falando sobre formas de deter as investigações.

Outros ministros da gestão, como o da Justiça, Alexandre de Moraes (PMDB) e o próprio presidente interino têm sido alvos constantes de protestos. A casa de Temer em São Paulo foi isolada e o ministro-chefe do GSI, general Sérgio Etchegoyen, esteve pessoalmente na capital paulista para reforçar a segurança do presidente interino. Para a senadora Fátima Bezerra (RN), o governo Temer “não tem capacidade política” de se sustentar até 2018.


Com o desgaste da gestão Temer, o PT mira nos senadores que votaram pela admissibilidade do impeachment, mas que sinalizaram que poderão votar contra o afastamento definitivo de Dilma, na análise do mérito. Pelo menos dez se enquadram nesse cenário: Acir Gurgacz (PDT-RO), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Cristovam Buarque (PPS-DF), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Benedito de Lira (PP-AL), Wellington Fagundes (PR-MT), Ivo Cassol (PP-RO) e Edison Lobão (PMDB-MA), Raimundo Lira (PMDB-PB), Hélio José (PMDB-DF). Somado a esse grupo está o senador Romário (PSB-RJ), que votou pela admissibilidade e declarou nesta semana que poderá mudar seu voto. Além desses onze estão os senadores Eduardo Braga (PMDB-AM) e Jader Barbalho (PMDB-PA) que são aliados de Dilma e não participaram da primeira votação do impeachment, o filho de Jader, contudo, ficou no ministério, na pasta da Integração Nacional. O presidente da Casa, Renan Calheiros, e Pedro Chaves (PSC-MS), suplente de Delcídio do Amaral, que foi cassado, não votaram e são contabilizados pelo PT no bloco dos 15 possíveis votos contra o impeachment. “Podemos conquistar entre oito e dez votos”, afirmou Paulo Rocha.
Senadores do PT calculam que Temer teria hoje cerca de 50 votos para tirar Dilma definitivamente do cargo – quatro a menos do que o necessário. Na votação da admissibilidade, conquistaram 55 votos a 22. Petistas afirmam que o cenário no Senado poderia se tornar ainda mais favorável à Dilma caso Renan Calheiros seja afastado do cargo, por uma decisão da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal. Renan é alvo de doze inquéritos que tramitam no Supremo e, em um eventual afastamento, o senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, assumiria o comando da Casa.
Dilma já se reuniu duas vezes com os senadores e ontem discutiu com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a construção de uma agenda nacional com o partido, para pedir o apoio da militância. Os senadores do PT e o comando petista continuam divididos em relação à proposta de convocação de novas eleições por Dilma, caso a presidente afastada reassuma o cargo. Ontem, a Executiva do PT se reuniu em Brasília e o assunto não avançou. “É uma discussão que não está madura”, disse o dirigente Jorge Coelho.
Créditos: Nossa Política

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