Uma equipe de cientistas confirmou ontem, por meio de um artigo científico, a eficácia de uma vacina contra o vírus Ebola. A vacina rVSV-ZEBOV provou-se capaz de impedir que pessoas que tiveram contato com indivíduos infectados com o vírus viessem a desenvolver a doença, que é uma das mais letais conhecidas atualmente.
De acordo com o Guardian, a pesquisa sobre essa vacina começou por causa de uma epidemia de Ebola que começou em dezembro de 2013 na Guiné e em Serra Leoa, na África ocidental. A epidemima matou mais de 11 mil pessoas e infectou ao menos 28 mil, o que provocou uma resposta global para combater o crescimento da doença.
Os testes foram realizados na Guiné, onde 5.837 pessoas foram vacinadas. Elas foram divididas em dois grupos: parte delas foi vacinada imediatamente após ter contato com a doença, e outra parte recebeu a vacina três semanas depois. De todas elas, apenas 23 desenvolveram a doença, todas elas do grupo que recebeu a vacina três semanas depois do contato. Apenas duas das pessoas vacinadas apresentaram efeitos colaterais.
Conforme o The Verge nota, os pesquisadores precisaram realizar seu trabalho em condições muito pouco favoráveis. No artigo, eles afirmam que "o sistema de saúde da Guiné estava sobrecarregado, potenciais candidatos a vacinação se preocupavam em aceitar um remédio em fase de testes desenvolvido por estrangeiros, e as equipes de resposta ao Ebola estavam encarando problemas de segurança".
Além disso, como os cientistas apontam, "uma epidemia devastadora de Ebola claramente não é a situação ideal para se condizur um teste de vacinas". No entanto, a urgência da situação exigiu que eles seguissem com seu trabalho mesmo assim.Os testes foram financiados por organizações internacionais como a OMS (ORganização Mundial da Saúde), bem como os governos canadense e norueguês.
Nesse contexto, eles optaram por realizar um procedimento de "vacinação em anel": quando um novo caso de ebola era confirmado, eles ofereciam a vacina a todas as pessoas que haviam tido contato com o indivíduo infectado nas três semanas anteriores. Cada "anel" desses continha cerca de 80 pessoas, e 117 aneis foram identificados.
Os candidatos eram sorteados aleatoriamente entre o grupo que receberia a vacina imediatamente e o grupo que só a receberia após três semanas. No final do período de testes, porém, quando começou a ficar claro que a vacina era eficaz, os pesquisadores começaram a oferecer vacinação imediata a todos os candidatos.
A empresa Merck, Sharp & Dohme foi a responsável pela produção da vacina, e já recebeu permissões para acelerar a produção da medicação nos Estados Unidos e na Europa. Com fundos da GAVI Alliance (um órgão mundial de saúde preventiva), a empresa já se comprometeu a produzir 300 mil doses que ficarão prontas para uso caso haja indícios de que uma nova epidemia pode surgir.
"Embora esses resultados positivos cheguem tarde demais para aqueles que perderam suas vidas durante a epidemia de Ebola da África ocidental, eles mostram que quando a próxima epidemia de Ebola chegar, nós não estaremos indefesos", disse Marie-Paule Kieny, uma das autoras principais do estudo que confirmou a eficácia da vacina. Foto: Cellou Binani / AFP.
Créditos: Olhar Digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.