O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a ser a única a forma de atendimento médico-hospitalar para mais 172.675 mineiros no ano passado.
Eles fazem parte do contingente de brasileiros que cancelaram planos privados entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016.
Em todo o país, 1,36 milhão de beneficiários não renovaram os contratos nesse período, sendo 1,1 milhão no Sudeste.
Eles fazem parte do contingente de brasileiros que cancelaram planos privados entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016.
Em todo o país, 1,36 milhão de beneficiários não renovaram os contratos nesse período, sendo 1,1 milhão no Sudeste.
Os números são do Acompanhamento de Beneficiários (NAB), um documento produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), com base em informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em Minas, o número de beneficiários no fim de 2015 era de 5,21 milhões e, agora, soma pouco mais que 5 milhões. No Estado, a queda no período foi de 3,3%, percentual maior do que a média do Brasil, de 2,8%.
Na opinião do superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, a diminuição do número de beneficiários vem acontecendo há três anos e está diretamente ligada à queda na atividade econômica e do nível de emprego, tanto no Brasil como no Estado.
“Os números têm caído desde 2014, mas mais acentuadamente nos últimos dois anos (2015 e 2016). Essa redução está associada à crise econômica, mais especificamente à redução de postos de empregos formais, já que a maior parte dos planos ainda é composta por planos coletivos empresariais”, diz. Ele destaca que é natural que o encolhimento do mercado de trabalho seja acompanhado por uma redução no total de beneficiários de planos de saúde.
A análise é confirmada pelos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Os empregos estão diminuindo desde 2013, movimento que é acompanhado pela redução no número de clientes da saúde suplementar. Mas em velocidades diferentes. O corte de vagas de trabalho é relativamente maior que o encolhimento dos planos de saúde.
Segundo Carneiro, isso se explica pelo esforço dos brasileiros em manter os contratos com as operadoras, mesmo que em situação financeira adversa.
“O que podemos constatar é que, como o plano de saúde é o terceiro maior desejo do brasileiro, atrás apenas de casa própria e educação, o setor apresenta boa resiliência. Isso significa que as famílias optam por cortar vários outros gastos antes de se verem obrigadas a deixar o plano de saúde”.
Desde que perdeu o emprego, em janeiro do ano passado, a instrumentista cirúrgica Gisele de Oliveira Rios, de 33 anos, precisou ir ao posto de saúde pública em duas ocasiões. Diz que não conseguiu, em nenhuma delas, atendimento em Santa Luzia, onde mora.
“Venho direto para Belo Horizonte e aqui é esperar. Estou desde 11h da manhã (eram 17h quando conversou com a reportagem) esperando por uma consulta. Quando tinha plano de saúde, pagava algo em torno de R$ 100. Agora, se eu for fazer um novo, não vai ficar por menos de R$ 170. As pessoas ficam reclamando que os planos de saúde são como o SUS, mas não são. Só quem precisa esperar por uma consulta sabe de fato como funciona. O plano de saúde, ainda que seja ruim, funciona”, disse.
Ela já conseguiu voltar ao mercado de trabalho e pretende ter plano de saúde novamente. “Tem que apertar o orçamento, não tem jeito”, diz. A cozinheira Aparecida Oliveira, de 45 anos, deixou de pagar o plano de saúde há três anos e, desde então, luta para conseguir tratamento adequado para pneumonia. A demora entre a marcação da consulta e o atendimento já chegou a dez meses.
“Passei por diversos postos de atendimento em Contagem, até vir a Belo Horizonte. É difícil marcar consulta pelo posto, e mais difícil ainda é voltar a pagar plano de saúde. Por causa da minha idade, não consigo nenhum convênio por menos de R$ 200. Há três anos cheguei a pagar R$ 60 para mim e minhas duas filhas”, disse Aparecida, que pagou pelo plano durante 18 anos.
Créditos: Hoje em Dia
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