“Foi uma viagem muito produtiva não só pelos resultados como pela mobilização em si. Fizemos um trabalho de corpo a corpo com os parlamentares paranaenses e chegamos a ir à casa de um deles, que estava indeciso”, relatou Elaine Rodrigues de Paula Reis, diretora do Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado do Paraná (Sinqfar). Ela integrou a comitiva da Fiep, formada por 50 lideranças empresariais, à capital federal no dia 17 de abril, quando a votação na Câmara abriu caminho para o processo de impeachment. De acordo com o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, pelo menos seis votos foram revertidos “graças à mobilização da população e ao trabalho dos empresários”.
Os sindicatos dos patrões também foram para o front nas ruas. Enquanto a Central Única dos Trabalhadores (CUT) liderava o movimento contrário ao impeachment, os empresários usaram diversos recursos para incentivar as manifestações pela saída de Dilma da Presidência. A Pública foi atrás dessas histórias para mostrar como o setor empresarial atuou no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, previsto para terminar no próximo dia 30. O levantamento foi feito nas dez principais federações de indústrias do país. As entidades de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Rio de Janeiro declararam apoio formal. No Espírito Santo, apesar de o presidente Marcos Guerra ser favorável ao impeachment, a entidade não se manifestou. A Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) informou que “a grande maioria dos sindicatos presentes na casa apoiou o movimento”, no entanto a instituição não se posicionou. As federações de Minas e da Bahia se mantiveram neutras.
Insatisfeitos com os rumos que a economia vinha tomando no governo petista, o setor produtivo viu-se contemplado pelo discurso do vice-presidente, Michel Temer (PMDB): “O governo por si só não pode ser populista apenas para inchar a máquina do Estado, mas deve ser participativo, e essa participação vem precisamente da iniciativa privada que hoje, convenhamos, está muito decepcionada. Eu compreendo as decepções dos empresários”, defendeu Temer durante evento de lançamento da Caravana da Unidade do PMDB, em Curitiba, no dia 28 de janeiro. E seguiu repetindo bordões que soaram como música no ouvido do empresariado: “A iniciativa privada tem que ser prestigiada porque ela garante o emprego do nosso país”; “A iniciativa privada que é a força motriz do próprio governo”. No mesmo encontro, com a presença de diversos setores da sociedade civil, Temer divulgou o que se tornaria a plataforma de seu governo, o documento “Ponte para o futuro”. Lançado oficialmente como programa do PMDB para a crise econômica, ele tem como principal proposta uma política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada.
O primeiro representante dos empresários a defender o impeachment foi um aliado de Temer, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, em declaração feita no dia 14 de dezembro do ano passado. Desde então, tornou-se um militante da causa e articulador do processo junto ao empresariado. A sede da Fiesp se transformou em ponto de manifestações favoráveis ao impeachment, e o famoso pato inflável, criado para a campanha contra aumento de impostos, virou símbolo contra o governo da petista.
A Fiesp foi além. Montou uma infraestrutura na frente da sua sede, na avenida Paulista, para receber manifestantes favoráveis ao processo e publicou um anúncio de 14 páginas do primeiro caderno dos principais jornais do país defendendo “Impeachment Já”. Outra rodada publicitária foi feita em 21 estados com a divulgação de foto, telefone e páginas do Facebook dos parlamentares para pressioná-los durante a votação. Centenas de entidades patronais também apoiaram a campanha, liderada pela Fiesp. Fonte: A Pública.
Créditos: Falando Verdades
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.