A OIM (Organização Internacional para as Migrações) informou que migrantes que viajam até a Líbia para chegar à Europa correm risco de serem sequestrados, abusados, mortos e vendidos em mercados de escravos no país localizado ao norte da África. A OIM é uma agência da ONU (Organização das Nações Unidas) e descreveu que o território da Líbia é um “arquipélago de tortura”. Um dos reféns libertados em Trípoli foi encontrado com 35kg e tinha ferimentos pelo corpo.
Os imigrantes estão sendo vendidos em mercados de escravos no país por contrabandistas, segundo informação divulgada nesta terça (11) que pode ser encontrada no site da ONU. Para OIM, essa informação faz parte de uma “longa lista de violações” registradas na Líbia.
Um senegalês, quando chegou na Nigéria, teria de pagar 320 dólares para seguir viagem rumo ao território líbio. Acabou aceitando a exigência e seguiu seu caminho pelo deserto. Quando chegou no sudoeste do país, o condutor do transporte do senegalês afirmou que descobriu que a chegada seria em um mercado de escravos.
SC (sigla usada para proteger sua identidade) foi comprado e levado para sua primeira prisão, que era uma propriedade privada em que ao menos uma centena de migrantes eram mantidos reféns. Segundo ele, os sequestradores espancavam os prisioneiros enquanto eles ligavam para os familiares para que os parentes ouvissem a tortura e pagassem o resgate, que correspondia a cerca de 480 dólares. Sem conseguir juntar o dinheiro necessário, o migrante foi comprado por outro líbio e levado a outra casa. O preço do resgate era mais alto — 970 dólares - nessas condições e o montante devia ser pago via Western Union ou Money Gram para um indivíduo chamado Alhadji Balde, que supostamente vivia em Gana.
Já Adam (nome fictício também para preservar a identidade), que foi encontrado em Trípoli com 35kg, foi acolhido por uma família e recebeu assistência de um médico da OIM, ele conseguiu voltar para a Gâmbia no dia 4 de abril.
A crise humanitária e as relações entre os países e as grandes potências na miséria da política antimigratória e xenófoba é escancarada mais ainda nesses casos. É formado um mercado de pessoas já vulneráveis em seus próprios países para manter as chantagens entre as nações, assim como podemos ver milhares de refugiados em trabalhos escravos e semi escravos para garantir o capital das potências mundiais e grandes empresas.
As histórias de Adam e SC não são isoladas, mas são também compartilhadas por milhares de imigrantes, e só escancaram o que significa a crise humanitária hoje, resultado do Imperialismo norte-americano e europeu com suas políticas de saques à esses países.
As políticas xenófobas da Europa e dos EUA com sua face mais nefasta que é Trump, só servem para dividir ainda mais a classe trabalhadora, fazendo com que os imigrantes sejam extremamente explorados, com condições de trabalho e moradia precários, e relegados aos trabalhos informais para que os capitalistas não tenham que garantir seus direitos e possam lucrar ainda mais com a vida dessas pessoas.
As organizações dos trabalhadores devem travar verdadeiras batalhas para que as demandas dos imigrantes não sejam separadas das suas demandas. Só a unidade dos trabalhadores com os imigrantes e refugiados, lutando por plenos e iguais direitos pode dar uma verdadeira saída para a crise, exigindo o fim das intervenções nos países africanos, o fim do mercado de escravos, a abertura das fronteiras, e condições de trabalho e moradia dignas para os imigrantes, fazendo com que a conta da crise econômica, política e social que vivemos hoje, não seja descarregada nas costas dos trabalhadores e setores oprimidos, mas que seja paga pelos seus donos, os capitalistas. Por Cássia Silva
Créditos: Esquerda Diário
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