Para os trabalhadores e a juventude, após um ano de governo Temer, a sensação com relação à economia é a de que o que já estava ficando ruim passou a piorar e rapidamente. Já no começo do segundo governo Dilma, com as medidas neoliberais de Joaquim Levy, o governo já anunciava medidas de duros ajustes contra os trabalhadores para supostamente “tirar o país da crise”.
Com o Golpe, a crise econômica não foi superada, pelo contrário, seguiu em cena e se acelerou junto a um processo de deterioração das condições de vida dos trabalhadores. Porém, é preciso lembrar, que a crise econômica já estava dando seus sinais antes do Golpe por conta dos efeitos da crise econômica mundial de 2008, da queda dos preços do petróleo e ainda, devido às próprias medidas de ajuste neoliberal de Dilma, como os cortes na saúde e na educação veja aqui.
Neste artigo mostraremos alguns motivos pelos quais após um ano de governo Temer, a economia e os trabalhadores não tem o que comemorar, ao contrário do que afirma a grande mídia burguesa, Temer e Henrique Meirelles.
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A crise econômica atual com um quadro de recessão representado por uma importante queda no PIB em 2016 de -3,6% e por um decréscimo constante na produção industrial e no nível de emprego. São vários números que ilustram uma realidade muito diferente daquela comemorada pelos golpistas, sobretudo pelos banqueiros e pelo imperialismo, sendo estes últimos, os únicos setores para os quais o governo Temer ganhou popularidade como destacou o colunista do Estadão Celso Ming nesta quinta-feira, 11.
De fato, como há um ano denunciamos no Esquerda Diário (veja aqui), existem mil laços que unem o Golpe de 2016 aos interesses imperialistas como a própria Lava-Jato, os interesses sobre o Pré-Sal. Não que tais interesses já não estivessem presentes nos governos de Lula e Dilma – sobretudo pelo mecanismo fraudulento da dívida externa, pelas concessões e os Leilões do Pré-Sal, porém, o Golpe serviu decisivamente para fortalecê-los.
Celso Ming colunista de economia do jornal burguês e golpista Estadão, assim como artigo publicado na BBC Brasil, argumentam que o balanço de um ano do governo golpista de Temer e de seus ataques seria positivo em relação à economia. Vejamos em alguns exemplos, se de fato este tipo de análise interessada realmente corresponde à realidade do ponto de vista dos trabalhadores.
O primeiro comemorado pelos economistas burgueses e pelo governo é o “controle da inflação”, que após as medidas de ajuste do Banco Central estariam se “normalizando” num patamar inferior aos dados do segundo governo Dilma. Por exemplo, no final do segundo Governo Dilma, a inflação seria de 9,28% e após 1 ano de Golpe: 4,08%. Porém, o chamado “controle da inflação” pelos governos é na verdade uma busca pela manutenção do nível de renda dos mais ricos e de seus investimentos. Assim, estes números são resultado da própria recessão (na qual a produção de riquezas, o emprego e a renda diminuíram reduzindo a demanda por consumo, investimento e crédito) e dos cortes nos gastos públicos do governo, enquanto o dinheiro para a dívida pública continua fluindo para os bancos internacionais e os lucros dos empresários estão salvos da desvalorização.
Do ponto de vista dos mais pobres dos trabalhadores, a inflação está longe de ter caído significativamente como tentam enganar os dados do governo. Segundo dados de pesquisa do DIEESE, em abril, o custo do conjunto de alimentos da cesta básica aumentou nas 27 capitais brasileiras. As maiores altas foram registradas em Porto Alegre (6,17%), Cuiabá (5,51%), Palmas (5,16%), Salvador (4,85%) e Boa Vista (4,71%). As menores elevações foram observadas em Goiânia (0,13%) e São Luís (0,35%).
Estes dados evidenciam como o custo de vida não caiu pela metade. O que houve e continua ocorrendo é um processo de transferência de renda mais acelerado, a partir do golpe, dos mais pobres para os mais ricos a medida em que cresce o desemprego e se precariza o trabalho e a vida da população com os ajustes e as reformas de Temer.
O salário mínimo também é uma amostra de como as medidas de Temer não favoreceram a economia do ponto de vista dos trabalhadores. Em primeiro lugar, o salário mínimo está longe de corresponder as necessidades dos trabalhadores, e isto desde os governos anteriores. Segundo pesquisas do DIEESE, em abril de 2017, o salário mínimo necessário para atender às necessidades de uma família de 4 pessoas era de R$ 3.899,66, ou 4,16 vezes o mínimo de R$ 937,00. Na comparação com abril de 2016, o salário mínimo necessário foi um pouco menor: R$ 3.716,77, ou 4,22 vezes o piso vigente (R$ 880,00).
Em segundo, lugar, o salário mínimo proposto pelo governo em 2018 – de 969 reais - não sofrerá nem um aumento real sequer, ou seja, acima da inflação, que foi calculada pelo governo em 4,3% ao ano: um número já muito distante, irrealista, em relação ao que as famílias dos trabalhadores percebem no dia-a-dia, com os preços dos serviços e alimentos.
Tal realidade de arrocho salarial que também afetou o funcionalismo público, com salários congelados, com trabalhadores diretamente exonerados pelo governo ou terceirizados, como vimos com a crise no Rio de Janeiro agravada nos últimos meses.
Assim, a manutenção de salários em desvalorização, seja por meio do salário mínimo menor, pelo arrocho dos patrões, e pela inflação de produtos essenciais – cesta básica, combustíveis, tarifas e impostos e pela deterioração e privatização dos serviços públicos, são fatores que colaboraram para o aumento nos lucros de empresários como é o caso dos bancos privados.
Outro fator comemorado pelos analistas burgueses é o crescimento nas exportações e na produção agrícola (sendo que parte deste crescimento da safra de grãos exportáveis ocorreu por questões climáticas). Ora, se o mercado interno está desaquecido, ou seja, se as pessoas compram menos dentro do país devido à recessão e ao desemprego e sobram mais mercadorias que podem ser exportadas.
Quanto ao nível de emprego, os sinais de “recuperação” não são concretos, mas o que burguesia e Temer alardeiam é que “as reformas gerarão mais emprego no futuro”. Os últimos dados do IBGE, mostram que as demissões continuam nos principais setores produtivos no país, na indústria, na agricultura e na construção civil.
Como mostrou a pesquisa: no trimestre janeiro / março de 2017, havia aproximadamente 14,2 milhões de pessoas desocupadas (pessoas em idade para trabalhar mas sem emprego) no Brasil. Este contingente apresentou crescimento de 14,9% frente ao trimestre de outubro a dezembro de 2016, quando a desocupação foi estimada em 12,3 milhões de pessoas. E na comparação com igual período de 2016 esta estimativa subiu 27,8%, significando um adicional de 3,1 milhões de pessoas desocupadas na força de trabalho em 1 ano. Sendo assim, a taxa de desocupação foi estimada em 13,7% no trimestre janeiro / março de 2017. Essa foi a maior taxa de desocupação desde 2012, segundo IBGE.
Com relação aos setores da economia, entre janeiro e março deste ano na comparação com o mesmo período de 2016, o emprego caiu nos setores: da construção (-9,5% ou -719 mil pessoas), da agricultura, pesca e pecuária (-8,0% ou -758 mil pessoas), indústria (-2,9% ou -342 mil pessoas) e serviços domésticos (-2,9% ou -184 mil pessoas). Estes números, mostram um pouco mais de perto qual a “rosto” do desemprego que os golpistas querem esconder.
Os últimos aspectos da economia comemorados pelos golpistas são as concessões, as privatizações, leilões e as reformas trabalhista e da previdência que são promessas de grande lucros para os bancos, para os empresários e o imperialismo. Enquanto isso, significam o desmontes dos serviços públicos e o seu consequente encarecimento para a população (e aumento na precarização do trabalho e desemprego para o funcionalismo) como no caso dos serviços como o dos Correios, da educação e da saúde públicas.
Ainda segundo “Celso Ming” do Estadão, em sua coluna do dia 11: “ a recuperação é frágil e a maioria no Congresso também. Um fracasso na aprovação das reformas pode pôr tudo a perder. Nesse caso, nem o ladrar dos cães apontará para algum avanço.” Ao contrário de gerar empregos e ser benéfica para os trabalhadores e para a economia, a reforma trabalhista e previdenciária, fará, dentre outras consequências nefastas, os trabalhadores trabalharem mais e em piores condições (com perda de direitos como férias, seguro-desemprego...) para garantir de um lado, o roubo da dívida pública para os bolsos dos bancos e de outro, o lucro dos patrões pelo aumento na exploração do trabalho.
O otimismo dos economistas burgueses reside na expectativa de aprovação das reformas, porém, a classe trabalhadora organizada e independente, lutando pelos seus métodos como na greve geral do último dia 28, é capaz de frear, barrar e ainda, para que a classe trabalhadora tome em suas mãos os rumos da política e da economia do país, é preciso lutar para uma verdadeira mudança nas regras do jogo através de uma eleição para uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana como apresentado aqui.
Créditos: Esquerda Diário
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