O Instituto Saúde e Sustentabilidade divulgou na segunda-feira (14), um estudo revelando que os poluentes atmosféricos foram a causa de 31 mortes precoces por dia no estado de São Paulo, em 2015. Com base no Relatório de Qualidade do Ar do mesmo ano elaborado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o estudo demonstrou que o total de óbitos causados pela poluição – 11.200, em 2015 – é maior que as mortes causadas por acidentes de trânsito (7.867), câncer de mama (3.620) ou aids (2.922).
Para efeito de comparação, permanecer duas horas no trânsito da capital equivale a fumar um cigarro, segundo o estudo. Contudo, as políticas públicas destinadas ao combate à poluição não têm o mesmo apelo daquelas realizadas contra os males do tabaco.
Doenças cardio e cerebrovasculares, tais como arritmia, infarto do coração e derrame cerebral, representam 80% dos efeitos da poluição do ar. Ela é causa comprovada dos cânceres de pulmão (o mais letal dos tumores) e de bexiga. O ar poluído está também relacionado à metade dos casos de pneumonia em crianças.
Para o diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Saldiva, um dos autores do estudo, "é inaceitável que um problema de saúde pública desta dimensão continue invisível". O especialista defende a substituição dos padrões adotados pela Cetesb para avaliar a qualidade do ar, menos rigoroso do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a OMS, a poluição do ar causou 8 milhões de mortes precoces no mundo, em 2015, e é atualmente a principal causa de morte por complicações cardiorrespiratórias – tais como arritmia, infarto do coração e derrame cerebral – relacionadas ao meio ambiente e de câncer de pulmão.
O engenheiro Raimundo Nóbrega, também especialista em poluição do ar pela USP, destaca que países como França e Inglaterra decidiram banir, até 2040, os motores movidos a combustão, que deverão ser substituídos pelos elétricos.
Mais do que alteração no tipo de propulsão dos veículos, Raimundo defende mudanças no sistema de modalidade das cidades. "A prioridade, no caso da mobilidade urbana, teria que ser o transporte coletivo, e não o transporte individual."
Ele reivindica mudança de "mentalidade" dos políticos, com maior atenção para modalidades de transporte como o metrô, e de "costumes", por parte da população, para que se abandone o automóvel como símbolo de status.
Créditos: Rede Brasil Atual
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