RBA - Um Estado que retoma o ideário neoliberal e fortalece seu poder repressivo para conter parte da população "indesejável". Esse é o modelo que caracterizaria a "pós-democracia", conceito utilizado pelo juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e doutor em Direito Rubens Casara.
No Brasil, esse Estado adquire características próprias, já que o país "se acostumou com o autoritarismo", segundo o jurista. "As grandes transformações brasileiras foram feitas de cima pra baixo, sem grandes rupturas, de modo a se mudar para que as coisas continuassem do jeito que estavam, a chamada lógica de Lampedusa. O brasileiro foi levado a acreditar no uso da força, da violência para resolver os mais variados problemas", aponta.
E se em outros períodos da História o fascismo foi um obstáculo para a efetivação do capitalismo, hoje ele se tornou um aliado. "Práticas fascistas são fundamentais nesse controle da população e na formatação de um pensamento homogêneo que é interessante para a sociedade de consumo, já que a diferença no contexto do Estado Pós-Democrático, para a razão neoliberal, só é admitida se puder ser transformada em mercadoria."
Na entrevista concedida em meio à realização do 23º Seminário Internacional de Ciências Criminais, promovido pelo Ibccrim, Casara aborda o papel da cultura do ódio nesse cenário e fala sobre a aparente passividade da população diante da retirada de direitos em curso no país. "Temos que nos interpretar, saber o que queremos, verificar qual a nossa responsabilidade pelo que estamos vivendo e partir para a ação. Iniciar um processo de mudança, ou que seja apenas para caminhar. Hoje nós não estamos andando."
Créditos: Rede Brasil Atual
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