Na última semana foi divulgado o Atlas da Violência 2019, que revela dados assustadores sobre os homicídios de pessoas pretas e pardas no país. O estudo foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Em 2017, 75,5% das vítimas de homicídios foram indivíduos negros, definidos no estudo como a soma de indivíduos pretos ou pardos, segundo a classificação do IBGE, utilizada também pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
A taxa de homicídios foi de 43,1 para cada 100 mil pessoas negras. Enquanto isso, a taxa observada para pessoas não negras (brancas, amarelas e indígenas) foi de 16 para cada 100 mil.
Os dados mostraram que, proporcionalmente às respectivas populações, para cada indivíduo não negro que sofreu homicídio em 2017, aproximadamente, 2,7 negros foram mortos.
Houve uma piora na desigualdade de letalidade racial no Brasil. No período de uma década (2007 a 2017), a taxa de homicídios de pessoas negras cresceu 33,1%. No mesmo período, a taxa de homicídios de pessoas não negras cresceu 3,3%.
Analisando apenas o último ano, enquanto a taxa de mortes de negros cresceu 7,2%, a de não negros apresentou relativa estabilidade, com redução de 0,3%.
Os cinco estados com maiores taxas de homicídios de negros estão localizados na região Nordeste. Em 2017, o Rio Grande do Norte apresentou a taxa mais alta, com 87 mortos a cada 100 mil habitantes negros, mais do que o dobro da taxa nacional, seguido por Ceará (75,6), Pernambuco (73,2), Sergipe (68,8) e Alagoas (67,9).
O Rio Grande do Norte apareceu nessa lista como detentor do maior índice de crescimento de homicídios de negros na década: 333,3%. Seguindo a lista, outros estados com crescimento acentuado desse índice foram Acre (+276,8%), Ceará (+207,6%) e Sergipe (155,9%).
Os estados com as menores taxas de homicídio de negros foram São Paulo, com 12,6 negros a cada 100 mil habitantes deste segmento; Paraná, com 19,0; e Piauí, com 21,5. Ressalte-se que oito unidades da federação observaram redução nesta taxa entre 2007 e 2017: São Paulo (-40,7%), Distrito Federal (-40,4%), Espírito Santo (-18,1%), Rio de Janeiro (-12,9%), Paraná (-11,9%), Mato Grosso do Sul (-11,4%), Minas Gerais (-4,9%) e Pernambuco (-0,9%). O Paraná continua sendo o único estado a observar taxa de homicídio de não negros superior à de negros: 26,5 contra 19,0.
Créditos: Observatório do Terceiro Setor
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