Marcelline é uma jovem cristã que vive a poucos quilômetros de Jerusalém, onde estão alguns dos lugares mais sagrados de sua religião. Contudo, por ser uma palestina de Belém, na Cisjordânia, ela precisa da permissão do governo de Israel para visitar tais locais, e nem sempre essa autorização é dada. Sua situação é compartilhada por milhares de conterrâneos, que esperam que a viagem do papa Francisco à Terra Santa, entre 24 e 26 de maio, sirva para jogar luz sobre a questão e sensibilizar as autoridades israelenses.
"Às vezes acredito que é mais fácil ir aos Estados Unidos do que a Jerusalém", disse Marcelline para a entidade Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), fundação de direito pontifício fundada em 1947 e sediada na Alemanha. "Não deveria ser necessária uma permissão para visitar os lugares caros à nossa fé", acrescenta a jovem, que no último Domingo de Ramos participou ao lado da família de uma procissão em comemoração à entrada de Jesus em Jerusalém.
O evento acontece anualmente em todas as partes do mundo, inclusive na Palestina. Mas desta vez, ao menos na Cisjordânia, as atenções estavam voltadas para a futura passagem do Pontífice pela Terra Santa, uma ocasião muito esperada pelos católicos locais, que pedem uma intervenção de Francisco para resolver os seus problemas.
"Papa Francisco, a Palestina quer justiça!", diziam alguns cartazes levantados por fiéis na tradicional procissão entre Betfagé e Jerusalém. "Esperamos com ansiedade a vinda do Papa. Ele visitará os cristãos da Palestina e contará ao mundo o drama dos fiéis obrigados a viver do lado de lá dos muros e do arame farpado", disse, também à AIS, a palestina Susanne, que participou da caminhada do Domingo de Ramos com os filhos.
Segundo Rifat Kassis, representante da organização cristã Kairos Palestine, o início da construção da barreira entre Israel e Cisjordânia tornou muito mais difícil a entrada de pessoas dos territórios ocupados no país. Além disso, um número crescente de palestinos denuncia disparidades e irregularidades na concessão de permissões por parte do governo israelense. "O sistema de autorizações parece não ter qualquer lógica. Dentro de uma mesma família só é permitido o acesso a alguns membros", explica Yusef Daher, do Centro Intereclesial de Jerusalém.
No último dia 14 de abril, um porta-voz de Israel rebateu as acusações e disse que, das 16 mil solicitações de palestinos para a Semana Santa, 14 mil foram aceitas. "Continuamos a avaliar os outros pedidos. Ainda faltam alguns dias para a Páscoa cristã", acrescentou.
Créditos: Jornal do Brasil
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