terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Um salário de deputado é a renda de 20 anos para 15 milhões de brasileiros

Uma triste realidade foi divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 15,2 milhões de brasileiros estavam em situação de extrema pobreza no ano passado. Isso significa que eles viviam em 2017 com renda inferior a US$ 1,90 por dia, o equivalente a cerca de R$ 140 por mês.
Enquanto isso, os parlamentares no Brasil (deputados e senadores) têm um salário de R$ 33.763 (35 vezes o salário mínimo atual), auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça para morar, verba de R$ 92 mil para contratar até 25 funcionários, e verba de R$ 30.416,80 a R$ 45.240,67 por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículo e escritório, divulgação do mandato e outras despesas.
Considerando apenas o salário, sem os benefícios, um parlamentar recebe por mês o equivalente a toda a renda de um brasileiro em situação de extrema pobreza em 20 anos. A desigualdade é tão grande no Brasil que o país ocupa agora o 9º lugar no ranking global de desigualdade de renda, segundo o relatório ‘País Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras’, . Oxfam.

domingo, 16 de dezembro de 2018

A extrema pobreza voltou aos níveis de 12 anos atrás

Ao deixar em 2014 a relação de países que têm mais de 5% da população ingerindo menos calorias do que o recomendável, o Brasil atingiu um feito inédito: saiu do Mapa da Fome da ONU. Mas, após três anos do feito, um relatórios de 20 entidades da sociedade civil, publicado em julho do ano passado, alertava sobre os riscos de o país retornar ao mapa indesejado.

O economista Francisco Menezes, pesquisador do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e da ActionAid Brasil, fez parte da equipe que elaborou o relatório. Nesta entrevista à Pública, o também especialista em segurança alimentar conta que no final deste mês um novo documento atualizado da sociedade civil será lançado. E alerta: “A nossa nova advertência já leva a quase uma certeza”. Essa quase certeza, ele diz, é de que o Brasil voltará ao Mapa da Fome. “Toda a experiência sempre mostrou que os números da extrema pobreza com os números da fome são muito próximos.”

Em relação à pobreza e extrema pobreza, por exemplo, levantamento da ActionAid Brasil indica que nos últimos três anos — 2015-2017 — o país voltou ao patamar de 12 anos atrás no número de pessoas em situação de extrema pobreza. Ou seja, mais de 10 milhões de brasileiros estão nessa condição (veja o gráfico abaixo). “Isso nos leva a crer que aquela correlação pobreza versus fome sugere fortemente que a gente já está, neste momento, numa situação ruim, que deve aparecer com os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares — POF — do final de 2018.” Leia mais aqui
Créditos: El País

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Brasil tem 5,2 milhões de crianças e jovens na extrema pobreza

As crianças e os adolescente são os mais afetados pela pobreza no Brasil. De acordo com o estudo ‘Síntese de Indicadores Sociais – Uma Análise das Condições de Vida’, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017, 12,5% da população brasileira de 0
a 14 anos vivia na extrema pobreza e 43,4% na pobreza. Em números absolutos, são 5,2 milhões de brasileiros de 0 a 14 anos na extrema pobreza e 18,2 milhões na pobreza.
São considerados em situação de extrema pobreza as pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia, o que equivale a aproximadamente R$ 140 por mês. Já a linha de pobreza é de rendimento inferior a US$ 5,5 por dia, o que corresponde a cerca de R$ 406 por mês.
Historicamente, o Brasil sempre foi um país com pobreza concentrada em crianças e jovens, embora a condição destes grupos tenha melhorado nas últimas décadas com a implementação de programas sociais, como o Bolsa Escola, nos anos 90, depois incorporado ao Bolsa Família.
Em 2017, o Brasil tinha 54,8 milhões de pessoas que viviam com menos de R$ 406 por mês, dois milhões de pessoas a mais que em 2016. Portanto, a proporção da população em situação da pobreza subiu de 25,7% para 26,5%.
A região Nordeste concentra o maior percentual de pessoas em situação de pobreza, com 44,8%, o que equivale a 25,5 milhões de pessoas. Entre os estados, o Maranhão tem a maior proporção de pessoas em situação de pobreza, com 54,1%, seguindo de Alagoas, com 48,9%.
Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT) foram as duas únicas capitais onde o contingente de pessoas que ganham menos de R$ 406 por mês superava a dos respectivos estados: em Porto Velho era 27%, contra 26,1% em Rondônia; em Cuiabá, 19,2%, contra 17,1% no Mato Grosso. Por: Isabela Alves.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

23% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que 23% dos jovens brasileiros não trabalham e nem estudam (jovens nem-nem), na maioria mulheres e de baixa renda, um dos maiores percentuais de jovens nessa situação entre nove países da América Latina e Caribe. Enquanto isso, 49% se dedicam exclusivamente ao estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo tempo.
As razões para esse cenário, de acordo com o estudo, são problemas com habilidades cognitivas e socioemocionais, falta de políticas públicas, obrigações familiares com parentes e filhos, entre outros. No mesmo grupo estão o México, com 25% de jovens que não estudam nem trabalham, e El Salvador, com 24%. No outro extremo está o Chile, onde apenas 14% dos jovens pesquisados estão nessa situação. A média para a região é de 21% dos jovens, o equivalente a 20 milhões de pessoas, que não estudam nem trabalham.

O estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar? sobre jovens latino-americanos foi lançado este mês, durante um seminário no Ipea, em Brasília. Os dados envolvem mais de 15 mil jovens entre 15 e 24 anos de nove países: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai.
De acordo com a pesquisa, embora o termo nem-nem possa induzir à ideia de que os jovens são ociosos e improdutivos, 31% dos deles estão procurando trabalho, principalmente os homens, e mais da metade, 64%, dedicam-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres. “Ou seja, ao contrário das convenções estabelecidas, este estudo comprova que a maioria dos nem-nem não são jovens sem obrigações, e sim realizam outras atividades produtivas”, diz a pesquisa.
Apenas 3% deles não realizam nenhuma dessas tarefas nem têm uma deficiência que os impede de estudar ou trabalhar. No entanto, as taxas são mais altas no Brasil e no Chile, com aproximadamente 10% de jovens aparentemente inativos.
Créditos: Agência Brasil.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Após impeachment, Brasil perdeu mais de 2,3 milhões de postos de trabalho formal

A crise no mercado de trabalho fez o Brasil perder mais de 2,3 milhões de postos de trabalho formal em dois anos. É o que aponta o levantamento divulgado ontem (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o levantamento, o país encerrou 2017 com 54,2 milhões de trabalhadores formais. Em 2015, eram 56,5 milhões de trabalhadores formais.

Já o trabalho informal aumentou em 1,2 milhão o seu contingente neste mesmo período. Em 2015, havia no Brasil 36,1 milhões de trabalhadores informais. Esse número chegou a 37,3 milhões em 2017. Editado.
Créditos: G1

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Vida na periferia de São Paulo é 23 anos mais curta

 O capitalismo que faz com que milhares de trabalhadores tenham que viver com baixos salários e sem ter todos os meios necessários para que a grande maioria dos indivíduos da sociedade tenham que sobreviver, é um dos motivos que faz com que a expectativa de vida diminua em relação a periferia. São várias consequências que este sistema que visa buscar o lucro para a minoria trás para o trabalhador, consequências estas como estresse, depressão, não ter dinheiro para comprar o remédio, saúde precária, longa jornada de trabalho em condição insalubre e além disso ter que conviver com a repressão policial.
Em São Paulo, a desigualdade fruto do sistema capitalista mostra muito bem esta faceta cruel que é reservada para os trabalhadores e demais setores populares da sociedade. De acordo com o mapa da Desigualdade, Paulistanos da periferia morrem até 23 anos mais cedo do que moradores de áreas nobres. No extremo leste da cidade, a idade média ao morrer é menor que a expectativa no Congo.
O absurdo é imenso, que os poucos 37 quilômetros de distância entre o Shopping Iguatemi, que fica na rica região do Jardins, e o coração do bairro periférico da Cidade Tiradentes mostram bem esta cruel faceta. Enquanto na região rica citada, os moradores viveram em média 81,58 anos, idade média de vida comparado a um país como á Áustria, um morador da Cidade Tiradentes vive 58,4 anos de vida, 1,4 anos menos do que se vive na República Popular do Congo.
A periferia de São Paulo e a Cidade de Tirandentes pertencem ao Brasil de meio século atrás, quando a idade com que se morria no país era equivalente á media de 58,4 anos que os moradores do bairro periférico morram hoje. Isto só mostra que o capitalismo, consegue trazer atraso para aqueles que não possui uma condição de vida digna para poder manter a sua existência.
Os números escandalosos e alarmantes não param por ai. Na região de Artur Alvin, na Zona Leste de São Paulo, a mortalidade infantil chega a 21,34 de cada mil bebês nascidos. Em relação ao bairro do Socorro, localizado na Zona Sul de São Paulo, este número despenca para 2,54, algo que pode ser comparado com o que foi registrado na Noruega, de acordo com as Nações Unidas. As Inúmeras mortes de bebês talvez possam ser explicadas pelo alto número de mulheres que não realizam o pré natal de forma adequada nos bairros periféricos. Já em Moema, bairro nobre de São Paulo, apenas 4,17% de mães de bebês nascidos 2017 não fizeram ao menos sete consulta com um obstetra da região. No Itaim Paulista, Zona Leste da cidade de São Paulo, esse número cresce para 31,2%
Como colocado, enquanto o trabalhador é obrigado a viver uma condição de vida precária que o capitalismo impõe, a população mais rica da cidade tem a disposição todo aparato para poder ter uma alta expectativa de vida, os trabalhadores que vivem apenas de um salário para poder sobreviver, não possui as condições necessária para manter a sua existência. Isso é escandaloso, se formos pensar que são os trabalhadores que tudo produzem e fazem a sociedade se movimentar, mas não ficam com o seu trabalho porque são explorados pelos grandes capitalistas
O golpe institucional em 2016 que teve só existiu para implementar medidas muito mais duras do que o PT já vinha implementando durante o seu governo, conseguiu implementar medidas como a Pec do Teto que limita o investimento em áreas como a Saúde Pública. O governo do reacionário Jair Bolsonaro apenas tende a aprofundar este caos expresso em números preocupantes, porque pretende aprofundar com as medidas contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade que Temer já estava implementando.
Créditos: Esquerda Diário

sábado, 24 de novembro de 2018

Brasileiros trabalham 5 meses só para pagar impostos

A cada 12 meses de trabalho, os brasileiros gastam em média o salário de cinco meses e dois dias pagando impostos, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). São 153 dias de trabalho.
O tempo representa o dobro do que se trabalhava na década de 1970 (dois meses e 16 dias em média) para pagar a tributação, segundo o IBPT.
Entre os impostos que mais pesam sobre os contribuintes, o campeão é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)responsável por 21% do total. Em seguida vêm o INSS, com 18%, e o Imposto de Renda (IR), com 17%.
Dependendo da faixa de renda, as pessoas pagam proporcionalmente mais ou menos impostos. Quem ganha até R$ 3 mil compromete em média com 39,62% do salário com impostos. De R$ 3 mil a R$ 10 mil (classe média), são 44,54%. Na faixa mais alta, com rendimento mensal acima de R$ 10 mil, são 42,62%.
Esse sistema contribui para a desigualdade no país. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas, o país é o 10° mais desigual do mundo. Além disso, de acordo com a ONG Oxfam, apenas seis brasileiros acumulam a mesma riqueza que 50% da população mais pobre do país.
E pior do que ter uma carga tributária alta é ter pouco retorno.  Nas últimas cinco edições do Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (IRBES), o Brasil aparece como o último colocado quando o assunto é retorno do valor arrecadado em impostos na forma de serviços públicos.

sábado, 17 de novembro de 2018

Fim do Mais Médicos pode causar 'estado de calamidade', diz Confederação de Municípios

Com a decisão de Cuba de sair do programa Mais Médicos, 1.575 municípios brasileiros participantes que dependem exclusivamente de médicos cubanos serão afetados. Por todo o país, cerca de 28 milhões de pessoas poderão ficar temporariamente sem assistência básica de saúde. Os dados são da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas ) e foram sistematizados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM ).
Em nota divulgada nesta quinta-feira, a CNM diz que o anúncio do governo cubano de rescindir a parceria "aflige" prefeitos que fazem parte da confederação. Para a entidade, a situação é de extrema preocupação, podendo levar a "estado de calamidade pública, e exige superação em curto prazo”.
A CNM afirma que entrou em contato com o atual governo federal e com o governo de transição para buscar soluções alternativas com objetivo de garantir a manutenção dos serviços de atenção básica de saúde.

O presidente da CNM, Glademir Aroldi, defendeu a importância do programa e disse que a entidade está "preocupada":
- Estamos preocupados porque o programa é importante mas vamos tentar encontrar alternativas. Nós precisamos manter o programa - afirmou Aroldi ao GLOBO.
Ainda segundo a entidade, um estudo apontou que na última década o gasto com o setor de Saúde sofreu uma defasagem de 42%, o que sobrecarregou os cofres municipais. “Os municípios, que deveriam investir 15% dos recursos no setor, já ultrapassam, em alguns casos, a marca de 32% do seu orçamento, não tendo condições de assumir novas despesas”.
A confederação diz que aposta no diálogo para que a situação seja resolvida. "Acreditamos que o governo federal e de transição encontrarão as condições adequadas para a manutenção do Programa”, diz a nota. Editado.
Créditos: O Globo

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Brasil nunca esteve menos solidário

De acordo com o relatório World Giving Index 2018, conhecido como ranking global de solidariedade, o Brasil se tornou menos solidário este ano. O país saiu da posição número 75 e foi para o 122º lugar no ranking geral, que é composto por 144 países.
O levantamento registra o número de pessoas que, no mês anterior à consulta, doaram dinheiro para uma organização da sociedade civil, ajudaram um estranho ou fizeram trabalho voluntário. Para a composição do relatório, foram entrevistados mais de 150 mil pessoas em 146 países.
No Brasil, o relatório aponta que houve uma queda acentuada em referência à doação de dinheiro: passou de 21% em 2017 para 14% dos entrevistados neste ano. De acordo com a publicação, foi o menor número registrado. O declínio foi maior entre as mulheres, passando de 23% para 13%, e entre as pessoas que estão na faixa de 30 a 49 anos: de 22% foi para 11%. Já entre as pessoas com mais de 50 anos, o índice caiu de 32% para 25%.
O estudo é realizado pela Charities Aid Foundation, instituição com sede no Reino Unido, e que no Brasil é representada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS). De acordo com a diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani, a recessão econômica fortaleceu o individualismo na sociedade, o que leva as pessoas a se preocuparem mais em se proteger e não realizar muitas ações solidárias. Por Caio Lencioni. Foto: FB.

domingo, 4 de novembro de 2018

Fim da estabilidade do servidor público é aprovada na CCJ do Senado Federal


A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal aprovou novas regras para a demissão por “insuficiência de desempenho” de servidor público estável. As regras se aplicam a todos os níveis da Federação e a todos os poderes.
As avaliações de desempenho serão anuais e realizadas por uma comissão, que levarão em consideração fatores fixos, como produtividade e qualidade do serviço, e variáveis, como inovação, responsabilidade, capacidade de iniciativa e foco no usuário/cidadão. Os fatores fixos contribuem com metade da nota final, e os variáveis correspondem, cada um, a até 10% da nota.
O servidor será classificado dentro seguinte escala: superação (igual ou superior a 8 pontos); atendimento (igual ou superior a 5 e inferior a 8 pontos); atendimento parcial (igual ou superior a 3 pontos e inferior a 5 pontos); e não atendimento (abaixo de 3 pontos).
A demissão poderá ocorrer se o servidor público estável obtiver o conceito de não atendimento nas duas últimas avaliações ou se não atingir o conceito atendimento parcial na média das 5 últimas avaliações.
A avaliação de desempenho não mais será realizada pelo chefe imediato de cada servidor. A justificativa para a mudança é de que o chefe imediato, nem sempre, é um servidor estável, podendo ser um comissionado sem vínculo efetivo com a administração pública. As entidades representativas dos servidores também entendem que não é razoável deixar a avaliação exclusivamente a cargo da chefia imediata.
A periodicidade de 1 ano foi determinada para não gerar carga de atividades acima das capacidades dos órgãos públicos. A avaliação deverá ser feita entre 1º de maio de um ano e 30 de abril do ano seguinte.
Os servidores vinculados a atividades exclusivas de Estado só poderão ser exonerados por insuficiência de desempenho mediante processo administrativo específico, conduzido nos ritos do processo administrativo disciplinar. Fonte: Brasil 247.
Créditos: Focando a Notícia

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Proposta de Bolsonaro ameaça aposentadoria de 51 milhões de trabalhadores

Os cerca de 51 milhões de trabalhadores que contribuem com o INSS correm o risco de ver o sonho de aposentadoria ir por água abaixo. A Reforma da Previdência proposta por Jair Bolsonaro defende a criação de um modelo de capitalização com contas individuais, que substituiria o atual sistema. O modelo de capitalização por contas individuais já foi adotado na Argentina e no Chile com resultados catastróficos. 

Nos dois casos, os governos tiveram que voltar atrás e fazer novas reformas.
Marilane Teixeira, pesquisadora do Cesit, Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho, conta que, nos anos 90,  a Argentina optou por um modelo de contribuição que migrava para um sistema privado. 
"A experiência com o regime de capitalização tem se demonstrado um verdadeiro fracasso, porque quando se contrata um sistema de capitalização, é como se estivesse contratando uma seguradora. E apenas dois terços do que você está contribuindo mensalmente vai para o fundo. Um terço paga as taxas da seguradora”, disse.
Além disso, o valor do fundo é aplicado em títulos de dívidas públicas, outros fundos e ações, cuja rentabilidade a longo prazo pode não ser a esperada.
“É uma das operações das mais arriscadas. Essas seguradoras não dão absolutamente nenhuma segurança sobre isso. A experiência da Argentina foi tão fracassada que, no ano passado, eles tiveram que propor uma outra reforma”, disse.
No Chile, a experiência com o sistema de capitalização aconteceu na época da ditadura militar do general Pinochet e gerou uma grave crise na hora de pagar as aposentadorias.
“Elas começaram a se aposentar com uma renda em torno de 20% a 30% do que elas recebiam na ativa. Então, o que aconteceu no Chile. O estado está tendo que complementar a renda dos mais pobres. Porque o que elas estão recebendo hoje de benefício não é suficiente para sobreviver”, disse.
Se aplicada a proposta de Jair Bolsonaro para a previdência, a mudança será introduzida paulatinamente e os trabalhadores terão que escolher entre o sistema “novo” e o “velho”.
Hoje, é aplicado o modelo de repartição, onde as contribuições das empresas, dos trabalhadores e dos recursos da Seguridade Social cobrem as despesas com o pagamento de benefícios e aposentadorias.
No Brasil, o sistema de pagamento das aposentadorias foi fortalecido pelos governos petistas a partir de 2002, como explica o ex-ministro da Previdência Social, nos governos Lula e Dilma, Carlos Alberto Gabas.
“Existia, após a Constituição [em 1988], um sistema de proteção social fundamentado no conceito de seguridade social, que é Previdência, Assistência e Saúde. E depois que o Lula foi eleito, em 2002, iniciou o governo em 2003, fortalecendo essas políticas ampliando a proteção social, garantindo mais recursos para que este sistema pudesse, de fato, alcançar as pessoas mais pobres”, disse.
O plano de Bolsonaro fala em “criar um fundo de reforço da Previdência”, mas não diz de onde deverá vir este dinheiro. Isso porque, no modelo atual, o pagamento dos benefícios e aposentadorias em vigor depende das contribuições mensais e, por conta da transição, deixaria de existir. Por Juca Guimarães. Edição: Katarine Flor.
Créditos: Brasil de Fato

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Substâncias tóxicas matam um trabalhador a cada 15 segundos

De acordo com o relator especial da ONU sobre direitos humanos e substâncias e resíduos perigosos, Baskut Tuncak, governos e empresas precisam aumentar iniciativas para proteger trabalhadores, famílias e comunidades contra qualquer exposição a substâncias tóxicas.
Segundo uma estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em todo o mundo, um trabalhador morre a cada 15 segundos devido à exposição a produtos químicos, pesticidas, radiação, entre outras substâncias prejudiciais à saúde.  Já em referência às doenças ocupacionais, o relatório aponta que são reportados cerca de 160 milhões de casos por ano. 
Por doenças ocupacionais, o relatório classifica doenças contraídas devido a uma exposição a fatores de risco numa atividade laboral, como a exposição crônica a produtos industriais tóxicos, pesticidas, químicos agrícolas, entre outras substâncias.
Baskut Tuncak também aponta que a exposição de trabalhadores a substâncias químicas tóxicas deve ser considerada como uma forma de exploração. Além disso, Baskut aponta que os grupos que mais sofrem com essa questão são aqueles em situação de vulnerabilidade social, como crianças, trabalhadores migrantes, idosos e pessoas com deficiência. Por Caio Lencioni.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

'Populismo nasce semeando ódio, como Hitler', diz Papa

O papa Francisco afirmou na terça-feira (23), durante o lançamento de um livro em Roma, que o populismo nasce "semeando o ódio" e citou como exemplo a ascensão de Adolf Hitler.
"É importante que os jovens conheçam como cresce um populismo. Pensemos, por exemplo, em Hitler, que havia prometido o desenvolvimento da Alemanha após um governo que fracassara", afirmou o líder da Igreja Católica, na apresentação da obra "A sabedoria do tempo".
O livro defende a criação de uma "nova aliança" entre as gerações e foi lançado no Instituto Patristico Augustinianum, faculdade católica que fica a poucos passos da Praça São Pedro. "Que [os jovens] saibam como começam os populismos: você disse algo muito feio, mas muito belo: semear o ódio. Não se pode viver semeando o ódio", acrescentou o Papa.
As declarações de Francisco foram dadas em resposta à pergunta de uma moradora de Florença que dá aulas de italiano para refugiados e está preocupada com o crescimento do sentimento de ódio no país em função da crise migratória. "Essa é a estrada para o suicídio da humanidade: semear o ódio", afirmou. Foto: Aberto Pizzoli/AFP. Créditos: Jornal do Brasil.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Bolsonaro ameaça quem discordar com prisão ou exílio: 'serão banidos'

O candidato a presidente Jair Bolonaro (PSL) ameaçou neste domingo (21) opositores com prisão ou exílio. Em vídeo transmitido a apoiadores que se concentravam na Avenida Paulista, em São Paulo, o militar prometeu uma "faxina" e disse que a "petralhada", termo pejorativo com que identifica todos que discordam de seus posicionamentos "não terão mais vez". Ele também atacou movimentos sociais e ONGs, e disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai "apodrecer na cadeia". Bolsonaro também ameaçou com prisão o seu adversário no segundo turno das eleições 2018, Fernando Haddad (PT).
"A faxina agora será muito mais ampla. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão pra fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria", ameaçou Bolsonaro, que mais uma vez combinou um suposto discurso patriótico com exaltação violenta contra adversários políticos. "Essa pátria é nossa. Não é dessa gangue que tem uma bandeira vermelha". 
O candidato, acusado de se beneficiar de um esquema criminoso e milionário de caixa 2 bancado com dinheiro ilegal por uma rede de empresários, também bradou contra a corrupção, ameaçando Lula, Haddad, e também o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). "Você vai apodrecer na cadeia. E brevemente você terá Lindbergh Farias (senador do PT) para jogar dominó no xadrez. Aguarde, o Haddad vai chegar aí também. Mas não será para visitá-lo, não, será para ficar alguns anos ao teu lado." 
"Petralhada, vai tudo vocês para a ponta da praia. Vocês não terão mais vez em nossa pátria", afirmou o candidato em mais uma declaração dada para causar intimidação. "Não terão mais ONGs para saciar a fome de mortadela de vocês."
Ele também prometeu tratar como atos terroristas ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) . "Vocês, petralhada, verão uma Polícia Civil e Militar com retaguarda jurídica para fazer valer a lei no lombo de vocês", ameaçou. "Bandidos do MST, bandidos do MTST, as ações de vocês serão tipificadas como terrorismo. Vocês não levarão mais o terror ao campo ou às cidades."  Foto: Facebook.
Crédito: Rede Brasil Atual

sábado, 20 de outubro de 2018

Só este ano, 1.246 vítimas de escravidão foram resgatadas

Entre janeiro e a primeira quinzena de outubro deste ano, auditores-fiscais do Ministério do Trabalho encontraram 1.246 pessoas em situações análogas à escravidão. Comparado ao registro do ano passado (645), o número  é 93% maior.
O estado que registrou o maior número de trabalhadores em situação análoga à escravidão foi Minas Gerais (754), seguido do Pará (129) e Mato Grosso (128). As atividades em que mais se encontraram pessoas trabalhando nestas condições foram a criação de bovinos, o cultivo de café e a produção florestal (plantio de florestas).
No decorrer das operações, realizadas em 159 estabelecimentos, 651 trabalhadores foram formalizados, 601 guias de seguro-desemprego foram emitidas e R$ 1,7 milhão em verbas rescisórias foi pago aos resgatados. No meio urbano, os fiscais encontraram trabalhadores nas situações mais degradantes (869); já no âmbito rural, foram 377 casos identificados.
Maurício Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), avalia que o crescimento do número de trabalhadores encontrados em situação de escravidão moderna corresponde à eficiência das ações de combate a essa prática.
Para aqueles que desejarem saber mais informações sobre o combate ao trabalho análogo à escravidão, a ferramenta Radar disponibiliza resultados consolidados da inspeção do trabalho no Brasil. Além disso, a ferramenta também possui informações sobre o combate à informalidade, sonegação de FGTS, inserção de aprendizes e pessoas com deficiência no mercado de trabalho, entre outras informações.
Caso você saiba algo sobre pessoas que trabalham nestasem condições ilegais, as denúncias podem ser feitas nas unidades do Ministério do Trabalho em todo o país e também pelo Disque Direitos Humanos (Disque 100).Por Caio Lencioni.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Proprietários de terra devem quase 1 trilhão de reais à União


O agronegócio leva nas costas, como alegam seus defensores, as contas do Estado brasileiro? Segundo o relatório Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdade no Brasil rural, publicado pela Oxfam, não. Dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional mostram que 4.013 pessoas físicas e jurídicas detentoras de terra devem 906 bilhões de reais, uma dívida maior que o PIB de 26 estados.
O montante é equivalente a metade do que todo o estado brasileiro arrecadou em 2015. Ou aproximadamente 22 "petrolões".
Cada um dos 4.013 devedores tem dívidas acima de 50 milhões de reais. Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), há um grupo ainda mais seleto de 729 proprietários que declararam possuir 4.057 imóveis rurais, somando uma dívida de 200 bilhões de reais. As terras pertencentes a esse grupo abrangem mais de 6,5 milhões de hectares, segundo informações cadastradas no Sistema Nacional de Cadastro Rural.
O Incra estima que com essas terras seria possível assentar 214.827 famílias – considerando o tamanho médio do lote de 30,58 ha/famílias assentadas. Em outras palavras, seria possível atender, com as terras dos maiores devedores do Estado brasileiro, o dobro das 120 mil famílias que estavam acampadas demandando reforma agrária em 2015.
Em vez de cobrar os débitos, porém, o governo Temer editou em junho a Medida Provisória nº 733, concedendo mais privilégios ao setor. Segundo o relatório da Oxam, a MP permite que produtores rurais inscritos em Dívida Ativa da União e com débitos originários das operações de securitização e Programa Especial de Saneamento de Ativos liquidem o saldo devedor com bônus entre 60% a 95%. Por exemplo, dívidas acima de 1 milhão de reais devem ter descontos de 65%.
O relatório aponta outra peculiaridade: a isenção de diversos impostos. A Lei Kandir, editada em 1996, isentou o pagamento de ICMS aos produtos primários e produtos industrializados e semielaborados destinados à exportação. Segundo o relatório, essa desoneração gera perdas em torno de R$ 22 bilhões por ano aos estados. Com  promessa de ressarcimento.
Entretanto, só são ressarcidos 12% da isenção. Em 2014, a bancada ruralista emplacou mais uma benesse fiscal para o setor: a isenção de 9,25% na cobrança do PIS e Confins na venda de soja para todos os fins comerciais.
O relatório alerta também para a ineficácia do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), principal tributo no meio rural brasileiro. Apesar da progressividade do imposto em relação ao tamanho e utilização do terreno, a cobrança é responsável por apenas 0,0887% da carga tributária em 2014, porcentual médio constatado desde os anos 1990.
A injustiça fiscal do ITR fez com que os grandes e médios proprietários passassem a pagar menos imposto por hectare, caindo a média de 1,59 real por hectare em 2003 para 1,52 real em 2010, segundo os dados das áreas totais cadastradas no SNCR. (Oxfam).
Por Cauê Seignemartin Ameni
Crédito: Carta Capital

terça-feira, 16 de outubro de 2018

1 em cada 5 adolescentes enfrenta problemas de saúde mental

No mundo, um em cada cinco adolescentes enfrenta problemas de saúde mental, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização ainda revela que metade de todas as doenças mentais começa aos 14 anos.
A depressão é uma das principais causas de adoecimento entre os jovens e o suicídio é a segunda maior causa de morte entre indivíduos de 15 a 29 anos de idade, no mundo.
Entre os comportamentos mais autodestrutivos praticados pelos jovens estão o uso abusivo de álcool e drogas ilícitas, sexo desprotegido, condução perigosa de carros e transtornos alimentares.
Para mudar esse cenário, a OMS destaca que é necessário que o governo ofereça inclusão de serviços de saúde mental na cobertura universal de saúde; conscientização e capacitação de pais e professores; e atendimento psicossocial em escolas e espaços comunitários. Por Isabela Alves. Fonte: ONU Créditos: Observatório do Terceiro Setor

domingo, 14 de outubro de 2018

ONU se diz preocupada com violência em eleição no Brasil

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou em comunicado, na sexta-feira (12/10), estar "profundamente preocupada" com o clima de violência nas eleições do Brasil e apelou aos líderes nacionais.
"Pedimos aos líderes políticos e àqueles com influência que condenem publicamente qualquer ato de violência durante este período eleitoral delicado, e chamem todos os lados para que se expressem de forma pacífica e com o total respeito pelos direitos dos demais", disse a porta-voz da ONU Ravina Shamdasani.
Segundo o jornal Estadão, em declaração emitida em Genebra o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos enfatizou que considera "delicada" a situação brasileira, e pede investigações imparciais sobre os crimes registrados.
Depois do ataque a faca contra o candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro, num ato de campanha em 6 de setembro, foram registrados nos últimos dias diversos casos de agressão por questões políticas, inclusive um homicídio.
Na segunda-feira, o mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, foi assassinado a facada num bar de Salvador, após se envolver numa discussão na qual defendia o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad. O suspeito foi identificado como adepto de Bolsonaro.
Créditos: Carta Capital

sábado, 6 de outubro de 2018

Votar com lucidez

O destino do Brasil, por muitos anos, estará sendo decidido nas eleições que se aproximam. Muitíssimos eleitores, no entanto, desinformados sobre os reais interesses que estão em jogo, correm o risco de fazer escolhas sem conhecerem suficientemente e analisarem criticamente os candidatos, seus partidos, quem os financia e seus projetos.

Muitos candidatos vendem uma imagem que não corresponde à sua identidade real, à função que postulam e ao tipo de gestão que a nação necessita. Para muitos deles, o processo eleitoral se reduz ao marketing. O debate com a participação direta dos eleitores é raro. Até mesmo grande parte de comunidades cristãs se omite dessa responsabilidade.

São escandalosas as posturas alienadas de muitos cristãos e as adesões a um candidato à presidência que dissemina violência, ódio, racismo, homofobia e preconceito contra mulheres e pobres. Ele utiliza falsamente as temáticas do aborto, gênero, família e ética; faz apologia à tortura, à pena de morte e ao armamentismo; e é réu por injúria e incitação ao crime de estupro.

Ele e outros candidatos usam o “nome de Deus em vão”, o que é censurado na Sagrada Escritura, conforme o Livro do Êxodo 20,7. Manipulam a religião. Não amam a justiça. O livro da Sabedoria os adverte: “Haverá investigação sobre os projetos do injusto, o rumor das palavras dele chegará até o Senhor e seus crimes ficarão comprovados” (Sb 1,9).

Frente a esse contexto, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou uma cartilha sobre as eleições, na qual manifesta preocupação com as polarizações que culminam em ódio. Por meio dessa cartilha, a CNBB chama a atenção para a importância da convivência democrática, do respeito ao próximo, do pluralismo sadio e do debate político sereno.

“A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social”, diz a CNBB nessa cartilha. Guiando-se por ela, a Diocese de Jales lançou um folheto que conclama os eleitores a “uma participação mais consciente e responsável nas eleições”.

Esse folheto apresenta critérios para a escolha de bons candidatos, afirmando que os bons políticos são conhecidos especialmente por seus compromissos com a classe trabalhadora. Votar, então, em quem? Em quem “possui histórico de ações em favor dos mais necessitados: crianças, adolescentes, jovens, trabalhadores, idosos, sem teto e desempregados”.

Se o candidato postula a reeleição, que o eleitor tome em consideração como ele se posicionou nas reformas dos dois últimos anos, que prejudicaram a classe trabalhadora. O critério do candidato ser do município ou da região não é prioritário. O eleitor deve conhecer bem seu histórico de vida e seu programa de trabalho, e ver se tem lutado em favor dos trabalhadores e do bem comum.

Reconheçamos a importância do debate respeitoso sobre esse assunto em todos os ambientes, especialmente nas comunidades cristãs, afinal Cristo nos confia a vida em sociedade, afirmando que seus seguidores devem ser “sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-16). Ele mesmo atribui prioridade a essa missão, dizendo: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33).

O destino saudável do Brasil depende de nossa opção em defesa do que é verdadeiramente justo. Saibamos, então, fazer escolhas lúcidas nesta eleição, entendendo que estão em jogo, basicamente, dois projetos: um deles é da classe trabalhadora, em favor do bem comum. Se fizermos outra escolha sofreremos ainda mais. Por isso, estejamos atentos! Deus nos responsabiliza. Por Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales.
Créditos: CNBB

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Multinacionais já são donas de 75% das reservas do Pré-Sal

Como já era previsto, as petrolíferas estrangeiras fizeram a festa durante a 5ª Rodada de Licitação do Pré-Sal, onde arremataram mais de 90% dos 17,39 bilhões de barris de petróleo que foram leiloados. Fazendo a equivalência entre os R$ 6,82 bilhões que o governo arrecadou em bônus de assinatura e o valor atual do barril de petróleo, chegaremos a bagatela de R$ 0,34 o preço médio pago por cada barril do Pré-Sal leiloado.

Todos os quatro blocos ofertados pela ANP no leilão de 28/09/2018, foram arrematados em questão de minutos. A britânica Shell e a norte-americana Chevron levaram sozinhas o bloco de Saturno, na Bacia de Santos, o mais valioso, com reservas estimadas em 8,3 bilhões de barris de petróleo. A ExxonMobil (EUA), a BP (Reino Unido), a CNOOC (China), a QPI (Catar) e a Ecopetrol (Colômbia) dividiram os outros dois blocos da Bacia de Santos (Titã e Pau Brasil), enquanto a Petrobrás se contentou com o bloco de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos, o menos disputado.

Esse foi o quarto leilão de campos do Pré-Sal, no Regime de Partilha de Produção, que o governo Temer, sem a legitimidade das urnas, realizou em dois anos de golpe. Neste curto espaço de tempo, as petrolíferas estrangeiras abocanharam a maior parte das reservas do Pré-Sal brasileiro que foram licitadas. Ao todo, 13 multinacionais já se apropriaram de reservas equivalentes a 38,8 bilhões de barris de petróleo, de um total de 51,83 bilhões de barris que foram leiloados.  Juntas, essas empresas concentram 75% das reservas, onde são operadoras em seis dos 14 blocos licitados.

As britânicas Shell e BP já acumulam 13,5 bilhões de barris de petróleo em reservas do Pré-Sal. Mais do que a própria Petrobrás, que detém 13,03 bilhões de barris em campos leiloados nas cinco rodadas da ANP.  “É o pagamento do golpe. Ou alguém ainda tem alguma dúvida?”, indaga o coordenador em exercício da FUP, Simão Zanardi Filho, lembrando que, assim que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi aprovado no Senado, o Congresso aprovou imediatamente o projeto do senador José Serra (PSDB/SP), que, atendendo à promessa feita às petrolíferas estrangeiras, tirou da Petrobrás a exclusividade na operação do Pré-Sal e acabou com a obrigatoriedade da estatal ter participação mínima de 30% nos leilões. 

 “Essa foi a primeira de várias outras contas do golpe que foram pagas pelo povo brasileiro. Por isso, é fundamental elegermos um governo e um Congresso comprometidos com os interesses nacionais . Só assim, conseguiremos deter a entrega do Pré-Sal”, afirma Simão.
Créditos: FUP

Mais de 100 mil demitidos: a CLT foi destruída

Causa Operária - O fim da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), perpetuada pelos golpistas em novembro  do ano passado, mesmo com pouco tempo de práticas contra os trabalhadores e suas organizações, nos mostra sua verdadeira face através dos números atuais de demissões por “acordo”: 109.508 mil demitidos pela “modernização” escravocrata, segundo o Ministério do Trabalho. 

A imprensa burguesa, venal como sempre, trata do número assustador, e que na verdade revela a falta de estabilidade para a classe trabalhadora, como algo positivo. A “beleza” da situação toda, está no fato de que na “nova CLT”, o trabalhador que pede a demissão “nesses termos”, recebe metade das verbas trabalhistas apenas, além de seguir os ritos do contrato individual. 

Estar sendo extinto, por exemplo, o seguro-desemprego, pois agora tudo é feito pela pressão econômica do patrão, como anteriormente aos sindicatos serem organizados para usar a força contra a situação de escravidão que havia. Os casos onde os patrões oferecem salários miseráveis, condições de trabalhos absurdas, horários reduzidos para aumentar o lucro, e assim, o trabalhador tem que ter mais de dois ou três empregos, aumentam a cada dia. Sem contar que a mesma não serve ao “grande escalão” da sociedade.

Afinal, os chamados “acordos”, são muito bons para a burguesia, para os patrões, que não precisam mais negociar com as organizações operárias, os sindicatos, pagando as taxas mais básicas para manter uma dignidade mínima aos trabalhadores. 

Agora, os patrões que detém o controle econômico da sociedade, dominando os meios de produção, criando monopólios para destruir os pequenos negócio, além de pagar salários de fome – como já noticiado neste diário -, não precisam mais  pagar todas as antigas conquistas dos trabalhadores, estando livres para contratar funcionários por algumas poucas horas, sem 13º salário, sem férias remuneradas, sem todos os direitos conquistados com muito suor e sangue no último século e que eles destruíram com o golpe.
Créditos: Causa Operária

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Férias remuneradas e 13º estão em risco com eleição de Bossonaro

A economia brasileira poderia perder, de uma tacada só, cerca de R$ 300 bilhões anuais caso fosse aplicada a medida defendida pelo candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PSL), o coronel da reserva Hamilton Mourão (PRTB), de acabar com as férias remuneradas e o 13º salário.
A forte repercussão negativa forçou o candidato da extrema-direita a desautorizar as falas do vice no dia seguinte, por meio de nota oficial redigida ainda no Hospital Albert Einstein, onde se recuperava do ataque a faca sofrido no início de setembro. O candidato, porém, historicamente se posiciona contra os direitos dos trabalhadores.
Mas o valor relativo a esses direitos trabalhistas corresponde a 5,8% Produto Interno Bruto (PIB) e, sem ele, o impacto na geração de emprego e renda seria desastroso, inclusive para os empresários que a chapa de extrema-direita diz defender.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), nos últimos anos, o pagamento do abono de Natal injetou R$ 200 bilhões, em média, na economia. Só em 2017, foram 83,3 milhões de trabalhadores beneficiados. 
Em relação às férias remuneradas, pagas para cerca de 46,3 milhões de trabalhadores, o valor é de R$ 135,5 bilhões. E ainda tem o acréscimo do 1/3 do salário pago nas férias que eleva para R$ 180,7 bilhões o valor que é injetado na economia.
A batalha dos trabalhadores pelo direito ao 13º salário vem de décadas e só foi possível após muita mobilização e luta. 
Ela é uma reivindicação histórica dos trabalhadores e fez parte da pauta do movimento dos operários desde a década de 30 e foi aprovada em 1962, no auge das mobilizações em que a CGT reuniu sindicatos no Brasil inteiro organizando greves. E a gente vai ter mudanças nesta lei a partir a ditadura civil-militar. E hoje estamos numa grande encruzilhada em que setores ligados a essa ditadura que queria acabar com o 13º, mas não acabou. Agora essa ditadura militar revitalizada, com uma nova roupagem, querem tirar o 13º. É um absurdo um candidato a vice dizer uma coisa dessas. Um absurdo total", disse o historiador Bruno Mandelli.
A lei do 13º foi aprovada em julho de 1962, no governo João Goulart, mas sofreu investidas fortes dos empresários e da mídia. Com a ditadura militar, que começou em 1964, a lei do 13º foi alterada. "Já em 1965, a gente vai ter uma mudança na lei pelo presidente golpista Castelo Branco, que fez uma pequena mudança em relação ao texto anterior, dizendo que tem direito à gratificação todo o trabalhador com carteira assinada. Na lei do João Goulart, dizia que seria pago a todo trabalhador. A mudança coloca a questão da carteira assinada para limitar o pagamento do 13º", disse.
A questão do direito às férias remuneradas também tem um histórico de lutas operárias desde 1925, na República Velha, quando foi aprovada a primeira versão da lei com 15 dias de férias por ano. Entre 1931 e 1934, Getúlio Vargas revoga a lei das férias. O tempo de férias só aumentou para 20 dias em 1949. A regra atual dos 30 dias foi aprovada em 1977. Já o adicional de um terço do salários nas férias surgiu em 1988.
Acabar com as férias remuneradas e o 13º salário no Brasil seria uma tarefa muito difícil para o próximo governo, porque são duas regras que estão no artigo 7º da Constituição, dentro das cláusulas pétreas, que não poderiam ser mudadas. "Ele teria quer ter maioria no Congresso para aprovar uma emenda constitucional. Ele [o Congresso] já aprovou coisas muito impopulares, é verdade, mas tirar o 13º e as férias remuneradas é uma insanidade. É incogitável", disse Thiago Barison, advogado da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Por outro lado, há brechas na Constituição que permitem algumas mudanças bem negativas nas regras, como a redução do número de dias de férias ou o parcelamento do período, como de fato aconteceu na reforma trabalhista defendida por Bolsonaro. Já a redução do abono de um terço para as férias não corre risco de acontecer, uma vez que essa regra está explícita no texto constitucional.  Edição: Diego Sartorato.
Créditos: Brasil de Fato

sábado, 29 de setembro de 2018

5% mais ricos do Brasil detêm a mesma renda que os outros 95%

Segundo dados do Banco Mundial apresentados no relatório ‘A distância que nos une – Um retrato das desigualdades brasileiras’, se 40% dos mais pobres crescessem 2% acima da média de renda geral anual, ainda assim o mundo chegaria em 2030 com mais de 260 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema.
O estudo mostra que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Os 5% mais ricos da população recebem por mês o mesmo que os demais 95% juntos. O Banco Mundial registrou mais de 16 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no Brasil em 2017.
Durante o 2º Fórum da Rede do Bem, o coordenador de campanhas da Oxfam Brasil, Rafael Georges, falou sobre o trabalho desenvolvido pela organização. Em parceria com outras entidades, a Oxfam Brasil concentra esforços na redução das desigualdades conforme estabelecido nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Georges é cientista social, mestre em ciência política pela UnB e doutorando em ciências políticas na Universidade de Brasília (UnB). Além disso, é um dos autores do relatório ‘A distância que nos une’, publicado em 2017 com coordenação de Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Atualmente, o brasileiro que recebe um salário mínimo precisaria trabalhar durante 19 anos para ganhar o que uma pessoa que faz parte do 0,1% mais rico ganha em um mês. É uma diferença que, segundo Georges, não existe em outro país com dados disponíveis.
A desigualdade de renda no Brasil tem sexo e cor: a Oxfam afirma que na base da pirâmide estão as mulheres, que em 2015 ganhavam 62% do que ganham os homens, além da população negra, que no mesmo ano ganhava 57% do que ganham pessoas brancas.
“Os estudiosos vão tentando justificar porque os negros compõem os pobres no Brasil (…). A investigação sobre racismo é importante, mas precisa partir do pressuposto de como solucionar o racismo no país. Desde 2011 existe uma estagnação da equiparação salarial entre negros e brancos no Brasil”, diz Georges.
O cientista social apontou a relação entre o ODS 1 (Erradicação da pobreza) e o ODS 10 (Redução das desigualdades). “É impossível reduzir a pobreza, seja no Brasil ou no mundo, sem reduzir a desigualdade”. A Oxfam acredita que ações pontuais para erradicação da pobreza e combate à fome não sejam o suficiente. Para a organização, são necessários programas estruturados a longo prazo, além de políticas de fortalecimento dos estados. As desigualdades dentro dos países e entre as nações devem ser reduzidas para que a pobreza seja suprimida.
A Oxfam trouxe um questionamento sobre a impossibilidade de erradicar a pobreza com o modelo econômico que temos hoje, apresentando a necessidade de rever o modelo econômico para redução das desigualdades, e fazer com que a economia seja mais inclusiva. Por: Adriana Brandão. Foto: Pe. Djacy.