quarta-feira, 30 de maio de 2018

Desemprego e informalidade aumentam

A taxa de desemprego subiu para 12,9% no trimestre encerrado em abril, ante 12,2% em janeiro, segundo o IBGE. Nesse intervalo de três meses, são 723 mil desempregados a mais (crescimento de 5,7%), para um total estimado em 13,413 milhões, e 969 mil ocupados a menos (-1,1%). Na comparação com abril do ano passado, a taxa recua (era de 13,6% há um ano), mas apenas com aumento do trabalho informal. Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e foram divulgados na terça-feira (29).
O desemprego só não foi maior porque houve diminuição do número de pessoas na força de trabalho, ou seja, menos gente à procura de emprego (245 mil). O país tem estimados 90,733 milhões de ocupados, ante 91,702 milhões três meses atrás. 
Na comparação anual, 860 mil pessoas entraram no mercado (aumento de 0,8%), que abriu 1,495 milhão de vagas, crescimento de 1,7%. Com isso, o total de desempregados diminuiu em 4,5% em 12 meses (menos 635 mil).
Mas desse quase 1,5 milhão de postos de trabalho a mais, nenhum foi formal. O total de empregados com carteira assinada no setor privado (32,729 milhões) caiu 1,7% tanto no trimestre como em 12 meses (menos 567 mil e 557 mil, respectivamente). Já o número de empregados sem carteira (10,095 milhões), praticamente estável no trimestre, cresceu 6,3% em um ano, com mais 647 mil pessoas.
O trabalho por conta própria (23,025 milhões) também aumentou, segundo o IBGE: em comparação com abril de 2017, cresce 3,4% (acréscimo de 747 mil). Em relação a janeiro, a pesquisa mostra relativa estabilidade. Sobe ainda o número de empregadores e de empregados no setor público.
Entre os setores de atividade, nenhum cresceu no trimestre. A pesquisa apurou retração de 2,7% na construção (menos 186 mil empregados), de 2,5% no comércio/reparação de veículos (menos 439 mil) e de 2,7% no serviço doméstico (menos 172 mil). Na comparação com abril de 2017, a maioria mostra estabilidade, com alta na administração pública e em algumas categorias de serviços (como arte, cultura, esportes, informática) e queda na agricultura/pecuária. 
Estimado em R$ 2.182, o rendimento médio ficou estável nas duas bases de comparação. O mesmo acontece com a massa de rendimentos, calculada em R$ 193,013 bilhões. Foto: EBC.
Créditos: RBA

Petroleiros iniciam greve em refinarias, plataformas e terminais de todo o país

Resultado de imagem para PETROLEIROS INICIAM GREVE
 Funcionários da Petrobras iniciaram greve de 72 horas nesta quarta-feira em diversas refinarias, terminais e plataformas da Bacia de Campos, apesar de o Tribunal Superior do Trabalho (TST) na véspera ter declarado que o movimento dos petroleiros é ilegal, informaram sindicatos.
Na terça-feira, petroleiros afirmaram que a greve não deve trazer riscos para o abastecimento do país e que têm a responsabilidade de atender as necessidades básicas da população.
Além disso, a Petrobras conta com grandes estoques de combustíveis em suas refinarias para enfrentar o movimento, após os protestos de caminhoneiros reduzirem fortemente as saídas dos produtos das unidades desde o início da semana passada, disse à Reuters na terça-feira uma fonte da empresa.
A greve nacional tem como objetivo uma redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis. Também é contra a privatização da Petrobras e busca a saída do presidente da petroleira Pedro Parente, segundo sindicatos.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que os trabalhadores não entraram para trabalhar nas refinarias de Manaus (Reman), Abreu e Lima (Pernambuco), Regap (Minas Gerais), Duque de Caxias (Reduc), Paulínia (Replan), Capuava (Recap), Araucária (Repar), Refap (RS), além da Fábrica de Lubrificantes do Ceará (Lubnor), da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da unidade de xisto do Paraná (SIX).
Além disso, a FUP informou que também não houve troca dos turnos da zero hora nos terminais de Suape (PE) e de Paranaguá (PR).
"Na Bacia de Campos, as informações iniciais eram de que os trabalhadores também aderiram à greve em diversas plataformas. O movimento prossegue pela manhã, quando estão previstas paralisações nas demais bases do Sistema Petrobras", disse a FUP. Fonte: Reuters. Foto: Mídia Ninja.
Créditos: Brasil 247

Petrobras importa 82% do diesel dos EUA

 "O aumento expressivo das importações de derivados de petróleo sob o governo golpista de Michel Temer (MDB) tem sido o foco das críticas da oposição ao papel do governo no processo que levou às greves de caminhoneiros por todo o país", informa Cristiane Sampaio, no site Brasil de Fato.
"Os números indicam que os protestos estão corretos. A compra de gasolina junto a multinacionais, por exemplo, saltou 53% em 2017. Já a importação de diesel subiu 63,6 % no mesmo período. A participação dos Estados Unidos é central nesse processo: entre 2015 e 2017, as importações de diesel norte-americano dobraram, passando de 41% para 82% do total importado".
Créditos: Brasil 247

terça-feira, 29 de maio de 2018

Temer estuda aumentar impostos para dar subsídios aos empresários do transporte

Após o acordo, o governo já começa seus estudos de como fazer os trabalhadores pagarem por esses subsídios, aumentando impostos e reonerando a folha de pagamentos, respeitando religiosamente a Lei de Responsabilidade Fiscal, não mudando um dígito na sua política de preços para gasolina e gás de cozinha. Ou seja, garante que os valores retirados do diesel não toque um centavo dos lucros dos acionistas privados da Petrobrás, entusiastas com a política de preços a serviço da privatização da empresa.

Uma prova de que o movimento de caminhoneiros possui uma barreira em relação aos interesses populares, de modo que não passou de uma demagogia o seu discurso contra o aumento da gasolina e do gás de cozinha. Pelo contrário, quando tem como reivindicação o “combate a corrupção” na estatal, se colocam a serviço desses interesses privatistas, portanto são incapazes de se opor à política de preços. A única forma de limpar a casta corrupta do estado da Petrobrás, a serviço dos lucros imperialistas, e acabar com a política de preços de Temer é com uma Petrobrás 100% estatal controlada pelos petroleiros.

Uma mobilização, portanto, anti-popular, e que fortalece a candidatura de Bolsonaro quando suplica aos militares que derrubem o governo Temer, além de os receberem calorosamente mesmo sabendo que foram designados para acabar com o movimento e reprimir qualquer tipo de greve ou paralisação.

Quem pagará a conta será o próprio trabalhador. A CUT e o PT tem grande responsabilidade de terem traído há muito tempo a insatisfação com o governo Temer e sua política ainda mais subserviente ao imperialismo do que a de seus anos no poder. Impediram que se desenvolvessem greves gerais por todo um ano e que a classe trabalhadora se apresentasse como alternativa à crise nacional com uma política e programa próprios, abrindo uma avenida à direita. O movimento de caminhoneiros é expressão disso, o que torna ainda mais escandaloso o seu chamado à "greve de advertência" em petroleiros e em apoio a esse movimento reacionário que bloqueia as estradas.
Créditos: Esquerda Diário

Brasil tem mais de 100 mil pessoas em situação de rua

Brasil tem mais de 100 mil pessoas em situação de rua, aponta IPEA
Elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o ‘Texto para Discussão Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil‘ aponta que, em 2015, o país tinha 101.854 pessoas em situação de rua.

Só na cidade de São Paulo, um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) contabilizou 15.905 pessoas em situação de rua no ano de 2015.
Com o aumento do desemprego, que atinge atualmente 13,7 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e com a crise do país, é possível que o número de pessoas em situação de rua em São Paulo e em outras cidades já seja bem maior. Além disso, situações como a queda do edifício Wilton Paes de Almeida, onde havia uma ocupação, mostram a urgência de se debater o déficit habitacional da cidade de São Paulo.

CUT/Vox Populi: com 39%, Lula venceria no primeiro turno

Lula em São Bernardo
Com 39% das intenções de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria a eleição ainda no primeiro turno, segundo nova pesquisa CUT/Vox Populi, divulgada nesta segunda-feira (28).

Mesmo se houvesse segundo turno, Lula – preso há 52 dias em Curitiba – também derrotaria qualquer adversário.
Na pesquisa estimulada – em que os nomes são apresentados –, Lula tem 39%, ante 30% da soma dos adversários. Entre eles, Jair Bolsonaro (PSL), que aparece com 12%, Marina Silva (Rede), com 6%, Ciro Gomes (PDT), com 4%, Geraldo Alckmin (PSDB), com 3%, e Álvaro Dias (Podemos), com 2%.
Com 1% das intenções aparecem Henrique Meirelles (MDB), João Amoedo (Novo) e Manuela d´Ávila (PCdoB). Cinco pré-candidatos não pontuaram, de acordo com a pesquisa: Flávio Rocha (PRB), Guilherme Boulos (Psol), João Vicente Goulart (PPL), Rodrigo Maia (DEM) e Paulo Rabelo de Castro (PSC). O total dos que disseram não votar em ninguém, em branco ou nulos foi de 21%, enquanto 9% não sabem ou não responderam. A margem de erro é de 2,2%. Foram ouvidas 2 mil pessoas de todas as regiões, em 121 municípios.
Já na pesquisa espontânea, Lula aparece com 34%, ante 10% de Bolsonaro. Ciro e Alckmin têm 3% cada. Em seguida, vêm Marina e Joaquim Barbosa (que anunciou sua desistência), com 2%. Álvaro Dias tem 1%. Segundo o instituto, 5% disseram que votarão em outros candidatos, enquanto 25% falaram que não votarão em ninguém, ou em branco ou nulo, e 16% não sabem/não responderam.
O desempenho de Lula é melhor na região Nordeste, onde ele aparece com 56% das intenções de voto . Vai a 38% no Centro-Oeste, a 32% no Sudeste a a 31% no Sul, onde Bolsonaro tem 18%. O petista recebe 35% entre o público masculino e 43% no eleitorado feminino. No recorte por escolaridade, chega a 50% no ensino fundamental e cai pela metade no ensino superior. Também fica com 50% entre eleitores com renda de até dois salários mínimos. Entre os que ganham mais de cinco mínimos, a situação é quase de empate técnico: 23% a 18%.
Lula também venceria em qualquer simulação de segundo. Contra Marina, por exemplo, por 45% a 14%. Se o adversário fosse Alckmin ou Bolsonaro, o petista ganharia com 47% dos votos, ante 11% e 16%, respectivamente.
Créditos: Rede Brasil Atual

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Greve prossegue e desorganiza a vida dos brasileiros

DENILTON DIAS / O TEMPO
Embora o governo afirme que a greve foi encerrada, nenhum veículo de mídia – dessa vez – foi capaz de cravar que a greve acabou. Isso porque o movimento dos caminhoneiros se pulverizou e se transformou em um labirinto de humores diversos. A greve continua a desorganizar a vida do brasileiro nesta segunda-feira.
“A greve dos caminhoneiros não havia se encerrado até o fim da noite, aprofundando a desorganização da economia, embora vários trechos de rodovias tenham sido desbloqueados. Há desabastecimento generalizado de combustíveis nos postos de todo o país, aeroportos parados, funcionamento precário de alguns hospitais por falta de insumos e, em várias cidades, cancelamento de aulas nas escolas públicas hoje.
Em grupos de WhatsApp, motoristas planejam manter a paralisação até amanhã. Para complicar a situação, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) convocou greve por 72 horas a partir da quarta-feira, reivindicando a redução dos preços dos combustíveis e a demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente.”Leia mais aqui.
Créditos: Brasil 247

domingo, 27 de maio de 2018

Tarifa de energia elétrica vai ficar mais cara em junho

As contas de luz em junho terão bandeira tarifária vermelha no patamar 2, o maior entre as faixas tarifárias. Com isso, haverá cobrança extra nas contas de luz de R$ 5,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A cobrança da nova bandeira foi anunciada na sexta-feira (25) pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

De acordo com a Aneel, a decisão foi tomada em razão do fim do período chuvoso e a redução no volume dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Com isso, há a necessidade de usar energia produzida pelas usinas termelétricas, que têm maior custo de produção.

Em maio, vigorou a bandeira tarifária amarela, em que há adicional de R$ 1 na conta de energia do consumidor a cada 100 kWh consumidos. Nos quatro primeiros meses dos ano, vigorou a bandeira verde, em que não há cobrança extra na conta de luz.

Na terça-feira (22), o presidente da Aneel, Romeu Rufino chegou a afirmar que a tendência era de manutenção da bandeira amarela. Segundo Rufino não houve alterações relevantes nas condições que levaram a agência a adotar a bandeira amarela agora em maio.

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado, de acordo com a Aneel, para sinalizar aos consumidores os custos reais da geração de energia elétrica. A adoção de cada bandeira, nas cores verde, amarela e vermelha (patamar 1 e 2), está relacionada aos custos da geração de energia elétrica. No patamar 1, o adicional nas contas de luz é de R$ 3,00 a cada 100 kWh; já no 2, o valor extra sobe para R$ 5,00.

Com a adoção da bandeira vermelha, a Aneel aconselha os consumidores a adotar hábitos que contribuam para a economia de energia, como tomar banhos mais curtos utilizando o chuveiro elétrico, não deixar a porta da geladeira aberta e não deixar portas e janelas abertas em ambientes com ar condicionado, entre outros.
Créditos: R7

sábado, 26 de maio de 2018

Privatização e preço do combustível

Um grande protesto de caminhoneiros irrompeu nas principais rodovias do país no dia 21 deste mês e está mobilizando discussões Brasil afora. Os motivos do protesto são as sistemáticas altas no preço do combustível nos postos de gasolina, principalmente o diesel, que, no acúmulo de 12 meses, teve um aumento de 12% ao consumidor.

O movimento dos caminhoneiros autônomos reivindica que a alíquota do PIS/Pasep e o Cofins seja zerada e que haja a isenção do imposto que incide sobre combustíveis, o CIDE. A categoria reivindica que tais mudanças ocorram sobre o diesel, o principal combustível utilizado nos fretes e demais transportes de mercadorias. 

Ocorre que o preço do combustível está cada vez mais caro e pesado no bolso do consumidor por uma orientação política do setor petrolífero, e pouco tem a ver com a quantidade incidente de impostos. 

Essa política de isenção de impostos para o diesel, em última instância, significa transferir recursos públicos para subsidiar o preço final do combustível. 
Isso tudo tem um custo fiscal para o Estado e para a sociedade brasileira. Aliás, esses impostos (PIS/Pasep e Cofins) fazem parte de conjunto de impostos que são necessários às políticas sociais utilizadas amplamente pela população.
Créditos: Brasil de Fato

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Greve entra no 5º dia e aprofunda tensão no governo

Tomaz Silva/Agência Brasil
 Caminhoneiros prosseguem com mobilização em diferentes pontos de rodovias estaduais e federais. Mesmo com acordo – que não foi confirmado pela categoria – os caminhoneiros mantêm protestos em 15 estados e no DF.
O acordo anunciado pelo governo no final da noite de ontem não foi confirmado pelos líderes do movimento. Dilmar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos (CNTA), afirmou que, embora tenha assinado o documento de trégua de 15 dias, é a 'categoria' que precisa dar a palavra final.
Apesar de o governo ter anunciado o fim do movimento dos caminhoneiros, os líderes da categoria que assinaram o acordo estão reticentes e não asseguraram, ao final do longo e tenso dia de reuniões, no Planalto, que seus filiados voltariam ao trabalho nesta sexta-feira, liberando estradas e voltando a transportar as mercadorias. “Assumimos o compromisso e vamos repassar ainda hoje, na íntegra, para todos eles. 
Mas é a categoria que vai analisar e é o entendimento deles é que vai dizer se isso foi suficiente ou não. O que estou dizendo para eles é que chegamos aqui com duas reivindicações e saímos com 14 e houve uma sensibilidade do governo no atendimento às reivindicações”, declarou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos (CNTA), Dilmar Bueno, sem querer assegurar em momento algum que a categoria iria voltar às atividades nesta sexta.
As notícias manhã desta sexta confirmam o acordo de ontem à noite tinha fragilidades; o movimento dos caminhoneiros, ainda que parcialmente, não confia nas promessas do governo Temer e continua com a paralisação e os protestos.Leia mais aqui.
Créditos: Brasil 247

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Como é se aposentar no 1º país a privatizar a Previdência

BBC - Enquanto o Brasil busca mudar a Previdência para, segundo o governo Michel Temer, combater um rombo fiscal que está se tornando insustentável para as contas públicas, o Chile, o primeiro país do mundo a privatizar o sistema de previdência, também enfrenta problemas com seu regime.
Reformado no início da década de 80, o sistema o país abandonou o modelo parecido com o que o Brasil tem hoje (e continuará tendo caso a proposta em tramitação no Congresso seja aprovada), sob o qual os trabalhadores de carteira assinada colaboram com um fundo público que garante a aposentadoria, pensão e auxílio a seus cidadãos.
No lugar, o Chile colocou em prática algo que só existia em livros teóricos de economia: cada trabalhador faz a própria poupança, que é depositada em uma conta individual, em vez de ir para um fundo coletivo. Enquanto fica guardado, o dinheiro é administrado por empresas privadas, que podem investir no mercado financeiro.

Trinta e cinco anos depois, porém, o país vive uma situação insustentável, segundo sua própria presidente, Michelle Bachelet. O problema: o baixo valor recebido pelos aposentados. A experiência chilena evidencia os desafios previdenciários ao redor do mundo e alimenta um debate de difícil resposta: qual é o modelo mais justo de Previdência?

Como as reformas previdenciárias são polêmicas, impopulares e politicamente difíceis de fazer, não surpreende que essa mudança profunda --inédita no mundo-- tenha sido feita pelo Chile em 1981, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
De acordo com o economista Kristian Niemietz, pesquisador do Institute of Economic Affairs (IEA, Instituto de Assuntos Econômicos, em português), o ministro responsável pela mudança, José Piñera, teve a ideia de privatizar a previdência após ler o economista americano Milton Friedman (1912-2006), um dos maiores defensores do liberalismo econômico no século passado.
Hoje, todos os trabalhadores chilenos são obrigados a depositar ao menos 10% do salário por no mínimo 20 anos para se aposentar. A idade mínima para mulheres é 60 e para homens, 65. Não há contribuições dos empregadores ou do Estado.
Agora, quando o novo modelo começa a produzir os seus primeiros aposentados, o baixo valor das aposentadorias chocou: 90,9% recebem menos de 149.435 pesos (cerca de R$ 694,08). Os dados foram divulgados em 2015 pela Fundação Sol, organização independente chilena que analisa economia e trabalho, e fez os cálculos com base em informações da Superintendência de Pensões do governo.
O salário mínimo do Chile é de 264 mil pesos (cerca de R$ 1,226.20).
No ano passado, centenas de milhares de manifestantes foram às ruas da capital, Santiago, para protestar contra o sistema de previdência privado.
Como resposta, Bachelet, que já tinha alterado o sistema em 2008, propôs mudanças mais radicais, que podem fazer com que a previdência chilena volte a ser mais parecida com a da era pré-Pinochet.
De acordo com Niemietz, o modelo tradicional, adotado pela maioria dos países, incluindo o Brasil, é chamado por muitos economistas de "Pay as you go" (pague ao longo da vida, em tradução livre). Ele foi criado pelo chanceler alemão Otto von Bismarck nos anos 1880, uma época em que os países tinham altas taxas de natalidade e mortalidade.
"Você tinha milhares de pessoas jovens o suficiente para trabalhar e apenas alguns aposentados, então o sistema era fácil de financiar. Mas conforme a expectativa de vida começou a crescer, as pessoas não morriam mais (em média) aos 67 anos, dois anos depois de se aposentar. Chegavam aos 70, 80 ou 90 anos de idade", disse o economista à BBC Brasil.
"Depois, dos anos 1960 em diante, as taxas de natalidade começaram a cair em países ocidentais. Quando isso acontece, você passa a ter uma população com muitos idosos e poucos jovens, e o sistema 'pay as you go' se torna insustentável", acrescentou.
Segundo Niemietz, a mudança implementada pelo Chile em 1981 era apenas um exemplo teórico nos livros de introdução à economia.
"Em teoria, você teria um sistema em que cada geração economiza para sua própria aposentadoria, então o tamanho da geração seguinte não importa", afirmou ele, que é defensor do modelo.
Para ele, grande parte dos problemas enfrentados pelo Chile estão relacionados ao fato de que muitas pessoas não podem contribuir o suficiente para recolher o benefício depois --e que essa questão, muito atrelada ao trabalho informal, existiria qualquer que fosse o modelo adotado.
No Brasil, a reforma proposta pelo governo Temer mantém o modelo "pay as you go", em que, segundo economistas como Niemietz, cada geração passa a conta para a geração seguinte. Para reduzir o rombo fiscal, Temer busca convencer o Congresso a aumentar a idade mínima e o tempo mínimo de contribuição para se aposentar.
No parecer do deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da proposta, mulheres precisariam ter ao menos 62 anos e homens, 65 anos. São necessários 25 anos de contribuição para receber aposentadoria. Para pagamento integral, o tempo sobe para 40 anos.
De acordo com o especialista Kaizô Beltrão, professor da Escola de Administração Pública e de Empresas da FGV Rio, várias vantagens teóricas do sistema chileno não se concretizaram. Segundo ele, esperava-se que o dinheiro de aposentadorias chilenas poderia ser usado para fazer investimentos produtivos e que a concorrência entre fundos administradores de aposentadoria faria com que cada pessoa procurasse a melhor opção para si.
Ele explica que, como as administradoras são obrigadas a cobrir taxas de retornos de investimentos que são muito baixas, há uma uniformização dos investimentos. "A maior parte dos investimentos é feita em letras do Tesouro", diz.
Além disso, segundo Beltrão, "as pessoas não têm educação econômica suficiente" para fiscalizar o que está sendo feito pelas administradoras, chamadas AFPs (administradoras de fundos de pensão).
Essas cinco empresas juntas cuidam de um capital acumulado que corresponde a 69,6% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, de acordo com dados de 2015 da OCDE (Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica), grupo de 35 países mais desenvolvidos do qual o Chile faz parte.
As maiores críticas contra o sistema chileno se devem às AFPs, que abocanham grande parte do valor das aposentadorias das pessoas. De acordo com Beltrão, o valor pago às administradoras não é muito transparente, pois é cobrado junto ao valor de seguro em caso de acidentes.
A BBC Brasil perguntou ao especialista em desigualdade Marcelo Medeiros, professor da UnB (Universidade de Brasília) e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da Universidade Yale, qual modelo de previdência é o mais justo, o brasileiro ou o chileno.
"Justo ou injusto é uma questão mais complicada", disse. "O justo é você receber o que você poupou ou é reduzir a desigualdade? Dependendo da maneira de abordar esse problema, você pode ter respostas distintas."
De acordo com Medeiros, o que existe é uma resposta concreta para qual modelo gera mais desigualdade e qual gera menos desigualdade. "A previdência privada só reproduz a desigualdade ao longo do tempo", explicou.
O sistema "pay as you go" brasileiro é comumente chamado de "solidário", pois todos os contribuintes do país colocam o dinheiro no mesmo fundo, que depois é redistribuído.
Mas Medeiros alerta para o fato de que a palavra "solidária" pode ser enganosa, pois um fundo comum não é garantia de que haverá redução da desigualdade.
"Esse fundo comum pode ser formado com todo mundo contribuindo a mesma coisa ou ele pode ser formado com os mais ricos contribuindo mais", explicou.
"Além disso, tem a maneira como você usa o fundo. Você pode dar mais dinheiro para os mais ricos, você pode dar mais dinheiro para os mais pobres ou pode dar o mesmo valor para todo mundo", acrescentou.
Atualmente, o Brasil possui um fundo comum, mas tende, segundo o professor, a replicar a distribuição de renda anterior. "Ele dá mais mais dinheiro para quem é mais rico e menos para quem é mais pobre", disse.
"Se é justo ou injusto, isso é outra discussão, mas o sistema brasileiro replica a desigualdade passada no presente".
As diferentes maneiras de se formar e gastar um fundo comum deveriam ser, segundo Medeiros, o foco da discussão da reforma no Brasil, cujo projeto de reforma enviado ao Congresso mantém o modelo "solidário", ou "pay as you go". O pesquisador aponta que há quase um consenso de que o país precisa reformar sua Previdência. "A discussão é qual reforma deve ser feita."
No Chile, Bachelet já tinha em 2008 dado um passo rumo a um modelo que mistura o privado e o público: criou uma categoria de aposentadoria mínima para trabalhadores de baixa renda financiada com dinheiro de impostos.
Agora, ela propõe aumentar a contribuição de 10% para 15% do salário. Desse adicional de 5%, 3 pontos percentuais iriam diretamente para as contas individuais e os outros 2 pontos percentuais iriam para um seguro de poupança coletiva. De acordo com o plano divulgado pelo governo, a proposta aumentaria as pensões em 20% em média.
Bachelet também propõe maiores regulamentações para as administradoras dos fundos, em sintonia com as demandas dos movimentos que protestaram no ano passado. Um dos grupos, por exemplo, chama-se "No+AFP" (Chega de AFP, em português). Foto: Claudio Santana/AFP.
Créditos: BBC

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Alta dos combustíveis é fruto da política de desmonte da Petrobras no governo Temer

Protestos de caminhoneiros no país têm chamado a atenção para o custo dos combustíveis derivados de petróleo no Brasil, situação que o consumidor já vem sentindo cotidianamente. Nos últimos 12 meses, o preço médio da gasolina variou 18% para cima. Só em 2018, o crescimento foi de 3,37%. 

Assim como no caso recente do gás de cozinha, para especialistas ouvidos pela reportagem do jornal Brasil de Fato, a alta dos combustíveis está diretamente associada à política de preços instituída em 2016 pela nova gestão da Petrobras. Pela medida, a estatal abriu mão de controlar diretamente o preço, evitando variações inflacionárias, para determiná-lo de acordo com o preço do mercado internacional. 

Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), lembra que a recente decisão da companhia em baixar o preço da gasolina e do diesel nas refinarias não significa o fim da política de preços, que, segundo os próprios executivos da empresa, deve continuar. 

“Essa política tem consequências para a Petrobras. Quando ela pratica preços altos nas refinarias, ela viabiliza a importação por seus competidores e deixa suas refinarias ociosas. A política não beneficia a maioria dos brasileiros, que são consumidores diretos ou indiretos e também não beneficia a Petrobras, que tem se tornado uma exportadora de petróleo cru enquanto o país importa derivados de maior valor agregado”, critica. Segundo Coutinho, um quarto das refinarias estão ociosas. 

Para Cloviomar Caranine, analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e assessor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a atual política de preços da Petrobras tem um objetivo simples: o desmonte da própria companhia. Ao equiparar o preço doméstico ao internacional e viabilizar a importação, o governo busca atrair as petrolíferas estrangeiras para a aquisição das refinarias da estatal, que só operariam no Brasil ante a garantia de preços mais altos. Recentemente, a Petrobras anunciou que pretende vender quatro de suas unidades de refino.

“Vamos imaginar que o Brasil não produzisse nenhum litro de petróleo, nem refinasse nada. Nesse mundo, o Brasil importaria todo gás de cozinha, gasolina e diesel. O preço seria o mesmo que é hoje. No mundo real, o Brasil produz três milhões de barris, pode refinar dois milhões e meio e consome 2,7 milhões. Ou seja, o Brasil é praticamente autossuficiente. Por que ter paridade no preço internacional se você pode produzir esse bem? O que poderia acontecer agora era o país, na contramão do mundo, abaixar o preço”, diz. 

O preço, de acordo com Caranine, poderia ser reduzido de forma constante por conta do pré-sal, que tem garantido um petróleo de melhor qualidade ao país, o que gera menos custos para seu refino do que anteriormente. Para isso acontecer, entretanto, a Petrobras teria primeiro de voltar “a servir os interesses do povo brasileiro”, afirma o economista. 
Créditos: Brasil de Fato

terça-feira, 22 de maio de 2018

Projeção do PIB cai no 1º trimestre

 A divulgação na última semana do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) com queda de 0,13% para o primeiro trimestre, joga um "balde de água fria" nas expectativas mais otimistas do governo, que ainda prevê crescimento de 2,5% para o ano. Para o economista Guilherme Mello, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a tendência é que o Produto Interno Bruto (PIB) evolua próximo de 1%, assim como no ano passado. Mas o cenário internacional também pode trazer complicações. 
Ele ressalva que o IBC-Br é tido pelo mercado como uma projeção do PIB, mas a tendência é que o número seja confirmado posteriormente pelo IBGE – o resultado oficial sairá no dia 30 –, o que confirma o cenário de desaceleração. Em 2017, o balanço trimestral do PIB já apontavam diminuição no ritmo de crescimento, com elevação de 1,3% no primeiro trimestre, 0,6% no segundo, 0,2% no terceiro e 0,1% no último.
"No ano passado, o cenário externo ajudou. Neste ano, começou a complicar. É muito provável que a gente tenha um 2018 mais próximo de 2017, com crescimento entre 1% e 2%, mais próximo de 1%. Mas já vai ser diferente, porque, no ano passado, houve um começo com forte crescimento. Agora a 'largada' é muito ruim, desalentadora para qualquer previsão", diz Mello. 
Apesar de apostar em uma taxa de crescimento equivalente para este ano, Mello lembra que 2017 foi um ano "atípico", pois o crescimento foi puxado pela safra agrícola recorde e pela liberação extraordinária de recursos do FGTS e do PIS-Pasep, que impulsionaram o gasto das famílias, mas sem produzir um ciclo sustentável no consumo, que alavancasse a produção industrial e, por consequência, o emprego.
"Tudo isso é sintoma dessa pseudo recuperação que, na verdade, é uma estagnação em um nível muito baixo de produção e com uma qualidade muito baixa do crescimento e do emprego, com aumento da pobreza e queda da renda dos mais pobres. Essa ideia que estamos recuperando um crescimento sustentável cai por terra com os dados do primeiro trimestre."
Aliado à situação "extremamente dramática" do mercado de trabalho – com 27,7 milhões de pessoas desempregadas ou subutilizadas –, o economista lembra também da falta de crédito barato que poderia estimular o consumo. "Junte-se a isso o fato de que os bancos não estão emprestando, mantendo taxas de juros elevadíssimas. Sem renda e sem crédito, as pessoas não consomem."
As sucessivas elevações da taxa de juros nos Estados Unidos têm impactado na alta do dólar aqui no Brasil, o que pode ter impacto na inflação e comprometer investimentos. "Isso significa mais dólares saindo dos emergentes e voltando para os Estados Unidos. Significa uma moeda mais desvalorizada nos emergentes e o dólar mais valorizado", explica Mello.
Investidores com dívidas em dólar tendem a ficar mais "cautelosos" e planos de importações de máquinas e equipamentos tenderão a ser adiados, segundo o economista. O câmbio também pode impactar na elevação de preços de matérias primas e dos combustíveis, por exemplo. 
Essa fuga de dólares impactou mais duramente a economia argentina, que recorreu ao FMI após 15 anos. Mello afirma que o Brasil está relativamente "protegido" dos ataques especulativos por conta da crise no vizinho, devido às reservas internacionais acumuladas nos governos Lula e Dilma. Contudo, consequências deverão ser sentidas no comércio entre os dois países. 
No setor automobilístico, por exemplo, 76% das exportações de veículos têm como destino a Argentina, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "A Argentina é um destino grande das exportações de produtos brasileiros, o que pode afetar a produção e a retomada do emprego", assinala o economista.
Créditos: Rede Brasil Atual

Multinacionais sonegam quase R$ 2 trilhões por ano, diz estudo

 "A enorme complexidade das operações globais das multinacionais, junto com a vontade das big four [KPMG, PwC, Ernst & Young e Deloitte] para criar estruturas que separam a tributação dos lucros dos lugares em que realmente se desenvolve a atividade da empresa, levou a uma situação em que até mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece que as leis já não servem", diz Alex Cobham, diretor do Tax Justice Network, um grupo de ativistas que denuncia os abusos do sistema impositivo internacional, informa matéria de El País.
Seus especialistas fizeram contas. A sonegação fiscal das multinacionais deixa perdas de 500 bilhões de dólares (1,85 trilhão de reais) por ano no planeta e acende as luzes vermelhas. A Associação Internacional de Advogados chama essas manobras tributárias de uma violação dos direitos humanos.
Créditos: Brasil 247

Desemprego atinge um terço dos jovens brasileiros

Desde o início de 2016, a desocupação entre os brasileiros de 18 a 24 anos não fica abaixo da casa dos 24%. E, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, essa taxa vem até aumentando: passou de 25% no final de 2017 para 28,1% no primeiro trimestre deste ano. Com a recuperação tímida da economia, o desemprego ainda resiste e deixa marcas nos “filhos da crise” – a geração que chegou ao mercado quando as oportunidades de trabalho tinham sumido. 

No fim do ano passado, eram 4 milhões os jovens em todo o País que estavam sem uma ocupação. O número de ocupados como informais também cresceu mais entre esses brasileiros do que nas demais faixas etárias nos anos recentes, de acordo com análise da consultoria LCA a partir dos dados da Pnad. 

Com pouca experiência, esses jovens muitas vezes foram empurrados para o mercado de trabalho mais cedo, quando o desemprego atingiu os chefes de domicílio. A taxa de desocupação entre os principais responsáveis pela família mais que dobrou entre o quarto trimestre de 2012, primeiro ano da Pnad, e o fim do ano passado, indo de 3,5% para 7,4%, diz o economista Sérgio Firpo, do Insper.

Só na Grande São Paulo, dados do Dieese (que usa metodologia diferente do IBGE) mostram que a taxa de desocupação entre aqueles que têm entre 16 e 24 anos era de 37,4% em março – uma queda em relação ao mesmo mês de 2017, mas 14 pontos porcentuais acima do patamar de 2014, antes da recessão.
Créditos: Estadão

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Mortalidade infantil cresce, depois de 15 anos de redução

 Um enorme esforço do governo federal e da sociedade civil durante 15 anos para diminuir as taxas de mortalidade de bebês e crianças começa agora a ser desfeito, às custas do argumento do ajuste fiscal promovido pelo governo de Michel Temer. Depois de mais de uma década com quedas consecutivas, a taxa de mortalidade na infância (proporção de óbitos de menores de cinco anos para cada mil nascidos vivos) subiu 11% em 2016, em comparação com o ano anterior.
Os dados foram tabulados pela Fundação Abrinq, a partir de informações do Ministério da Saúde/DataSUS, IBGE e outras fontes oficiais. Seguindo as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a mortalidade na infância caiu de 30,1/para cada mil nascidos vivos, no ano 2000, para 14,3, em 2015.
"O enfrentamento foi significativo e o Brasil se tornou referência. As taxas vinham decrescendo, com exceção à mortalidade materna, com taxas ainda distantes (em relação aos ODS). A partir de 2015 há um declínio nas taxas de redução e, em 2016, uma tendência de crescimento, uma sinalização concreta de que estamos quebrando esse padrão de declínio com a perspectiva de aumento", diz a gerente-executiva da Fundação Abrinq, Denise Cesário.
Ela explica que o Brasil tem uma série de programas específicos para enfrentar a mortalidade na infância, e que o aumento agora constatado está relacionado aos cortes nos programas sociais feitos pelo governo Temer, aliado ao não prosseguimento de outras ações que se relacionam com o bem-estar da criança. Entre os programas que sofreram cortes, Denise Cesário destaca o Rede Cegonha, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) – que garante acesso à alimentação saudável de crianças pobres na pré-escola –, o Mais Médicos, o Bolsa Família, e a situação de quase extinção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
"A gente percebe que a redução do investimento e a retirada de programas específicos, acaba impactando no aumento da mortalidade infantil e da mortalidade na infância", afirma a gerente-executiva da Fundação Abrinq. "Isso indica que as famílias mais pobres são aquelas mais impactadas com a falta de investimentos em políticas sociais. Percebemos rapidamente o impacto destes indicadores em quem precisa do serviço básico de saúde, em quem precisa de uma série de programas e suporte para alimentação."
Denise Cesário explica que tais mortes estão relacionadas com cuidados no pré-natal, com a gestante e o bebê após o nascimento, destacando que os primeiros mil dias de vida (cerca de três anos) são considerados vitais para o desenvolvimento da criança. Entre os cuidados fundamentais está o próprio momento do parto, que deve ser de preferência normal, o período do aleitamento materno de no mínimo seis meses, o início da alimentação e a atenção ao calendário de vacinas.
"Precisamos estar atentos até os cinco anos (de idade) para que não ocorra a mortalidade na infância. Se tivermos toda essa atenção, vamos garantir o desenvolvimento", afirma. A gerente-executiva da Fundação Abrinq pondera que os dados de 2016 mostram um pequeno declínio na taxa de óbito até um mês de vida. O aumento dos "óbitos evitáveis" (aqueles que poderiam mais facilmente não acontecer) acontece em bebês de um mês até um ano de vida (mortalidade infantil), e entre um e cinco anos de idade (mortalidade na infância).
Entre os óbitos evitáveis, Denise Cesário cita o retorno de problemas que já haviam sido bem enfrentados pelo governo federal, como as mortes causadas por questões gastrointestinais, como diarreia, algo muitas vezes ligado ao saneamento básico e a qualidade da água usada para consumo humano.
A gerente-executiva da Fundação Abrinq ainda enfatiza os efeitos nocivos da Emenda Constitucional 95, que congela por 20 anos o orçamento do governo federal. "Tem impacto considerável, são questões bastante preocupantes. Sabemos que na crise o primeiro corte é na área social e quem mais sofre é a população mais vulnerável", afirma.
As escolhas políticas de Temer para enfrentar a crise econômica do país são duramente criticadas por Tereza Campello, economista e ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome do governo de Dilma Rousseff.
Sem meias palavras, ela define como "burra" a opção de cortar o investimento social no curto prazo e não levar em conta, a médio e longo prazo, o aumento do gasto na rede pública de saúde. "Custa menos você prevenir a desnutrição e a diarreia, do que tratar uma criança hospitalizada num leito de UTI. Então não é uma opção fiscal inteligente, racional, é ineficaz do ponto de vista da austeridade fiscal", afirma Tereza Campello.
Enquanto cortava nos programas sociais, a ex-ministra lembra que o governo Temer privilegiou o parcelamento e descontos de até 90% para micro e pequenos empresários em dívida com a União, por meio do Programa Especial de Regularização Tributária das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Refis). Escolha semelhante também foi feita com relação às dívidas de fazendeiros, atendendo demanda da bancada ruralista em detrimento do investimento em programas sociais. "Além de uma grande injustiça, é uma burrice fiscal", critica a ex-ministra.
Tereza diz que o país hoje assiste a volta de doenças que estavam controladas, como sarampo, sífilis, tuberculose e hanseníase. "O Brasil era pioneiro na redução de doenças como tuberculose e hanseníase, que agora voltam a crescer junto com a mortalidade infantil." Ela vincula o retorno da diarreia e da desnutrição à renda da população, além de relacionar o aumento de doenças respiratórias com o fim da Farmácia Popular.
"É um escândalo. Fecharam a Farmácia Popular, que distribuía de graça remédio pra asma! Isto vai ter impacto nas doenças respiratórias, como pneumonia e infectorespiratórias. Então essa família pobre, precarizada com o desemprego, precarizada com a reforma trabalhista, fica sem o remédio da asma. Você acaba com a Farmácia Popular e agora vai aumentar a hospitalização de criança com pneumonia. O impacto a médio e longo prazo é muito alto. Mesmo do ponto de vista fiscal, essa escolha é burra", critica a economista. Imagem: TV24.
Créditos: Rede Brasil Atual

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Papa critica ações da mídia e da Justiça que levam a golpes de Estado

Em missa na quinta-feira (17), no Vaticano, o papa Francisco, durante a homilia, criticou a utilização do método da intriga para dividir o povo, na vida civil e na política. "Criam-se condições obscuras" para condenar a pessoa, explicou, e depois a unidade se desfaz. Um método com o qual perseguiram Jesus, Paulo, Estevão e todos os mártires, e muito usado ainda hoje.
Sem citar o Brasil, ou outros países com passado recente de mudanças de governo por meio de mecanismos de exceção, Francisco afirmou que primeiro "a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas. Depois chega a Justiça, as condena e, no final, se faz um golpe de Estado".
Francisco lembrou a história do apóstolo Paulo, contra quem o povo grita sem nem mesmo saber o que está dizendo, com "os dirigentes" sugerindo o que gritar. "Esta instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje. Pensemos nisso.
Ele comparou com as intrigas que semeiam a divisão também nas comunidades paroquiais, "quando dois ou três começam a criticar o outro. E começam a falar mal daquele outro…", e afirmou que "a fofoca é uma atitude assassina, porque mata, exclui as pessoas, destrói a reputação". 
Imagem e informações do Vatican News.
Créditos: Rede Brasil Atual

Falta trabalho para 27,7 milhões de brasileiros

No Brasil, falta trabalho para um total de 27,7 milhões de brasileiros. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) trimestral divulgada na quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,7% no 1º trimestre de 2018, a maior da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. O contingente de subutilizados também é o maior já registrado pela pesquisa.

Esse número representa os trabalhadores subutilizados no país, grupo que reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas) e os que fazem parte da força de trabalho potencial (não estão procurando emprego por motivos diversos). No 4º trimestre de 2017, a taxa de subutilização da força de trabalho tinha ficado em 23,6%, reunindo 26,4 milhões de pessoas. Já a taxa média anual para 2017 ficou em 23,8%.

A taxa de desemprego subiu para 13,1% no 1º trimestre, atingindo cerca de 13,7 milhões de brasileiros, segundo já havia sido divulgado anteriormente pelo IBGE. As maiores taxas de desocupação foram registradas no Amapá (21,5%), Bahia (17,9%), Pernambuco (17,7%), Alagoas (17,7%) e Maranhão (15,6%). Já as menores em Santa Catarina (6,5%), Mato Grosso do Sul (8,4%), Rio Grande do Sul (8,5%) e Mato Grosso (9,3%). (G1).
Créditos: Focando a Notícia