RBA-A Prevent Senior é investigada por fraudar prontuários de pacientes que morreram de covid-19 e receberam o chamado “kit covid”, com medicamentos sem eficácia. De acordo com a denúncia, pacientes foram cobaias de um estudo sem autorização para testar a eficiência dos medicamentos.
Em seu depoimento na CPI, a advogada Bruna Morato também contou que foi procurada por pacientes, ainda neste ano, e os inúmeros relatos confirmaram as versões passadas pelos médicos. Na semana passada, o diretor da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, disse que havia consentimento dos pacientes e que a autonomia média era respeitada. A advogada, entretanto, desmente.
“Os pacientes davam o ok sobre o tratamento, mas não sabiam que seriam cobaias. Eles só sabiam que receberiam algum medicamento, mas o hospital não detalhava os riscos. Quando os pacientes retiravam os medicamentos ainda no hospital, eles assinavam um documento sem saber que era um termo de consentimento, pois era um termo era genérico”, afirmou a advogada.
De acordo com Bruna, a orientação na Prevent Senior para a prescrição do “kit covid” vinha da direção executiva. “É um protocolo institucional e os médicos não têm autonomia”, explicou. Ela acrescentou ainda que um dos diretores da Prevent, Felipe Calvaca, disse aos médicos que não era para informar os pacientes sobre o tratamento realizado. “A Prevent Senior tem hospitais próprios e por isso dava as orientações. É algo verticalizado.”
Ainda durante as perguntas do relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Bruna negou que os médicos da Prevent Senior tenham alterado uma tabela com número de mortes por Covid-19, em estudo realizado em hospital da rede – acusação feita pelo diretor Pedro Batista, na semana passada.
“Ele prestou uma informação equivocada sobre os nomes divulgados. Eu disponibilizei a tabela com o nome dos participantes e verifiquei os nove óbitos. Os nove mortos continuam falecidos. A CPI precisa investigar isso porque são pessoas que constam do Cadastro Nacional de Óbitos, mas ele disse que a paciente ainda está viva. Isso é uma situação atípica”, respondeu a advogada.
A representante dos médicos respondeu também sobre o caso específico do médico Anthony Wong, defensor do tratamento precoce, que morreu de covid-19, em janeiro, no hospital da Prevent Senior. Ela disse que teve acesso ao prontuário enviado pela própria operadora de saúde ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Bruna conta que, no prontuário, consta que Wong fez uso de hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina e colchicina. “Ele ficou internado numa unidade para pacientes cardiológicos, mas com covid-19. Ou seja, ele estava com pacientes com outras comorbidades. Ele passou por tratamentos com medicamentos do kit covid”, afirmou. Por Felipe Mascari/RBA. Créditos: Rede Brasil Atual