Homens submetidos à terapia de redução de testosterona devido a um câncer de próstata são duas vezes mais propensos a desenvolverem a doença de Alzheimer, segundo dados de um novo estudo.
Os andrógenos são hormônios masculinos que desempenham um papel essencial para estimular o crescimento das células da próstata. Como resultado, as terapias que suprimem a atividade de andrógeno são formas de tratamento comuns para combater esta forma de câncer. Apenas nos EUA, quase meio milhão de homens recebem a terapia de privação de andrógeno, em algum momento de suas vidas.
No entanto, os baixos níveis de testosterona podem enfraquecer a resistência ao envelhecimento do cérebro e à doença de Alzheimer, advertiram os especialistas. Homens que fazem terapia de privação de andrógeno (ADT) são duas vezes mais propensos a serem diagnosticados com a doença de Alzheimer nos anos seguintes ao tratamento, em relação àqueles que não se submetem à terapia, descobriram os pesquisadores.
Testes adicionais devem ser realizados para determinar o montante exato do aumento do risco, antes que quaisquer alterações sejam feitas para o tratamento do câncer de próstata, disse o principal autor da pesquisa, Dr. Kevin Nead, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA. “Considerando a já elevada prevalência da doença de Alzheimer em homens mais velhos, qualquer risco aumentado teria implicações importantes para a saúde pública”, completou.
Era sabido que reduzir drasticamente a atividade de andrógeno pode ter efeitos colaterais adversos. Estudos descobriram associações entre baixos níveis de testosterona e impotência, hipertensão arterial, obesidade, diabetes e depressão. Nos últimos anos, os estudos também ligaram a baixa testosterona a defeitos cognitivos. Os homens com a doença de Alzheimer teriam níveis de testosterona mais baixos do que os homens da mesma idade sem a doença.
Os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia e da Universidade de Stanford analisaram os registros médicos de milhões de pacientes, identificando 18.000 com câncer de próstata, sendo que 16.888 tinham câncer da próstata não metastático. No total, 2.397 pacientes de câncer de próstata tinham sido tratados com terapia de privação de andrógeno. As análises e conclusões foram publicadas na Journal of Clinical Oncology.
Comparando os grupos de tratamento, aqueles que passavam pela forma comum de combate apresentaram mais diagnósticos de Alzheimer nos anos seguintes da terapia de redução de andrógeno. Os pesquisadores determinaram que os que passavam pelo tratamento tinham probabilidade 88% maior de desenvolver a forma de demência. O tempo de tratamento também teve influência progressiva.
Os cientistas ainda não sabem exatamente como os baixos níveis de testosterona levariam a um aumento do risco de Alzheimer. No entanto, acredita-se que a testosterona tenha um “efeito protetor geral” nas células do cérebro. Como tal, a redução da testosterona pode causar uma queda de resistência cerebral aos processos que conduzem à demência.
“Além disso, baixos níveis de testosterona podem aumentar o risco de Alzheimer indiretamente, através da promoção de condições como diabetes e aterosclerose, que são conhecidos por predispor à doença”, concluíram os pesquisadores.
Créditos: Jornal Ciência
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