Não obstante todos os esforços internacionais, a situação na Faixa de Gaza não só não se acalmou como continua a agravar-se. No sábado de manhã, 17 de novembro, a aviação israelense bombardeou e destruíu completamente a sede do Hamas em Gaza.
Israel interditou os territórios fronteiriços com a Faixa de Gaza, proibindo que sejam cruzados por civis. O número de reservistas que podem ser recrutados em caso de invasão foi aumentado de 30 mil para 75 mil. Israel está concentrando tanques e unidades de elite do Exército junto a Gaza. Geralmente, tais medidas precedem uma invasão.
Entretanto, o Hamas continua a disparar mísseis contra Israel. Pela primeira vez nas últimas décadas, os mísseis atingiram Tel Aviv. As sirenes de alerta soaram ainda em Jerusalém.
A situação agravou-se bruscamente na quarta-feira, 14 de novembro, quando Israel matou, em um ataque aéreo, o líder do braço armado doHamas, Ahmed Abu Yabari. O Exército israelense continuou a bombardear Gaza a partir do ar em resposta aos disparos de mísseis por parte dos combatentes do Hamas. A reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada de emergência a 14 de novembro, não tomou nenhuma decisão.
Desde sexta-feira até ao meio-dia de sábado, tiveram lugar, praticamente de forma ininterrupta, conversações telefônicas entre o presidente dos EUA, Barack Obama, o presidente do Egito, Mohamed Mursi, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Por sua vez, os líderes da Rússia, França, Turquia, Alemanha e ONU, apelam ao cessar-fogo e à contenção quer da parte israelense, quer palestina.
“O Hamas e Israel deverão mostrar responsabilidade e fazer tudo para reduzir a tensão”, declarou em Londres o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague.
“Israel também tem responsabilidades em reduzir a tensão. Ele deve utilizar todas as possibilidades para tal. É também necessário observar todas as normas humanitárias internacionais e evitar vítimas entre a população civil. Foi precisamente quando Israel efetuou operações terrestres em conflitos passados, que perdeu boa parte do apoio e compreensão internacionais”.
Segundo os últimos dados, Israel já destruiu 800 alvos na Faixa de Gaza.
Morreram mais de 40 palestinos, na sua maioria mulheres e crianças. Os bombardeamentos e os preparativos em terra são semelhantes ao que aconteceu na última invasão de Gaza, em 2008-2009. Nessa altura, em resultado da operação Chumbo Fundido, foram mortos 1400 palestinos.
Os disparos de mísseis por parte do Hamas contra os territórios israelenses fronteiriços não começaram ontem, eles duram há anos. A duríssima reação verificada agora tem a ver com a situação política interna em Israel, com as próximas eleições, explica a analista Tatiana Nossenko, do Instituto de Estudos Orientais da Academia das Ciências da Rússia. Segundo ela, é muito possível que a operaçãoChumbo Fundido se venha a repetir.
“Em Israel haverá eleições em janeiro do próximo ano. A situação é semelhante à que existia em fins de 2008, princípios de 2009, na véspera das últimas eleições. Historicamente, os líderes de Israel tentam sempre na véspera de eleições causar boa impressão entre os eleitores”.
Um momento positivo é a visita planejada a Jerusalém e aos territórios palestinos, no início da próxima semana, do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Israel não deverá iniciar uma invasão enquanto ele estiver na região.
A escalada da tensão no Oriente Médio será discutida na segunda-feira, 19 de novembro, em Bruxelas, pelos ministros das Relações Exteriores dos 27 países da União Europeia.
A julgar pelas declarações dos EUA, eles colocam todo o fardo da responsabilidade pela regularização da situação nos ombros do presidente egípcio, Mohamed Mursi.
Os EUA, conforme declarou a representante oficial do Departamento de Estado, Victoria Nuland, deram claramente a entender que “o Egito exerce um papel-chave em todos os esforços para reduzir a tensão”. Mohamed Mursi e Barack Obama estão em permanente contato por telefone.
O líder egípcio enviou, em 16 de novembro, o seu primeiro-ministro, Hisham Kandil, à Faixa de Gaza para se encontrar com a direção doHamas.
O principal objetivo da missão era tentar convencer o movimento a pôr termo aos disparos de mísseis contra Israel. Lamentavelmente, o atual conflito decorre numa altura em que a situação no mundo árabe sofre grandes mudanças, após a Primavera Árabe. Esta radicalizou em muito o Oriente Médio. Por isso, quaisquer concessões que o Hamaspossa fazer não são suficientes para regularizar a situação.
VOZ DA RÚSSIA.
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