Formada por 63 universidades e seus 320 campi espalhados pelo país, a rede federal de ensino superior forma mão de obra altamente qualificada. E de seus laboratórios saem mais da metade de toda a pesquisa científica produzida no país. Essas instituições oferecem ainda serviços diretos à sociedade, como o atendimento à saúde por meio de clínicas e hospitais universitários. Em muitas localidades, esses equipamentos são os únicos com os quais a população pode contar.
Iniciada no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva e com muitas obras ainda em andamento, a expansão do sistema federal dobrou o número de vagas, reduziu a desigualdade no ingresso à universidade pública e ajudou a elevar o nível da produção científica brasileira, com mais vagas na pós-graduação acompanhadas de mais recursos.
Em meio à consolidação da expansão, porém, as universidades tiveram seu orçamento minguado a partir de 2014. De lá para cá, houve perdas de 50% dos recursos de capital (para obras e compra de equipamentos) e de 20% dos recursos de custeio, sem contar a inflação do período. "Há instituições que nem recebendo 100% do orçamento de 2017 terão condições de honrar todos os seus compromissos. Isso porque se trata de um orçamento menor quando comparado ao do ano anterior", afirma o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Zagury Tourinho, em entrevista à RBA.
Eleito novo presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em 28 de julho, Tourinho conclama a sociedade a se juntar à comunidade acadêmica na luta em defesa das universidades federais. "Nós gostaríamos de sensibilizar a todos para a importância disso, porque a população vai ser surpreendida lá na frente, quando perceber que essas instituições, fundamentais, não têm mais a capacidade que deveriam ter para atender às suas demandas."
É das mais difíceis pelas quais já atravessaram. Temos tido cortes recorrentes no orçamento desde 2015. E enfrentamos o contingenciamento na liberação dos recursos aprovados, que são inferiores ao dos anos anteriores. Nosso cotidiano na administração das universidades é escolher as despesas que serão pagas. Independentemente do esforço de melhoria da gestão e da priorização das ações, os recursos disponíveis são sempre insuficientes para cobrir todas as obrigações.
Os reitores estão muito preocupados com essa situação difícil, de escolher quais compromissos honrar. Há universidades em situação mais crítica, outras menos, mas todas com dificuldades enormes. Há instituições que nem recebendo 100% do orçamento de 2017 terão condições de honrar todos os compromissos, já que é um orçamento menor quando comparado ao ano anterior. Sem falar no que foi perdido com a inflação. Nós não temos um orçamento folgado, em que possamos nos ajustar a qualquer redução que vier. Fazemos um grande esforço de gestão para aproveitar tudo o que dispomos depois dos cortes e contingenciamento.
Créditos: Rede Brasil Atual
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.