A República Democrática do Congo assiste a uma assustadora escalada da violência, que pelos números e pela intensidade dos combates, poderá se transformar na principal crise no continente africano, alertou a ONU, que fala da existência de uma “limpeza étnica” em andamento no país.
O UNICEF fala de 85 mil crianças deslocadas. Crimes contra a humanidade são cometidos tanto pelos soldados governamentais como por milicianos rebeldes, denuncia o organismo com sede em Nova Iorque. O conflito no país teve início em agosto de 2016, opondo populações tribais locais e o governo central de Kinshasa, considerado pelos primeiros como ilegítimo.
O mandato do Presidente Joseph Kabila expirou em dezembro de 2016 e desde então a rebelião contra o governo não parou de aumentar. Kabila já completou dois mandatos presidenciais e não é mais elegível, segundo a Constituição. Todavia, não obstante o Acordo de São Silvestre, recusa-se a convocar novas eleições, afirmando que a existência de muita tensão no país impediria o desenvolvimento pacífico do voto. As contendas políticas acabaram transformando-se em violência após a morte de Jean-Pierre Bandi - líder tribal de uma das províncias do Kasai – numa ação do exército regular.
Os combates já provocaram a morte de mais de 3.300 pessoas, segundo estimativas de uma ONG humanitária. Povoados inteiros foram destruídos. 52 fossas comuns foram descobertas e 400 mil crianças sofrem de má-nutrição. Ademais, cerca de 1,3 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas, a tal ponto que o país passou a ser considerado como aquele com o maior número de deslocados e refugiados no continente.
Os civis fogem em direção ao sul, principalmente Angola, onde já chegaram 40 mil deslocados. No final de junho as vítimas eram 3.383. Os ataques contra as instituições públicas por parte das milícias irregulares, assim como a execução sumária de funcionários estatais são cada vez mais frequentes.
Para piorar a situação, com o passar das semanas o conflito está assumindo dimensões étnicas. A ONU acusou publicamente o exército regular de Kinshasa de ser o principal responsável.
O conflito se acentuou depois que dois funcionários das Nações Unidas foram encontrados mortos. Segundo algumas fontes jornalísticas, eles teriam sido mortos pelos militares exatamente quando estavam documentando as fossas comuns abertas pelo exército regular.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos fez uma advertência há poucos dias ao Presidente Joseph Kabila, para que “intervenha imediatamente para impedir a propagação da violência” e “para respeitar a obrigação de proteger toda a população, independente da etnia de pertença, na região de Kasai”.(Do L’Osservatore Romano). Foto: AP.
Créditos: Rádio Vaticano
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