O testamento político de Hugo Chávez foi cumprido, o seu fiel correligionário Nicolás Maduro foi eleito presidente da Venezuela. Os peritos explicaram em entrevistas à Voz da Rússia o que o levou à vitória e qual será a partir de agora o rumo da República Bolivariana.
Com uma vantagem de 1,5 por cento, as eleições presidenciais venezuelanas foram ganhas pelo líder do Parido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) Nicolás Maduro, que se tornou presidente interino depois da morte de Hugo Chávez. Numa situação de divisão do eleitorado venezuelano em dois campos opostos, as tendências socialistas prevaleceram. Segundo referiu a presidente do Comitê Russo de Cooperação com os Países da América Latina, Marina Vasilieva, Maduro deve a vitória ao seu carismático antecessor:
“Durante a presidência de Hugo Chávez, o povo venezuelano obteve aquilo que nunca conheceu – benefícios sociais completamente novos na história do país. Passou a ter saúde e educação gratuitas, a possibilidade de obter um emprego e garantias sociais. Por isso, é completamente natural que o povo da Venezuela tenha escolhido a continuidade dessa política.”
Outra das componentes da vitória eleitoral de Maduro foi a desconfiança da maioria do eleitorado relativamente aos métodos de mercado na governação do país, considera o editor principal da revista Latinskaya Amerika (América Latina) Vladimir Travkin:
“As eleições demonstraram que a política social também é defendida pela base eleitoral de Capriles, o qual falou na necessidade de aumentar o nível de vida, de lutar contra a criminalidade e contra a corrupção. O mesmo dizia Maduro. Capriles apenas propunha outros métodos. Ele propunha chamar empresários privados à governação do país e introduzir no país mais relações de mercado.”
O candidato vencido Henrique Capriles se recusou reconhecer os resultados das eleições presidenciais e insiste na recontagem dos votos. Esse tipo de reação por parte do lado que perde a eleição também acontece em outros países, mas no entanto, na opinião de Vladimir Travkin, não se deve dar demasiada importância às declarações de Capriles:
“É preciso referir que na Venezuela o sistema de contagem de votos funciona bem, ele é computadorizado e muito difícil de quebrar. Ou seja, é quase impossível falsificar os resultados seja qual for o lado que o tente. Outro argumento a favor da vitória de Maduro é a pequena diferença. Se tivesse querido falsificar os resultados, iriam “aumentar” a diferença e torná-la mais expressiva.”
De qualquer das formas, a equipe de Maduro não deve baixar os braços. Na opinião do responsável pela cátedra de economia mundial e relações internacionais do Instituto de Negócios e Direito Internacionais, Victor Kheifets, apesar da derrota, a oposição venezuelana irá continuar a receber o apoio político dos EUA:
“Os EUA teriam ficado mais satisfeitos com uma vitória do representante da oposição, mas tradicionalmente os norte-americanos não apoiam uma só força. E eles têm também, com certeza, contatos com o partido no poder na Venezuela. Mas eu penso que eles irão continuar a apoiar Capriles. Em primeiro lugar, ele demonstrou bastante boas potencialidades. A importância nem é tanto de a oposição ter perdido por uma pequena margem, mas por ter demonstrado um crescimento em indicadores absolutos. Em comparação com as eleições de outubro de 2012, o seu resultado aumentou em 700 mil votos.”
Depois da eleição de Nicolás Maduro, as empresas russas poderão respirar de alívio. Na opinião dos peritos, os contratos nas áreas do fornecimento de armamento e da indústria petrolífera, assinados entre Moscou e Caracas durante a presidência de Hugo Chávez, não irão sofrer alterações por parte da nova administração venezuelana.
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