A trabalhosa procura por essa poderosa estratégia acaba de ganhar fôlego. Pesquisadores da Imperial College, em Londres, descobriram uma classe de anticorpos que poderão ser usados sozinhos e combater todas as formas de dengue.
Com essa nova informação sobre o vírus da dengue, os cientistas desenvolveram uma classe de anticorpos monoclonais altamente potente e amplamente reativa. Em testes de laboratório, descobriram que eles reconheceram o epítopo e eficientemente neutralizaram os vírus em células de insetos e humanos, impedindo que a infecção ocorresse.
Hoje, o reconhecimento por anticorpos de partículas do vírus é dificultado por mudanças dramáticas no momento de encapsulamento do ciclo de vida do patógeno. “Existe uma necessidade urgente para compreender, portanto, a resposta imune humana naturalmente adquirida contra o vírus e a resposta após a vacinação”, afirma Screaton.
A pesquisa da Imperial College tornou o desenvolvimento desses anticorpos uma meta realista em direção a uma futura vacina universal contra a doença. “A descrição aqui desses anticorpos potentes e de reação cruzada (que protege contra os quatro tipos virais) indica um caminho para o desenvolvimento de subunidades de vacinas contendo o epítopo desejado e, possivelmente, estratégias para recapitular respostas observadas em infecções naturalmente sequenciais”, completa o imunologista.
Estratégia inédita
Esse é o primeiro relato de um anticorpo capaz de neutralizar todas as quatro formas de dengue. Anualmente, são estimados 400 milhões de casos da doença no mundo, sendo que cerca de um quarto deles é sintomático. Há evidências epidemiológicas de que a versão grave ocorre mais regularmente numa segunda infecção por um outro sorotipo. A dengue hemorrágica leva a choque, hemorragia e morte.
Esse é o primeiro relato de um anticorpo capaz de neutralizar todas as quatro formas de dengue. Anualmente, são estimados 400 milhões de casos da doença no mundo, sendo que cerca de um quarto deles é sintomático. Há evidências epidemiológicas de que a versão grave ocorre mais regularmente numa segunda infecção por um outro sorotipo. A dengue hemorrágica leva a choque, hemorragia e morte.
Segundo o professor do Departamento de Medicina Clínica e do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Anastácio de Queiroz Sousa, um dos grandes desafios atuais é a proteção universal. Não há vacinas disponíveis para nenhum dos tipos virais da dengue. “Foi produzida recentemente uma vacina (contra os quatro tipos) que, apesar de proteger um percentual importante de pessoas, está muito longe do desejado. Se considerarmos todas as faixas etárias, essa proteção é de até 64%”, detalha o também membro do Comitê de Doenças Emergentes da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Sousa considera que, ainda sendo um resultado bom, ter quase 40% da população desprotegida é preocupante. A grande vantagem do trabalho londrino, segundo ele, é ter encontrado um anticorpo que neutraliza todos os tipos do vírus. O especialista observa que os testes para segurança e eficácia da vacina e, posteriormente, o desenvolvimento em grande escala dela estão distantes, mas ressalta que a descoberta divulgada já é um avanço considerável nessa direção.
“Há uma possibilidade muito grande porque eles já perceberam isso em laboratório; e há uma perspectiva muito positiva desses autores, considerando uma doença que não tem vacina e que as que estão em últimos testes estão longe da proteção que gostaríamos.” Sousa afirma que dificilmente poderemos esperar imunizantes tão eficazes para a dengue como para outras doenças virais, com cerca de 95% de proteção. “A intenção deve ser que o corpo humano, ao ser estimulado, produza os anticorpos monoclonais que estão presentes contra quase todos os vírus, bloqueando a multiplicação e chegando à neutralização.”
Avanço médico
Pertencem a uma classe terapêutica relativamente nova, e o desenvolvimento deles constitui um dos maiores avanços da última década no tratamento de diversas doenças, como infecção por ebola e alguns tipos de câncer. Os anticorpos monoclonais, ou mAb, surgem a partir de um único linfócito B, que é clonado e imortalizado, produzindo sempre os mesmos anticorpos em resposta a um patógeno. Esses anticorpos apresentam-se iguais entre si em estrutura, especificidade e afinidade, ligando-se, por isso, ao mesmo epítopo no antígeno.
Detalhada volta do Aedes ao Brasil
Pertencem a uma classe terapêutica relativamente nova, e o desenvolvimento deles constitui um dos maiores avanços da última década no tratamento de diversas doenças, como infecção por ebola e alguns tipos de câncer. Os anticorpos monoclonais, ou mAb, surgem a partir de um único linfócito B, que é clonado e imortalizado, produzindo sempre os mesmos anticorpos em resposta a um patógeno. Esses anticorpos apresentam-se iguais entre si em estrutura, especificidade e afinidade, ligando-se, por isso, ao mesmo epítopo no antígeno.
Detalhada volta do Aedes ao Brasil
Pesquisadores acreditam que descobrir a forma como o Aedes aegypti — transmissor da dengue, da febre amarela e do recente vírus da chikungunya — migra pode ser a chave para a erradicação dele. Para entender esse movimento, porém, é necessária uma abordagem histórica. Um estudo publicado por Fernando Monteiro, do Laboratório de Epidemiologia e Sistemática Molecular do Instituto Oswaldo Cruz, na revista PLOS Neglected Tropical Diseases, aponta como os insetos retornaram para o Brasil após serem erradicados na década de 1950.
A pesquisa foi feita a partir da análise de trechos de DNA de cerca de 400 insetos capturados em 11 cidades das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, além da comparação com mais de 300 mosquitos de oito localidades estrangeiras. Monteiro analisou a genética dos insetos no país e observou que os do norte teriam vindo de uma região entre a Venezuela e os Estados Unidos. Os do Nordeste e do Sudeste brasileiro, do Caribe (veja mapa).
O trabalho é fruto de uma parceria com o autor-sênior do artigo, Jeffrey Powell, da Universidade de Yale. “A grande vantagem de ter ido ao laboratório em Yale foi que todas as informações das amostras brasileiras puderam ser comparadas diretamente com as geradas por eles para as américas do Norte, Central e do Sul”, diz Monteiro. Entre as conclusões mais importantes, está a indicação de que o programa da década de 1950 para conter o mosquito da dengue no Brasil foi eficiente.
Ao fazer um controle que não é 100% eficaz, sobram insetos. As populações dessa área ficam, então, pobres em variabilidade, porque o inseticida mata a maior parte desses bichos e os poucos que restam cruzam entre si. “Quando você genotipa os mosquitos e percebe a alta variabilidade, como acontece no Brasil, quer dizer que eles foram introduzidos de outras populações.”(Fonte: (Terra)
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