Os anunciados programas de demissão voluntária (PDVs) na Caixa Econômica Federal e na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, para cortar no mínimo 16 mil funcionários, vão prejudicar ainda mais a prestação de serviços, afirmam representantes dos trabalhadores. Ainda não oficializados, os programas deverão ser implementados nos próximos dias – no caso dos Correios, já houve autorização para a abertura.
Diretor da Fentect, federação nacional dos trabalhadores na ECT, José Gonçalves de Almeida, o Jacó, lembra que PDVs abertos nos últimos três anos resultaram na saída de aproximadamente 9 mil funcionários – de 126 mil para os atuais 117 mil –, sem a devida reposição de pessoal. "Esse tipo de plano vai piorar a prestação de serviços", afirma, acrescentando que o setor de distribuição, entre outros, mostra problemas e atrasos em entrega de correspondência.
Segundo o jornal Valor Econômico, em fevereiro ou março haverá aumento das tarifas postais. O presidente dos Correios, Guilherme Campos, ex-deputado pelo PSD paulista, fala em necessidade de reajuste de 5,83%, devido à falta de repasse da inflação em anos anteriores. Ontem (4), Campos se reuniu com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Para Jacó, a ECT, com resultados financeiros negativos, poderia buscar alternativas de redução de custos que não incluíssem corte de mão de obra. "O último concurso que a empresa fez foi em 2011", afirmou. Ele vê em curso um "processo de desmonte", com a entrega de parte dos serviços para operadores privados. Cita a Lei 12.490, de 2011, criada a partir da Medida Provisória 532, que possibilita a criação de subsidiárias. Sindicalistas tiveram reunião recentemente com o presidente da empresa, mas a conversa não avançou: "Eles estão irredutíveis".
A assessoria dos Correios informou que o chamado Plano de Desligamento Incentivado foi aprovado em 29 de dezembro pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), do Ministério do Planejamento. O conteúdo está sendo analisado pela área jurídica da empresa, que espera economizar de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão/ano.
Em 14 de novembro, os Correios cancelaram reunião de abertura de seleção pública para escolha de parceiro no Banco Postal por falta de interessados. Em 5 de dezembro, a empresa renovou acordo com o Banco do Brasil, por 36 meses, admitindo possibilidade de encerramento antes desse prazo.
Já a Caixa Federal aguarda autorização para abrir um PDV com objetivo de atingir de menos 8 mil a 10 mil funcionários, de um total aproximado de 95 mil. Além disso, o banco estaria planejamento o fechamento de mais de 100 agências, que seriam substituídas por postos de atendimento ou correspondentes.
"Nossa preocupação é com o futuro da empresa", diz o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira. "Qual o atendimento que a Caixa, um banco 100% público, vai dar à população brasileira, que são seus verdadeiros donos? É uma sinalização horrível para os empregados que ficam e para a sociedade", acrescenta, afirmando que a "política reducionista" do banco também vai piorar as condições de trabalho. Desde 2014, a Caixa fechou aproximadamente 6 mil vagas.
"Há falta de gente, sobrecarga de trabalho, adoecimento de empregados. E a Caixa vem com desligamento", critica Jair, para quem o atual governo promove uma "mudança brusca" na visão sobre o papel do Estado. "Está muito explícito, de um modelo de inclusão para um sinal totalmente inverso." Ele lembra do papel social do banco na implementação de políticas públicas: "Quando eu diminuo o papel dela, diminuo as políticas. A Caixa tem capilaridade, está praticamente em todos os municípios."
Créditos: Rede Brasil Atual
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