Os reajustes de até 35,7% no Bilhete Único Mensal e nas integrações entre ônibus municipais e o sistema de trens e Metrô, anunciados pelo prefeito de São Paulo, João Doria, e o governador paulista, Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, vão atingir cerca de 23 milhões de passageiros por mês na capital paulista. Segundo dados da São Paulo Transporte (SPTrans), que administra o sistema municipal de ônibus, em 2016, a média mensal de usuários que pagaram tarifas integradas (comum ou mensal) foi 13,1 milhões. Os outros 10 milhões usam o bilhete mensal comum, vale-transporte ou estudante todo mês.
O sistema municipal de ônibus recebe, em média, 120 milhões de passageiros pagantes por mês. Outros 69,6 milhões são estudantes, deficientes físicos, idosos ou profissionais com direito à gratuidade. O sistema contabiliza ainda 60,7 milhões de integrações entre ônibus, que não proporcionam receita. Segundo dados da SPTrans, a receita tarifária atualmente está em R$ 5,3 bilhões anuais. O restante que falta para manter o sistema – cerca de R$ 2 bilhões – é investido pela prefeitura na forma de subsídios.
O reajuste das integrações foi a “solução” do prefeito e do governador para manter congelada a tarifa básica em R$ 3,80. O Bilhete Único Mensal, criado pela gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) com objetivo de baratear o deslocamento de quem realizava mais de 38 viagens por mês, vai passar de R$ 140 para R$ 190. Um aumento de 35,7%, que deixa o modal inútil para quem fizer menos de 51 viagens por mês.
Já o modelo mensal para integração entre ônibus e o sistema de trens e Metrô vai subir de R$ 230 para R$ 300 – reajuste de 30,4%. A inflação acumulada desde o lançamento do bilhete, em janeiro de 2015, foi de 26,6%.
A integração entre os ônibus e sistema metroferroviário será reajustada dos atuais R$ 5,92 para R$ 6,80, a partir da próxima segunda-feira (8). Um aumento de 14,8%, bem acima dos 6,4% da inflação projetada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os usuários do Bilhete Diário – que permite integrações ilimitadas durante 24 horas – vão pagar R$ 15, ante os atuais R$ 10 (50%). E o modelo integrado vai de R$ 16 para R$ 20 (33%). Além destes, também serão atingidos pelas medidas os usuários do bilhete Madrugador e Da Hora, exclusivos do Metrô e dos trens.
O corte de gratuidade para idosos com idades entre 60 e 65 anos, que não estejam aposentados, também vai impactar uma parcela dos usuários do sistema, mas ainda não foi divulgado o número de benefícios que serão cancelados. Durante a gestão Haddad, o benefício obrigatório para maiores de 65 anos foi estendido para pessoas a partir de 60 anos.
Protestos
O Movimento Passe Livre (MPL) está organizando uma manifestação para o dia 12, contra o reajuste da tarifa de integrações e do bilhete mensal proposto por Alckmin e Doria. “Não é nenhuma surpresa que eles tenham prometido o congelamento das tarifas em 2017 e agora anunciem o aumento: o compromisso desses senhores não é com a população, e sim com aqueles que financiam suas campanhas e sustentam suas máfias e cartéis. Dissimulados e covardes, Alckmin e Doria aumentam a tarifa pelas bordas, tirando cada vez mais dinheiro da população que precisa se deslocar pela cidade”, diz a convocatória do ato, nas redes sociais.
Além da capital paulista, o Passe Livre está organizando manifestações contra o aumento das passagens em Carapicuíba, Guarulhos, Santo André, Barueri, Osasco e Mauá, todas na Região Metropolitana de São Paulo. Foto: RBA.
Créditos: Rede Brasil Atual
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